20 de abril | 2014

Drogas: Um grave problema social

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Ivo de Souza

Não sou dos que comungam da terrível (e triste) idéia de que os filhos “aprendem a mentir, a usar drogas,a traficar, etc.” na escola. Não creio, absolutamente, que uma escola, em sã consciência, ensinaria essas barbaridades aos seus educandos (e não somente eu; creio que ninguém possa, pelo menos, admitir que isso um dia ocorra). Ou somos todos, os que pensamos assim, muito inocentes, ou, então, o mundo (os homens, na verdade) está mesmo de cabeça para baixo: prontinho para explodir: não tem salvação mesmo – essa contestação não implica imobilidade dos agentes que devem combater as mazelas do planeta. Não como salvadores dos jovens que dependem (são reféns) da droga (e aqui incluo o álcool  e o cigarro) para, tristemente, estar no mundo. Infelizmente, muitas vezes, pagam com a própria vida o seu “desconforto” do mundo.

É evidente a influência do meio sobre o homem, principalmente sobre os jovens, que são mais vulneráveis à força nefasta do ambiente. Seria, como poderiam pensar alguns, o ambiente escolar nocivo aos jovens, justamente o meio que deve educar, ensinar valores positivos, dar exemplos (muito mais que palavras), transformar a vida do aluno?

E o velho chavão de que a escola tem de ensinar e não educar já não faz (fez algum dia?) mais sentido. Professores têm sim obrigação de contribuir para  a educação, para o crescimento ético, intelectual e social do educando (além de “passar” o bendito conteúdo) – enquanto a escola brasileira for só conteudista, continuará a (feito caranguejo) patinar, não sei onde, e a marcar passo, sem sair do lugar: um passo adiante, dois para trás. À educação “de berço” deve-se associar a educação escolar. E não é só a família é só a escola que devem educar, mas a própria sociedade e o próprio Estado têm esse dever.  A educação  é um processo continuo. E não tem prazo para terminar (não tem fim). A criança e o jovem podem e devem ser educados na igreja, na escola, no trabalho, na prática esportiva, enfim, em todos os lugares.

A questão central, realmente, não é procurar culpados, promover a caça às bruxas, mas encontrar soluções para atender os dependentes químicos e seus familiares, de forma digna, humana, cristã. Nem um jovem é drogado porque quer, porque acha uma boa. Podem até achar um barato por algum tempo; antes da dor, do sofrimento, de outras doenças físicas e psicológicas, a droga ilude muito bem. Depois… São doentes e precisam de tratamento adequado a um doente, uma casa que os acolha, os abrigue) e, principalmente, profissionais (especia­liza­dos) competentes nas diversas áreas médicas para que se alcance algum resultado positivo. Caso contrário, ratifico aqui, continuaremos a patinar na lama do vicio desses infelizes.

Quando escrevemos ou falamos ao público, as generalizações são sempre impróprias. Quem generaliza sempre comete equívocos, incorreções , radicalizações. O equilíbrio, inclusive na vida, como sempre ensinaram os sábios, está no meio,  e não nas polos do eixos (as generalizações são também nada recomendadas na própria vida).

Enfim, se há casos de venda de drogas na porta de alguma escola e até dentro de algum estabelecimento de ensino, as medidas enérgicas (e condizentes com a situação) devem ser tomadas por quem de direito: diretores, coordenadores pedagógicos, professores, funcionários, juntamente com os pais e a comunidade em que a escola está inserida; além, é claro, dos encaminhamentos médicos que se fizerem necessários. O assunto é muito, mas muito, mais sério e complexo do que aparenta ser. É um problema de saúde publica. Implica miséria, desestrutura familiar, violência física e psicológica, meio social, falta de uma educação de qualidade, não acesso à saúde. Implica, sobretudo, falta de amor, fé (no que quer que seja), força de vontade, apoio da família (como encontrar apoio em uma família desagregada?) e compreensão (e sofrimento) de quem é próximo do doente e tem de viver o inferno  que a droga traz para a família.

P.S.: A palavra cuidar não cabe num contexto escolar (carrega no seu lombo a horrível idéia de que os professores são babás dos alunos). Melhor falarmos em zelo, cautela, observação, atenção (redobrada!), sinceridade, prevenção… comunidade (sem exageros) na escola…

P.S.2: Feliz Páscoa, meus queridos amigos. Muita reflexão, muita oração e paz. O mundo (e todos nós) precisa de amor (não da boca pra fora), de fé, de união e menos virtualidades internéticas, falsas, mentirosas e ilusórias (há exceções, graças a Deus).

Ivo de Souza é professor universitário, poeta, co­lu­nista, pintor e membro da Real Academia de Letras de Porto Alegre.

 

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