22 de março | 2020

Olímpia, entre as mortes do coronavírus e o caos que pode ser agravado pela pobreza

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“São nos momentos extremos, quando ninguém espera, que fica clara a falta do pensar socialmente. A morte faz refletir. Mas centenas de mortes podem levar ao desespero incontrolável, ao verdadeiro caos”. Mestre Baba Zen Aranes

GENTE, SEM …
… querer causar pânico, nem querer aterrorizar ninguém, mas, sim, apelando para o bom senso de cada um que se propõe a tentar entender o pensamento complexo deste colunista todos os sábados neste espaço.

MAS A COISA É …
… muito mais séria do que estamos imaginando, pois esta mutação genética do coronavírus tem algumas características que a tornam perigosa ao extremo para quem está na chamada linha de risco.

A PRINCIPAL CARACTERÍSTICA …
… é o desconhecimento científico, já que a boa teoria científica necessita de experimentação, comprovação e “recomprovação", portanto, precisa de tempo para se chegar o mais próximo possível da realidade. Pois nem a ciência consegue chegar a tal da verdade absoluta, ninguém consegue se aproximar 100% da realidade.

MORAL DA HISTÓRIA, …
… tá todo mundo perdido frente ao desconhecido. E aí surgem os remédios milagrosos, até vinagre passa a ser elemento de cura. Mas, apenas para descontrair um pouco, recebi uma pergunta de uma pessoa próxima esta semana, que é hilária, mas chocante:

– “O álcool não mata o vírus? Se mata, vou passar os próximos meses bêbada; vou encher a cara todos os dias, pois, com o álcool no sangue, vou matar o bichinho lá dentro”, disse a figura. É mole?

MAS VOLTANDO …
… ao lado sério da coisa, o espectro do terrível é que já se sabe de duas características básicas do vírus e que podem abalizar perspectivas reflexivas tenebrosas.

A PRIMEIRA …
… é que o vírus se alastra com uma rapidez incrível e se o ritmo for acelerado poderá provocar o caos total do sistema de saúde.

A SEGUNDA …
… característica é que, sem ter muita certeza, os idosos, os diabéticos, os cardíacos e pessoas que estejam com o sistema imunológico debilitado têm índices elevadíssimos de complicações e necessitarem de internação por problemas respiratórios. Ou seja, o vírus atinge o pulmão.

E O TRATAMENTO …
… exige um aparelho que hoje estaria custando algo em torno de R$ 60 mil cada. Nos grandes centros a média é de um aparelho destes para cada 2400 pessoas. Mas em Olímpia esta média é de seis mil para cada aparelho, sem se computar as cidades da microrregião e também a possibilidade de internação na Santa Casa de Barretos.

SE O CONTÁGIO …
… se der muito rapidamente, a situação vai ficar complicada. O índice de internação, segundo algumas pesquisas, é de 20%. Ou seja, de cada 1000 pessoas infectadas, 100 seriam internadas e um grande número destas chegaria à situação de ter que utilizar o respirador.

ESTA É A RAZÃO …
… do desespero das autoridades de saúde pedindo que as pessoas sigam as orientações para o vírus não se alastrar, principalmente evitar aglomerações e se postar pelo menos dois metros um do outro e, agora, propondo o isolamento social (que as pessoas fiquem em casa e que o pessoal da área de risco não saia de casa nem para ir ao supermercado ou farmácia).

A EPIDEMIA …

… está próxima. Por enquanto temos (quinta-feira, 19) sete casso suspeitos em Olímpia e um descartado, com seis aguardando os exames chegarem. Mas vai chegar a hora que o vírus vai aportar por aqui e se a contaminação for muito rápida o nosso sistema de saúde (como o da Itália) não vai dar conta.

E NÓS QUE …

… vivemos num país de terceiro mundo, onde 50% da população ganha R$ 415,00 por mês e, mais especificamente, em Olímpia, onde quase seis mil pessoas vivam em situação de miserabilidade, a situação se agrava mais ainda.

E VOCÊ …

… poderá perguntar o porquê de se destacar a existência dos mais pobres, que a elite e a classe média negligenciam e até chamam de pessoas que não querem trabalhar, que são todos vagabundos.

SIMPLES, …

… se a distância mesmo entre familiares tem que ser resguardada e a higiene e a alimentação são fatores importantes solicitados pelas autoridades de saúde, você acha que nestas famílias esta situação é presente? Claro, assim como a elite cita o filho da empregada doméstica que conseguiu ser médico (um em um milhão) é certo que toda regra tem sua exceção.

MAS, TENHAM …

… certeza, as casas minúsculas das periferias, com número excessivo de habitantes não permitindo o distanciamento entre eles; as condições sanitárias e a falta de higiene em razão de terem tido uma educação frágil; assim como a própria fragilidade alimentar faz com que este grupo esteja dentro das duas situações de risco.

TRADUZINDO PRA …

… você, a falta de condições de moradia que facilitem o distanciamento social e as ausências de educação e higiene condizentes, levam a uma contaminação mais rápida, o que pode sobrecarregar a saúde pública. Mas o pior é que a fragilidade alimentar também coloca este pessoal no grupo de risco dos idosos, cardíacos, diabéticos e outros cuja manifestação da doença vai ser mais agressiva e, portanto, dentre aqueles em que poderá ocorrer um número maior de mortes. Entendeu, o bicho vai pegar para o lado dos mais pobres.

E COM MAIS …

… uma agravante: a falta de conhecimento e de capacidade de entendimento leva os mais pobres a não acreditar que a situação é calamitosa, o que pode acelerar ainda mais a sua contaminação.

JÁ EXISTEM …

… estudiosos que estão acreditando que a situação no Brasil, por todas estas condições, deverá ser muito pior do que está sendo verificada na Itália.

E A DESINFORMAÇÃO …

… aqui ainda é grande faz com que presenciemos filas em bancos e lotéricas e as pessoas muito próximas umas das outras, sem acreditar que o inferno se aproxima e poderá chegar com uma velocidade assustadora; aí, uma simples gripe poderá ser a causa de milhões de mortes por falta de educação e saúde de qualidade com equipamentos subdimensionados. Poderá ser a pena por décadas de desgoverno e de falta de evolução de um povo que hoje passa dos 210 milhões, com a maioria sendo tratada como meros números, sendo mantidos como zumbis produtores de riquezas para que uma minoria possa ter direito a se chamar de humano.

José Salamargo, o momento é de se pensar com seriedade na situação e cada um tentar ser solidário o máximo possível e repensar se não está na hora de encarar o próximo como mais próximo, como Cristo pediu e deixar de ser enganado pelos demônios que se travestem de bonzinhos, mas que são os responsáveis por toda esta situação. Tenham certeza, este país e esta cidade ficarão com “as veias abertas, escancarando que é uma grande latrina”.

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