14 de março | 2021

Estado de sítio, toque de recolher ou lockdown? Ou muita firula para confundir a mente mal formatada da população

Compartilhe:

“Quando uma nação se divide entre quem não
enxerga e quem apenas pode ver, a escuridão
se instala e o povo deixa de viver em sociedade,
com cada um defendendo seus próprios interesses,
não importando quanto de sangue tenha
que rolar nas sarjetas da vida”.
Mestre Baba Zen Aranes.

O PRESIDENTE …

… da república apareceu em todos os noticiários da quinta-feira, 11, alegando que o toque de recolher decretado no Distrito Federal (também adotado em SP) é um estado de sítio e que, por ser uma medida “extrema”, só ele e o Congresso Nacional poderiam sugerir a medida.

ACONTECE, …

… primeiro, que o toque de recolher, anunciado pelo governador do DF, reduz a circulação de pessoas na rua entre 22h e 5h (em São Paulo, entre 20h e 05h) para tentar conter o avanço da covid-19, mas é apenas uma medida paliativa para evitar aquilo que os cientistas acreditam ser a única alternativa para evitar o grande número de mortes, o lockdown. E está previsto em lei sancionada pelo próprio presidente.

EM SÃO PAULO, …

.. no toque de recolher, as pessoas são obrigadas a ficar em casa em determinados períodos do dia. Ele é usado em situações de desordem social (regiões dos Estados Unidos, por exemplo, decretaram toque de recolher durante os protestos pela morte de George Floyd, homem negro assassinado por um policial em 2020) ou desastres naturais.

NA PRÁTICA, …

… a ação consiste no aumento da fiscalização pela vigilância sanitária, Polícia Militar e Procon (Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor) para coibir aglomerações em bares e festas clandestinas.

JÁ O ESTADO …

… de sítio, aludido pelo presidente (talvez como forma de manter seus seguidores com a imagem de que é um matuto e coitadinho mas que está preocupado com o bolso da população) é um mecanismo que possibilita restrições a direitos ou medidas excepcionais para conter algum tipo de abalo à ordem pública.

APESAR …

… da fala de Bolsonaro, o que foi determinado no Distrito Federal foi um toque de recolher e em abril do ano passado, no início da pandemia, o STF (Supremo Tribunal Federal) deu autonomia para que estados e municípios pudessem atuar no combate ao vírus.

JÁ UMA …

… autorização para instaurar o estado de sítio só pode ser solicitada pelo presidente da República ao Congresso Nacional, mas há circunstâncias específicas que permitem o uso do mecanismo, tais como comoção grave de repercussão nacional ou ocorrência de fatos que comprovem a ineficácia de medida tomada durante o estado de defesa; e declaração de estado de guerra ou resposta a agressão armada estrangeira.

EMBORA ESTEJAMOS …

… numa verdadeira guerra contra um inimigo mortal, este é microscópico, invisível ao olho nu e o que parece é que tudo é feito para confundir ou conturbar ainda mais o cenário brasileiro que já está sendo considerado o epicentro da atual crise mundial (ou seja, o país mais atrasado e imbecil do mundo).

E, COM CERTEZA, …

… o que está levando o país a esta situação mundial é um outro vírus, o da tática política da pseudo imbecilidade negacionista de Bolsonaro (que dolosa­mente opta por sua estratégia eleitoral não importando quantos brasileiros terão que morrer por causa de seu desejo de se manter no poder).

TUDO ISSO, …

… no entanto, causa um fenômeno ainda maior. Pois deixa políticos e população perdidos neste emaranhado de siglas restritivas sem eficácia comprovada que poderá levar o País a um período muito mais extenso de sofrimento em razão da mortalidade deste vírus, do que poderia ser se seguisse aquilo que os outros países colocaram em prática.

O PRÓPRIO …

… mundo acadêmico acaba não tendo tanta homogeneidade, pois a situação é inédita, nunca antes acontecida no Brasil e no mundo. O tal do novo coronavírus é um ser mutante, que se adapta para sobreviver e cujas consequências não têm como ser avaliadas e experimentadas tão rapidamente assim.

NA VERDADE, …

…  pela incapacidade de se tomar as medidas certas, podemos ter que amargar a pior crise da história: política, econômica e de saúde.

SENÃO VEJAMOS: …

… Países como Estados Unidos, Canadá, Espanha, Itália e Suíça adotaram o toque de recolher como estratégia para tentar frear a contaminação pelo vírus, mas os resultados não são claros e muitos pesquisadores consideram que a medida é insuficiente para conter uma epidemia no seu ponto mais grave.

EM DEZEMBRO, …

… a França decretou a medida das 20h às 6h. No mês seguinte, as restrições, ainda em vigor, foram ampliadas para o período das 18h às 6h. No final de janeiro, o ministro da Saúde francês, Olivier Véran, disse que a estratégia tinha um “efeito real”, mas não a ponto de reduzir a transmissão do vírus. Para ele, era muito difícil evitar a contaminação entre membros da mesma família.

UM ESTUDO …

… publicado em janeiro na revista Science, com base nos dados de uma província chinesa que aderiu à estratégia no início do surto de covid-19, mostrou que a medida reduziu a transmissão do vírus dentro da comunidade, mas aumentou o risco de infecção dentro das casas.

NO REINO UNIDO, …

… o toque de recolher foi adotado em setembro de 2020. Bares foram obrigados a fechar às 22h, mas, um mês depois, os casos de covid-19 continuaram crescendo. A situação forçou o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, a decretar um novo lockdo­wn, que fechou todo o comércio não essencial e só permitiu que a população deixasse suas casas com justificativas.

NA VERDADE, …

… existem poucos dados científicos disponíveis para afirmar que os toques de recolher são eficazes. E o pior é que também existem estudos que comprovam que medidas coercitivas raramente funcionam a longo prazo e acabam desgastando a confiança das pessoas para seguir as regras.

A MELHOR …

…  estratégia e que já está comprovada é que a população aceitasse e seguisse diretrizes como o distan­cia­­mento social e o uso de máscaras em vez de uma série de restrições como os toques de recolher. Mas, isso demandaria uma união entre todos os poderes, com atitudes menos politiqueiras, com campanhas nacionais de incentivo à utilização destas medidas simples e salvadoras.

E, CONVENHAMOS, …

… num país que o presidente é negacionista e passa o tempo todo se insurgindo contra estas medidas e que seu filho deputado grava vídeo mandando seres humanos colocar as máscaras no rabo, não há como esperar que se trabalhe nacionalmente e se convença a população a usar o equipamento, lavar as mãos e ficarem longe uma das outras pessoas que não são de seu convívio.

COMO NÃO HÁ …

… possibilidade de se usar a via do convencimento através da educação das massas e não se tenha evidências de que as medidas adotadas por medo da repercussão política, que realmente são paliativas, possam pelo menos frear as consequências devastadoras do crescimento desta epidemia mortal, os governos, na visão dos cientistas, deveriam adotar um lockdown, pois há evidências de que funcionam.

PAÍSES COMO …

… o Reino Unido e Israel conjugaram a medida com uma campanha intensa de vacinação e conseguiram reduzir casos, mortes e internações, e já planejam a retomada das atividades para os próximos meses.

O LOCKDOWN …

… adotado por Arara­quara foi o primeiro no Brasil com medidas mais rigorosas, a exemplo do que aconteceu em outros países e já vem produzindo resultados.

IRONICAMENTE …

… a maioria dos gestores parece ter colocado a economia como prioridade, mas com medidas paliativas eles só empurraram a crise, que pode durar mais tempo do que o esperado e ceifar a vida de consumidores, empresários e das próprias empresas.

O LOCKDOW …

… refere-se ao bloqueio total de uma região, imposta pelo Estado ou pela Justiça. É a medida mais rígida adotada durante situações extremas, como uma pandemia. O cidadão é restrito de circular em áreas públicas sem motivos emergenciais, cruzar fronteiras e muitas vezes pode haver toque de recolher. A fiscalização é feita pelo governo.

José Salamargo, descrente de que a situação apavorante que estamos vivendo possa ter uma saída honrosa em meio a tantos interesses pessoais e ao total desprezo à ciência e à vida dos seres humanos. Vamos empurrando com a barriga até não termos mais onde enterrar nossos mortos, ou que o caos se instale com cada um fazendo o que melhor convier ao seu umbigo e ao seu bolso, incentivado por um governo medíocre que só existe nos contos da carochinha. E o que é pior, grande parte da população caiu e cai no golpe da imbecilidade.

Compartilhe:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do iFolha; a responsabilidade é do autor da mensagem.

Você deve se logar no site para enviar um comentário. Clique aqui e faça o login!

Ainda não tem nenhum comentário para esse post. Seja o primeiro a comentar!

Mais lidas