02 de junho | 2013

“É preferível assumir o erro ou continuar acreditando que se é superior?

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SEM SAIR …

… da banda de cá, nem indo pra banda de lá, mas apenas divagando, pois divagar, ao contrário do ditado popular, que diz que devagar se vai ao longe, divagando a gente pode transcender fronteiras, romper qualquer barreira, até encontrar mundos distantes.

SENTINDO, …

… bastante a falta do ócio, já que ninguém consegue criar, nem mesmo pensar, refletir, questionar, nem a si, nem a ninguém, tendo que trabalhar por mais de uma dezena de horas diárias por cansativos cinco dias por semana, para somente no final deste interstício de sete dias, ou seja, em seus dois últimos dias, poder parar, sentar, deitar, ou de qualquer forma que seja, poder viajar pelas vias às vezes turbulentas, às vezes calmas, às vezes perigosas, outras vezes sinuosas, do próprio pensamento.

POUCOS …

… foram os que ao longo da história conseguiram chegar a alguma boa teoria trabalhando. Quem trabalha não tem tempo de pensar. Aliás, tem muita gente que defende, que o ser humano não pode ficar ocioso senão começa a pensar besteira.

TEM QUEM …

… até entenda que quem fica desempregado acaba sofrendo dobrado, pois além de não produzir o dinheiro para “ser feliz”, ainda acaba se contagiando com este mal que é ter tempo para pensa bobagem.

COITADOS …

… dos principais pensadores desde o primeiro filósofo pós mitologia, o grande Tales de Mileto, pois se tivessem que ser escravos do trabalho, não teriam deixado de mão beijada para “nosotros” tanto conhecimento, tanta informação que usamos, muitas vezes, até sem saber que é de lá que se originaram.

NA VERDADE …

… o trabalho, ou quem sobrevive de sua produção, seja braçal, ou intelectual, sempre foi considerado alienante, castrador.

NÃO QUE …

… se pregasse o ócio pelo ócio, mas sim o ócio ativo, com atividades criativas como a arte e o estudo. Ou seja, conhecer, conhecer e conhecer, para procurar entender o que é viver, ou simplesmente definir para si o que é ser feliz, já que consumir, consumir e consumir é o que o mercado quer que acreditemos que seja, para sustentar essa grande corrente que aliena e faz com que sejamos meros robôs ensinados a fazer certas rotinas que nos levem à produção constante como forma de sobrevivência (felicidade?).

MAS, …

… deixando de lado os devaneios de mais uma noite de outono frio de quase inverno, vamos ao assunto que vem repercutindo e que o seu protagonista fez com que repercutisse mais ainda durante a semana que passou: o discurso do atual presidente da Câmara mandando os descontentes abandonarem a cidade.

SEM ENTRAR …

… no mérito da questão novamente, já que sua resposta através de ofício enviada a este jornalista segue publicada em matéria em outra página desta edição, inclusive com nota deste colunista mantendo tudo o que foi dito sobre o tema, apenas para destacar que o político que conhece a constituição e mesmo tem um mínimo de conhecimento sobre a democracia, ou que pelo menos é bem assessorado, certamente responderia de outra forma e não com a qual se utilizou o tal vereador.

SÓ PARA …

… recordar, o dito cujo, em discurso inflamado pelos microfones da Câmara, que são públicos, e cuja sessão, mesmo quando não transmitida diretamente pela internet, acaba sendo postada em vídeo no site da internet que mantém o legislativo local, acabou mandando os descontentes simplesmente deixarem a cidade. E o pior é que em certos trechos, ainda mencionava Olímpia dando a entender (pelo menos para quem ouviu mais atentamente o seu discurso) que a cidade era posse sua.

ORA, SENHORES …

… o direito de ir e vir é a tônica na democracia e é garantido até por uma ação que é chamada de ação constitucional, pois é uma garantia expressa na constituição, um direito conferido à todos os brasileiros, indistintamente e mesmo para aqueles que não querem puxar o saco de políticos, que é o habeas corpus.

OUTRO FATOR …

… é que a cidade é de todos e não só de alguns.

SE DEMOCRÁTICO …

… fosse ou mesmo constitu­ci­o­nalista, portanto, com menos traços ditatoriais, seria simples, muito simples, muito fácil de resolver a pendenga.

AO INVÉS DE …

… tomar medida drástica de enviar oficio com resposta que apenas confirma seus traços ditatoriais, pois apenas alega que ficou irritado ou seja lá o que for com a situação levantada por outro vereador na sessão, para dizer que não quis dizer o que acabou dizendo, bastaria vir a público, ou ligar diretamente para o próprio colunis­ta e humildemente (calçasse as sandálias da humildade), assumisse o seu erro e pedisse desculpas para todos os olimpienses.

ORA, SENHOR …

… presidente. Quem nunca errou que atire a primeira pedra. Aliás, errar é próprio do ser humano. E não é vergonha nenhuma admitir o erro. Ao contrário, mostra o que é ser humano e não a confusa arrogância da superioridade dos ditadores.

NÃO SERIA …

… mais bonito ligar para o co­lunista dizendo. “Oh, Arantes, eu fiquei muito irritado naquele dia e meu destempero fez com que tivesse aquele arrufo de autoritarismo. Gostaria que você pudesse transmitir as minhas desculpas a todos os leitores de seu jornal e até aos ouvintes do programa noticioso que você faz na rádio Cidade FM”.

GENTE, …

… pense bem. Alguém entre vo­cês acharia que o político presidente teria se rebaixado, ou teria sido humano o suficiente para admitir o próprio erro?

COM CERTEZA …

… a maioria, ou pelo menos grande parte da população certamente passaria a olhar com muito mais carinho para o próprio presidente e seu trabalho, pois entenderia que este é humano como todos nós e não mais um ungido pelo vírus da superioridade que historicamente já causou tantos males.

José Salamargo … buscando en­con­trar o super-homem nietz­­chi­niano para tentar travar o bom combate diuturno, o enfren­ta­men­to constante entre razão e emoção. Até o próximo round.

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