09 de dezembro | 2012

O holocausto do crack batendo em nossas portas

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COMEÇANDO …
… pelo presente, pois o passado já se foi, não existe mais, e o futuro ainda está por vir, é triste ver seres humanos que a gente viu crescer se perder, chegar a ser presa por furtar coisas insignificantes para poder sustentar o vício que destrói.

 

FILOSOFICAMENTE, …
… em princípio, o raciocínio diz que é preciso respeitar o pensamento de Jean Paul Sartre que dita que “somos condenados à nossa própria liberdade”, ou seja, somos aquilo que decidimos ser.

 

A CADA INSTANTE, …
… de nossas vidas tomamos decisões que desencadearão consequências que obrigatoriamente nos levarão a novas decisões. E assim vai, até chegarmos ao derradeiro suspiro. Somos o que escolhemos ser.

 

NA PRESENTE …
… situação podemos exemplificar com os casos de Cazuza e Renato Russo que, ao que parece, escolheram viver intensamente suas vidas, mesmo que estas fossem diminuídas drasticamente. Morreram jovens, com uma gama de conhecimento e de emoções experimentadas através da arte que, sem sombra de dúvidas, os levariam a produzir muito mais obras-primas do que toda a herança que deixaram.

 

MAS FORAM …
… condenados à sua própria liberdade, eis que não são tantas as dúvidas de que, ao decidirem experimentar de tudo e não deixarem que nenhuma amarra os detivesse na escalada do deixar se dominar pela emoção, ao levarem ao pé da letra a teoria nietzschiana (relativo ao filósofo alemão Friedrich Nietzsche (1844-1900) ou à sua obra), de que a mais pura manifestação do ser humano se dá ao liberar as emoções através da arte, estavam conscientes de que suas vidas seriam abreviadas.

 

COM CERTEZA, …
… tinham conhecimento para tanto. Tiveram educação suficiente para sair do estado animalesco e chegaram a obter a sabedoria necessária para decidirem ser o que foram e deixar de lado a mediocridade do apenas ter, do viver apenas para ter e sempre ter mais.

 

COM CERTEZA, …
… um de família rica e outro de família de classe média alta, frequentaram boas escolas, adquiriram o conhecimento, transcenderam os horizontes, se libertaram da escuridão que impregna a maioria esmagadora de brasileiros e brasileiras, escravos da falta de conhecimento e do viver para o consumo.

 

MORRERAM …
… jovens mas viveram uma vida que muito poucos poderão viver e em menos da metade do tempo que poderiam alcançar.

 

MAS COMO …
… ver uma menina que você viu pequena, pegou no colo, se prostituir, furtar para conseguir comprar a maldita da droga que destrói mais que todas, o tal do crack?

 

SUA REALIDADE …
… é outra. Embora tivesse nascido com o principal dom que um ser humano pode ter, o da arte, não conseguiu o domínio da razão. Não conseguiu enxergar que a emoção que deve ser praticada é a que se canaliza para qualquer tipo de arte e não a que descontrola, que alucina e que mata.

 

MAS TAMBÉM, …
… é preciso ler, ouvir, sentir o mundo através da história. Adquirir informação; processá-la, digeri-la e enxergá-la para apreender, enriquecer o conhecimento. Dar alimento para o raciocínio comandar a razão e, aí sim, dar asas à emoção através da arte.

 

COMO PODE …
… acontecer isso em um lar humilde, em que as pessoas trabalham para obter o mero sustento, sem condições de proporcionar aos pequenos seres, que depois se tornam adultos, o que seria ao menos necessário para a sua evolução.

 

ESTA SEMANA …
… um ser que este colunista conheceu pequeno, pegou no colo, viu crescer, foi presa furtando objeto insignificante para comprar droga. Mas já estava presa muito antes, quando passava vários dias desaparecida, sabe-se lá onde, se drogando e fazendo de tudo para arrumar o vil metal para obter o produto.

 

MAS DESTA …
… vida insana surgem filhos inesperados que vêm ao mundo para compartilhar o sofrimento de uma mãe, de irmãos, dos próprios filhos, que assistem à degradação de um ser que amam sem nada poder fazer.

 

E O QUE É …
… pior é que não é apenas neste lar que esta situação se repete, mas em milhares, pois a corrupção e a má aplicação do dinheiro público, acabam criando o seu próprio holocausto e, como se fosse uma câmara de gás, os abandonados, os sem esperança, os sem futuro, os sem chances vão se matando de uma forma ou de outra para que alguns poucos se locupletem através de um sistema que castra sonhos, que faz com que as pessoas vivam apenas para consumir, para ter, ter e ter e não para ser, pois para isso, necessitariam das mesmas oportunidades daqueles que conseguem ser.

José Salamargo … a vida realmente é um átimo, um tempo insignificante que para a maioria tende a ser cada vez mais abreviado.
 

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