16 de setembro | 2018

O perigo do retrocesso constitucional e da violência pós-jogo das torcidas imbecilizadas

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“Quando o ódio se instala, o humano dá lugar ao animal, reativo, sem coerência, sem razão, apenas levado pela impulsividade. E quando o ser que vive este ódio não teve acesso ao conhecimento, não se preocupa com a história, não confere os fatos, não se baseia na realidade, apenas julga pela moral corrompida por traumas e preconceitos, então surge a violência, a caça às bruxas, sendo odiados todos aqueles que não comunguem dos seus próprios conceitos, ou de sua verdade malfeita, mal refletida, próxima da imbecilidade. Aí chegamos à barbárie e esta pode estar perto.”

Mestre Baba Zen Aranes.

JÁ ESTAMOS …

… a menos de um mês das eleições e, cada vez mais a gente sente que a população está caminhando para aquilo que já escrevemos neste mesmo espaço, ou seja, um estado “zumbizante” perigoso em que cada um está se embre­nhan­do num grupo e defendendo ideias e ideologias que realmente não entende e não consegue enxergar a quais consequên­cias que tudo isso poderá levar.

RETROCESSO …

… legal e constitucional já estamos vendo, com os juízes da mais alta corte ao invés de adequar os fatos à lei maior e aplicar seus efeitos, julgando politicamente, sempre argumentando não pela norma, mas para aquilo que acham que seria o melhor para população.

ORA, SENHORES, …

… profissionais treinados para dizer o direito agindo subjetivamente, como se fossem internautas despejando suas opiniões pelas redes sociais.

O SISTEMA …

… não está funcionando e o que se vê com tristeza é a grande massa semialfabeti­zada, que se acredita, beire a casa dos 90% da população, sendo levada por conceitos esdrúxulos despejados na internet pelos robots (inteligência artificial) contratados pelos diversos segmentos politiqueiros que teimam em permanecer sugando o país. Recusam-se a deixar o cenário e vão fazer com que tudo fique como dantes e não mude nada na casa de Abrantes. Quer dizer, tudo na lesma lerda.

MAS, PARA …

… discutir este tema hoje, com vossas excelências, meus preclaros leitores, este calunista (especialista em calosidade) pede licença para transcrever dois diálogos com dois meninos (na faixa dos 40) com os quais teve participação e alguma influência em fases principalmente da infância e adolescência e os tem como verdadeiros filhos.

AO ESTILO DE …

… Platão, este jornalista vai transcrever o dialogo com ambos, para que possamos refletir sobre o atual momento político.

O PRIMEIRO …

… dialogo, mais extenso, foi travado com o grande Bião, Fábio Augusto Albergaria Prato, hoje profissional da área de tecnologia, que presta seus serviços na capital paulista, tendo como ponto de partida a reflexão do Mestre Baba Zen Aranes que está publicada nesta página, que após a leitura, iniciou a sua confabulação.

Fabio: Não está perto. Já estamos vivendo a barbárie.

Arantes: O grande medo é do que poderá acontecer após a eleição.

Fabio: Estou também. Novamente temos a sensação que estamos em um restaurante e nenhum dos pratos nos agrada totalmente, vamos ter que escolher um que dê para engolir. Já que estamos famintos e o próximo restaurante esta quatro anos distante.

Arantes: Legal a metáfora. Mas a minha preocupação é que a situação de ódio, seja qualquer um o vencedor, poderá fazer  revi­ver a situação da última, quando o candidato derrotado não se conformou e começou a destruir a vencedora. Só que agora, a conse­quência disso é que o ódio ganhou as redes sociais com as pessoas mal informadas podendo fazer com que a violência saia dos gabinetes e ganhe as ruas, além de retrocessos constitucionais e legais.

Fabio: Fico triste porque tanto os movimentos de esquerda, centro e de direita, tem ideias boas, chegou o momento de todos se unirem em prol do país e não ficarem uns contra os outros, com esta sede louca de poder. Mas, quando alguém da direita dá uma ideia, a esquerda já xinga, chama de burro, que não estudou história. A mesma coisa acon­­tece quando alguém de esquerda da uma ideia, os de direita falam palavrões, já querem matar, tá tudo errado.

Arantes: 90% da população é escrava. Não consegue nem saber por que vive. Age por impulso, por reação. E é levada pelas ondas que surgem de todos os lados, pois não consegue medir as consequências dos próprios atos. São 180 milhões de zumbis que vagueiam pelas ruas e pelas senzalas brasileiras, achando que são livres, mas na verdade, são apenas robôs programados para servir.

Arantes: E aí, quando o ódio se instala, as massas reagem como torcidas de futebol, podendo fazer rolar muito sangue.

Fabio: Verdade. Eu sou liberal (quase anarquista). kkkkk. Mas posso ter ideias diferentes e aceito todas com respeito.

Arantes: Tem hora que questiono se não seria melhor viver sem pensar em nada disso. Entrar no meio da “zumbizada” e só curtir. Pra que pensar e tentar mudar o mundo se em quase 60 anos não consegui mudar nem a mim mesmo. Mas quando me coloco no meio, sinto que o próprio poder da reflexão funciona como um juiz e me faz entender que não dá para renegar a vida e apenas esperar passar os dias se curando de ressacas e caindo e levantando apenas.

Arantes: Nós somos um conjunto daquilo que refletimos sobre nós mesmos. E só conseguimos viver quando confiamos e enxergamos o que vivemos.

Fabio: Pois é, tem hora que da vontade mesmo. Kkk. Entrar na massa maluca!

Fabio: Pensa em votar em quem?

Arantes: Não posso votar no menos ruim.

Arantes: Por enquanto vou de branco.

Fabio: Não é melhor anular?

Arantes: Tanto faz.

Arantes: O branco computa como nulo.

Arantes: Mas representa a realidade.

Arantes: Se todo mundo votar em branco ou anular, significa que o sistema está errado e precisa mudar. Já imaginou um presidente da república eleito com apenas alguns milhares de votos.

Arantes: E é isso que ninguém quer.

Arantes: Então jogam na cabeça das pessoas que estas têm que exercer o voto útil. Votar no menos ruim pra não eleger o pior.

Arantes: O voto em branco é um voto legal. É um direito do cidadão. Inclusive tem uma tecla própria.

Fabio: Com certeza precisa mudar. Gosto da ideia de o estado ficar somente com saúde, segurança e educação. O resto privado e cheio de concorrência.

Fabio: Acabar com privilégios e tudo mais, no entanto, qualquer um que se eleja com essa bandeira não conseguirá acabar com os privilégios! Acha que o congresso vai aprovar diminuir o dinheiro que eles mamam?

Arantes: Por isso que o sistema está errado. Qualquer um que entrar vai ficar refém do congresso. O Brasil, pela sua grande massa de imbecis, tem que achar um sistema que funcione ao arrepio da falta de conhecimento.

Arantes: E o pior é que não é qualquer um que po­de se candidatar, mesmo isso estando escrito na constituição. Pois pra se candi­da­tar você tem que ter partido e para ter direito a propaganda este tem que ter representação expressiva no congresso, tem que ter dinheiro, enfim, tem que ser ou estar entre os corruptos.

Arantes: A história mostra que os escravos sempre foram a maioria esmagadora e nunca tiveram representantes efetivos. Pois da ultraesquerda até a direita radical, estão representados apenas os proprietários de terras e empresas e a burguesia, composta pelos ricos prestadores de serviço. Os 90% de trabalhadores (que como escravos, trocam o seu tempo de servidão pela sobrevivência) nunca foram representados, desde a revolução francesa quando surgiram os conceitos de direita e esquerda e o próprio trabalho.

Fabio: Estão dando muita importância ao presidente, mas a taxa de renovação dos deputados e senadores é 5%, ou seja, nenhuma e são eles que votam as leis. O segredo seria renovar o congresso, mas o sistema é feito para se manter, é o mecanismo da corrupção. Veja por exemplo o tempo dos candidatos na TV, quem tem mais partidos tem mais tempo, os debates são só para quem tem representantes na câmara. Tudo errado, alguém no­vo, que nunca foi eleito, não pode participar dos debates e tem pouco tempo de TV.

Arantes: O sistema está errado.

Arantes: E o pior é que não existe um modelo pronto que se adapte ao nosso atual momento fático. Temos que encontrar um que abarque e torne realmente seres humanos os 90% dos escravos que hoje vivem como zumbis em nosso país. E a saída é a educação. Se todos tivessem a mesma chance, a mesma oportunidade, aí sim teríamos um país livre de verdade.

Arantes: Só que esta solução leva pelo menos 20 anos para ter resultado.

Fabio: Eu tenho dito uma coisa, mas ninguém acredita: estamos a beira de um golpe militar.

Arantes: Não só militar, mas estamos à beira do caos. Podemos ter uma revolução de torcidas. As tribos voltando a guerrear como no passado.

Fabio: Tomara que não!

Arantes: Também torço para que não. Mas podemos estar caminhando pra isso. Os bons conceitos morais deram lugar a esperteza. Hoje, todos são corruptos até que se prove o contrário. É uma verdadeira guerra de todos contra todos. Que se ferre o próximo, o vizinho, o outro.

Arantes: É como se a solidão provocada pela internet estivesse fazendo com que cada um vivesse num mundo isolado, próprio, e que este estivesse sempre em guerra com os outros mundos (os dos outros). Amizade, solidariedade, amor ao próximo deixaram de existir.

O OUTRO …

… diálogo, mais curto, foi travado também a partir da manifestação de mestre Baba Zen, enviada pelo WhatsApp. Foi com o hoje comerciante André Luiz Spinelli Martinussi.

APÓS FAZER …

… também a sua reflexão sobre o pensamento do mestre Zen, André questiona o porquê de se querer impor a opinião a qualquer custo e cita os representantes da esquerda como os mais radicais na imposição de suas próprias regras.

Arantes: Direita e esquerda, na verdade se divide em conservadores e progressistas e vem do início da fase agrícola e passagem para a era industrial, com o fim do feudalismo, quando da eleição do primeiro parlamento Francês. São ideologias. O que está ficando perigoso é a radicalização. A direita e a esquerda acabam levando de roldão os que não pensam. E aí é que mora o perigo. Pois a massa burra é como torcida de futebol. Pode ficar violenta. Não importa quem vença. O medo que fica é o de que após a eleição as coisas fiquem mais violentas.

Andre: Tá esquisito viu. Acabou a tolerância. Virou briga de torcida.

Arantes: Então. Os zumbis (90% da população) estão divididos entre ideologias que eles nem sabem que existem. Defendem bandeiras que também não têm noção. Estão divididos em tribos que defendem esta ou aquela tese. E o ódio surge da discordância. Ou você está ou não está na minha tribo. Tudo que é diferente é meu inimigo. É co­mo torcida de futebol.  Gera um fanatismo que pode virar sangue. Um povo perdido, animalizado, robotiza­do, “zumbizado” e que pode descambar para a violência.

Andre: Nem sei o que esperar.

José Salamargo – Apenas para concluir, se faz necessário fazer a célebre per­gun­tinha, já que foram travados dois diálogos sobre um mesmo tema: O que você está esperando que aconteça?

 

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