21 de fevereiro | 2021

O desabafo, o choro de quem tenta e não consegue enxergar o que está ocorrendo e o que poderá acontecer

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“Talvez este seja o momento crucial.O início
de um final que há muito estava previsto.
Ou apenas o começo de uma nova realidade,
mais cruel, mais mortal e para a qual
ninguém foi preparado para viver”.

Mestre Baba Zen Aranes.

 

GENTE, SOU RÉU, CONFESSO! …

… Confesso pra vocês que nunca passei uma semana tão pensativo e tão preocupado, com medo, olhando pra frente com total incerteza, sem vislumbrar uma saída honrosa para esta situação que vivemos e que considero, com certeza, a pior experimentada ao longo de toda a minha vida.

HOJE, PEÇO LICENÇA …

… pra vocês, mas escrevo no primeira pessoa, pois esta não é uma reflexão, é um desabafo, um grito de quem não consegue vislumbrar nenhuma forma de futuro viável. Alguém que tenta projetar e nenhuma possibilidade, nem um cenário surge capaz de garantir um mínimo de dignidade, um mínimo de condição de vislumbrar um mundo que não seja a fotografia ensanguentada do caos.

É UMA SENSAÇÃO …

… de incompetência, de tristeza por ver tanta gente morrendo, tanta gente sofrendo e sentir que nem a ciência está conseguindo explicar e os anticristos, as bestas do apocalipse, induzindo seus seguidores, como gado, rumo ao abatedouro.

CONFESSO …

… que, mesmo com todo este tamanho, espessura e largura, chorei por várias vezes, escondido, no meu cantinho, ao saber do sofrimento de muitos olim­pien­ses, entre eles, muitos amigos de infância, muitos que vi nascer e crescer, até alunos que tentei ajudar a descobrir o mundo, uns morrendo, outros internados em UTIs sem poder respirar direito ou mesmo respirando por aparelhos, outros já sem leito nos hospitais (tendo que tratar em casa mesmo). E famílias inteiras sem saber o que fazer, o que esperar e, principalmente, o que acontecerá no futuro próximo.

SÃO VÁRIAS …

… as camadas de sofrimento. A primeira delas é pela dor física, pelo sufoco de não ter pulmão sadio para absorver o oxigênio, fundamental para a nossa sobrevivência. Aí também entra o sofrimento da in­ter­nação, quando você entra num hospital com poucas chances de voltar a ver o movimentar de pessoas e veículos nas ruas, nas calçadas.

A SEGUNDA, …

… (e esta atinge até quem não teve a doença), acontece quando, num país com economia neo­li­beral, selvagem, em que impera o Deus Mercado e os interesses dos grandes grupos prevalecem e se alimenta da fome e da escravidão disfarçada da maioria da população, as famílias têm que planejar sua forma de subsistência e percebem que, pelo menos nos próximos anos, a situação não voltará nem a ser a mesma que era ruim, é agora será mil vezes pior.

CADA UM, …

… à sua maneira, vai esperneando, dando cabeçadas, para tentar achar formas de sobrevivência, de prover as migalhas que darão sustentação à própria vida.

MAS A REALIDADE …

… é triste. Ninguém sabe até quando vai durar o caos. E tudo isso comandado por um governo satânico que quer promover a seleção defendida por Hitler, através do agente que já usa coroa, o corona. Ao invés da raça-pura, o anti­cris­to brasileiro, a nossa besta do apocalipse, quer selecionar a raça forte que vai sobreviver à arma biológica que caiu no seu colo para promover a purificação.

NÃO EXISTE VACINA …

… que consiga garantir a imunidade de todos. Não se sabe nem quanto tempo dura seus efeitos. Tem gente vacinada pegando a doença. Tem gente que já pegou o vírus e está sofrendo de novo. E a maioria que consegue sobreviver fica capenga pelas chamadas sequelas de uma doença maldita que já dura quase um ano e até agora ninguém sabe ao certo nem o que é, nem de onde veio, nem aonde nos levará.

AINDA ASSIM, …

… a única saída a curto, a médio e a longo prazo, é a danada da vacina que ainda poderá ser melhorada, adaptada às novas cepas, às novas variantes que estão surgindo e continuarão a surgir, enquanto não se conseguir controlar a disseminação do maldito Sars-CoV-2. E para isto, está na história, está na ciência, apenas a vacina mesmo, que estimula nosso próprio organismo a se defender deste mal.

PASSAM-SE …

… os meses, já vai chegar a um ano e … nada. O que se vê é o rebanho se jogando do precipício. O estouro da boiada, atropelando o gado mais velho e matando os mais debilitados.

A DOR, A LÁGRIMA, …

… o sofrimento, começam a ficar generalizados. As pessoas tentam achar explicações para a falta de controle de seus próprios impulsos assassinos, e com sua desinformação, vão trabalhando a favor do vírus e da besta do apoca­lipse que parece ter sido criada para promover o arrebatamento em nosso país.

MAS O MAIS …

… estarrecedor foi ter que responder uma pergunta de minha filha sobre a nossa situação familiar.

COM O PASSAR …

… dos últimos meses, o sistema de comunicação capitaneado por este ser reflexivo que conseguiu sobreviver desde sua adolescência através de seus escritos, do externar de seu pensamento, do defender de sua sociedade, passou a acumular afazeres, seja pela morte de colaboradores, seja pela total impossibilidade econômica de substituir os que foram deixando a comitiva durante a caminhada.

MAS, O PIOR É …

… ter que se reinventar, ter que fazer coisas novas, se adaptar ao mundo tec­no­lógico, ter que aprender e reaprender, sem deixar de estudar, de tentar descobrir o mundo e tudo demanda tempo. Aí se descobre que a pilastra construí­da em 40 anos de história está sendo corroída por um ser invisível e outro demoníaco.

ECONOMICAMENTE …

… a maioria dos olim­pienses está pelo menos tentando, brigando para se adaptar. Mas, quando se é multiplataforma e se acumula afazeres em tal quantidade, passa a ficar difícil a substituição e tudo se concentrando em algo insubs­tituível (pelo menos no atual momento econômico) o alicerce apodrece, fica frágil, pois nada pode ser construído em cima de base que não suporte o próprio peso.

AÍ VEIO A PERGUNTA, …

… que não se calou e nem se explicou: e se você morrer, ou pegar a doença. Como vai ficar a situação? Vai parar tudo? Vamos ter que fechar tudo? O que vai ser de nós? Tudo o que você fez vai se resumir a uns cadernos velhos de papel amarelado, ou arquivos de pdf incompletos que podem se perder nos hds onde estão armazenados? E os livros que já estão rascunhados e precisam ser escritos? E tudo que você conseguiu enxergar e traduzir desta vida bandida não vai nem ser registrada?

CONFESSO …

… que engasguei, engoli seco, aguentei o tranco e tentei refletir. Chupei o cérebro para tentar encontrar uma resposta plausível. Não encontrei. Apenas chorei sozinho por saber que a vida é finita e sentir que o momento é de incerteza, de caos, de dor, de sofrimento, de indefinição total.

José Salamargo … são nessas horas que aqueles que pensam, tentam refletir, enxergar com detalhes as coisas, as situações, se questionam: não seria melhor viver como todo mundo, aceitando passivamente a escravidão, como animal irracional, apenas produzindo nos cinco dias “úteis” ou “fúteis” da semana para se embebedar a partir da noite de sexta-feira, se entorpecer para esquecer e deixar o tempo correr até que o corpo apodreça no final da rua Síria?
 

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