15 de outubro | 2017

Os dois lados da Bahia, sou vagabundo sim senhor e já foi dada a largada para as próximas eleições

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APÓS PASSAR …
… dias de possível descanso na terra onde se deram vários romances de Jorge Amado, Ilhéus, na Bahia, voltamos ao ócio criativo. Jorge nasceu em Itabuna, poucos quilômetros de distância da terra de Tieta, que viveu sua glória econômica na era do cacau que, depois foi devastada por uma praga que praticamente a extirpou de sua economia.

HOJE …
… Ilhéus vive da glória deste autor ilustre, com seus Bataclans e outros points que movimentaram o imaginário do grande autor brasileiro. No entanto, como cidade centenária mal administrada, ressalta a pobreza de sua gen­te com ruas sujas e construções históricas praticamente abandonadas. Um exem­plo de que o turismo tem que ser bem planejado e estruturado para ser distribuidor de riquezas e de vida digna para seus cidadãos.

HOJE, …

… Ilheus vive seu período negro, com crescimento de empreendimentos implantados sem a devida sustentabilidade, o que já começa a provocar sinais de destruição de sua maior riqueza, a beleza natural de su­as praias envoltas por vegetação deslumbrante que começa a ser destruí­da pela descontrolada sanha empreendedora.

PELO SEU LADO …

… sul, mesmo com praias com mar forte e sem muita areia, são quilômetros de bares à beira mar e condomínios e empreendimentos hoteleiros de luxo, com a vegetação, que trans­­mitia alegria, paz e se transformavam em verdadeiro colírio para os olhos (este colu­nista esteve lá há 20 anos atrás), dá lugar a verdadeiros monstros de aço e concreto para abrigar justamente quem pra lá se dirige para curtir a natureza. Incongruências da vida.

JÁ PELO LADO …

… norte, onde o luxo e a riqueza ainda não tomaram conta, sobressai uma classe mais empobrecida com verdadeiras favelas e construções menos luxuosas mas também destruidoras de um meio ambiente contagiante.

NESTE LADO …

… é que se situa a sua praia mais linda. Tem-se a sensação de estar à beira mar no Haiti ou no Caribe, na praia da Serra Grande com seus vários quilômetros de extensão e ainda preservando a sensação de estar em seu estado nativo, sem a depredação destes seres quase humanos.

APÓS ESTE …

… regozijo para os olhos e para o banho, existem também várias praias que só se alcançam através de trilhas a partir da rodovia. Estas, em seu estado mais puro, até se chegar à pequena mas limpa e mais planejada Itacaré. E, ao depois, mais natureza pu­ra ainda. Seriam necessários meses para se explorar todas as trilhas, todas as praias ainda inóspitas desta região do país que talvez continue assim pela própria pobreza de seus moradores que, aos poucos, vai sendo invadida pelos endinheirados e destruidores vindos das regiões mais ricas do país.

QUEM SABE, …

… se após mais alguns anos, ao encerrar minha missão nesta terra de São João, não possa curtir o isolamento em meio a u­ma natureza deslumbrante como esta e, finalmente, colocar no papel, quer dizer, no computador, a maioria das teses e entendimentos adquiridos ao longo desta vida bem vivida, que já cruza o cabo da Boa Esperança.

MAS, ENQUANTO …

… o ócio não vem e temos que continuar com o platônico “nec-otium”, negar o ócio, de onde vem a palavra negócio e aí se colocando a própria labora­ção para a sobrevivência.

SO PRA VOCÊ …

… não ter que buscar na história, a gente comple­menta: “na tradição grega, os romanos denominaram ócio (otium) as ocupações com o trabalho intelectual, em oposição ao negÓCIO (nec-otium, negação do otium), destinado a atender às necessidades de subsistência da sociedade.

NAQUELA ÉPOCA …

… por volta de 500 anos antes de cristo, nos tempos de Platão, a sociedade era dividida entre cidadãos, não cidadãos e escravos. Cabia aos escravos e inferiores tarefas braçais tidas como indignas para os cidadãos. A dedicação ao ócio era ativa, embora poucos tivessem acesso a ela. As pessoas sempre buscaram vivenciar o resultado do ócio na Ágora (pra­ças onde se davam as assembleias na democracia grega).

GRAÇAS AO ÓCIO …

… os poucos cidadãos da época podiam dedicar-se às artes, à filosofia, à literatura, às invenções, à política, à música e principalmente à arte da retórica utilizada nos debates, nas relações humanas que agregam algum valor.

PRATICAR …

… o ócio, no entanto, não significava deitar na rede e ficar olhando a vida passar. E não se pode descartar que toda a evolução científica e tecnológica ve­rificada até aqui foi obtida por aqueles que se dedicaram ao ócio e não ao trabalho duro. Nos dias de hoje, para a grande massa alienada que é levada a acreditar no trabalho co­mo fator de evolução (e não na sustentação de uma pirâmide social injusta), toda a evolução teria sido então pensada, experimentada, criada por vagabundos.

INDO MAIS ALÉM, …

… o culto do ócio é a crença de que feliz mesmo é quem é rico sem ter de trabalhar, quando na verdade não adianta nada ter dinheiro se não se tiver conhecimento para aproveitar o ócio. Pela sua onipre­sente influência, vivemos todos no Brasil a eterna expectativa de ganhar na loteria, de arranjar algum emprego público, de granjear um cargo de confiança, de encontrar o padrinho perfeito, de descansar numa aposentadoria precoce, ou seja, só irá alcançar o ócio, ou a vagabundagem, o que sabe levar vantagem em tudo. Aquele que pratica a Lei de Gerson. Será que não é por esta falta de conhecimento que estamos vivendo o que estamos vivendo?

EU DIGO E REPITO…

… o tempo todo que nun­ca trabalhei e, princi­pal­­mente os mais chegados, parentes e amigos, logo rotulam este colunis­ta de “vagabundo”. Simples, o meu labor só se a­tin­ge no ócio. Não dá pa­ra ter inspiração ou exercitar o raciocínio, o entendimento, a reflexão crítica trabalhando 12 a 14 horas por dia numa indústria, num local específico, adquirindo calos nas mãos, ou seja, da forma que todo mundo enxerga o próprio trabalho.

ALIÁS …

… só pra refletir um pouco mais, você sabe de on­de se origina a palavra trabalho? Segundo a maioria dos dicionários etimo­lógicos, a palavra trabalho vem do latim “tripalium”, termo formado pela junção dos elementos tri, que significa “três”, e palum, que quer dizer “madeira”.

TRIPALIUM …

… era o nome de um instrumento de tortura constituído de três estacas de madeira bastante afiadas e que era comum em tempos remotos na região eu­ropeia. Desse modo, originalmente, “trabalhar” significava “ser torturado”.

NO SENTIDO …

… original, os escravos e os pobres que não podiam pagar os impostos eram os que sofriam as torturas no tripalium. Assim, quem “trabalhava”, naquele tem­po, eram as pessoas destituídas de posses.

MAS …

… desacelerando um po­uco, que as curvas são muitas e nem sempre dá para ultrapassar, ao que parece, neste período em que este jornalista transferiu seu local de prática do ócio e nun­ca da negação para outros rincões, aqui na terri­nha, continuaram jogando futebol e tocando muito samba e rock and rol.

OS ÚLTIMOS …

… acontecimento na área política começam a demarcar uma queda de braços que deverá ficar ma­is acirrada no próximo ano, quando teremos duas eleições importantes, uma delas mais determinante para as nossas vidas.

A PRIMEIRA …

… acontecerá no mês de abril e deverá decidir o futuro do Thermas dos Laranjais, que, como associação, impõe a obrigação de seus associados votarem em eleição para o comando da entidade por mais quatro anos.

ATÉ HOJE …

… o Clube Dr. Antonio Au­gus­to Reis Neves foi dirigido pelo empresário Be­nito Benatti, que foi seu ideali­zador e criador e te­ve como projetista de seu sonho o arquiteto Jorge Noronha.

NA ÚLTIMA ELEIÇÃO …

… Benito foi reeleito com quase 100% dos votos em chapa que teve co­mo vice-presidente, justa­mento o seu fiel escudeiro, Jorge Noronha.

PARA ESTA …

… eleição, o empresário que afirma para os mais chegados que ainda tem mais de 40 projetos para transformar em realidade no parque, também tem demonstrado seu desejo de passar a batuta diretamente a Noronha que sempre foi o seu braço direito, continuando a ter a última palavra e contribuindo com seu empreende­doris­mo para a viabiliza­ção dos projetos que ainda estão por vir.

UM DOS …

… que enchem os olhos do arquiteto Jorge Noro­nha e que seria também uma homenagem ao próprio empresário, seria o gigantesco “Monte Ve­natti”, a estilização de uma atração que simularia o Monte Vesúvio, na Itália, mas tendo em suas paredes redondas, diversos toboáguas, e no seu interior, ao invés de lava, teria piscinas, bares e outras atrações.

A OUTRA …

…  eleição que já está aí, batendo em nossa porta, é para presidente, senador, deputados federais, governador e deputados estaduais.

CLARO QUE …

… o que estará em jogo, diretamente ligado ao cenário local, serão as eleições de deputado federal e estadual e, por afinidade, possivelmente as de governador e senador.

É QUE …

… o ex-prefeito Eugênio José, ligado diretamente ao deputado federal Ro­drigo Garcia, hoje secretário estadual, além de trazer esta ligação com o deputado que pode sair candidato a governador ou senador, também deverá alçar voo rumo ou a câmara federal ou a estadual. Tu­do dependendo da decisão de seu cacique político.

JÁ PELA …

… outra força (o nosso sempre dualismo político do situação e oposição), a agora liderada pelo prefeito Fernando Cunha, conhecido por sua ligação com o senador Aloysio Nunes, hoje ministro do exterior, também poderá gerar ligações do olimpi­ense direta e indiretamente.

FERNANDO …

… claro que apoiará Aloysio seja para o governo do Estado, ou para qualquer outro cargo que queira postular. Mas também poderá ter que apoiar um dos que tiveram grande participação na sua eleição, o médico Nilton Ro­berto Martines, cujo filho, Fabio Martines, é o vice-prefeito de Fernando. O médico não esconde de ninguém que poderá também sair candidato a deputado federal ou estadual.

EM RAZÃO …

… de tudo isso e com base nesta panorâmica é que a gente tem que enxergar todas as marchas e contramarchas dos bastidores de Olímpia, a partir de agora, ou mesmo os acontecimentos dos últimos meses.

GENINHO …

… por exemplo, já estaria escalando seus bate-paus espe­cializados na contrainformação ou na chamada pós-verdade e até os chamados penas de aluguel que sempre tiveram que sobreviver pelo soldo do expressar o que os seus chefes mandam e matar na mente o que realmente pensam.

FERNANDO …

… também já deve estar se preparando para seus possíveis apoios e mesmo também utilizando de esquema de dominação para poder tentar controlar o inconsciente coletivo, também por técnicas de pós-verdade, embora menos invasivas e retrógradas das que o ex se notabilizou por utilizar. Quem viver e sobreviver, verá.

José Salamargo… cada vez mais com a certeza de que quer continuar cada vez mais “vagabundo”, sem negar em nenhum momento o seu próprio ócio. Vaga­bundear é preciso.

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