05 de março | 2016

Petralhas versus Coxinhas e Geninho vai ao supermercado

Compartilhe:

EMBORA…

… o mar não esteja pra peixe e o tempo deste ser que teima em dar seus “pi­tacos” (opinião) em tu­do quanto é tema ou teo­rema, esteja cada vez mais curto (o dia precisaria ter pelo menos 32 horas), claro, não poderia ficar de fora deste momento de convulsão pelo qual atravessa a nossa fraca democracia.

EM PRIMEIRO …

… lugar, e bastante assustador, parece que virou coisa normal a polícia descer a borracha em manifestante, ou em qualquer um que se ponha em seu caminho. A violência oficial foi insti­tu­cio­nalizada pelo menos em nosso Estado.

“SEGUNDAMENTE” …

… como diria o grande personagem de Dias Gomes, Odorico Paraguaçú, a justiça, via o brabão juiz Sér­gio Moro, com base nos parcos conhecimentos das regras gerais de direito, obtidas na escola e na banca de advocacia, meteu os pés pelas mãos no caso da condução coercitiva do ex-presidente Lula, a principal liderança existente na América Latina do último século.

NÃO …

… que isto seja justificativa para que tenha tratamento diferenciado. No entanto, o fato de o sê-lo e ser sempre uma ameaça para aqueles que estão articulando o quanto pior melhor para assumir o poder maior do país, também não serve como desculpa para praticar o arbítrio e ao invés de se buscar justiça, instituirmos um verdadeiro tribunal de inquisição, sem os mais básicos princípios constitucionais “da inocência”, “da legalidade”, “da ampla defesa”, “do contraditório”, “da proporcio­na­lidade da lei”, do “devido processo legal”.

TODA FORMA …

… de arbítrio, quando os fins começam a justificar os meios, a segurança e a liberdade de todos começa a ser ameaçada, uma vez que se aconteceu com a maior liderança existente no país e na América latina, com certeza, pode chegar até você, mero e pacato cidadão. E quando acontecer com você ou com algum dos seus, a “Inês estará morta”, pois você não vai ter toda a repercussão da imprensa e nem manifestantes protestando ao seu favor.

E O AMBIENTE …

… atual é de temor. Quem viveu na época da ditadura e teve acesso ao que realmente acontecia sabe como é ruim ver atos de tortura, de violência e de saber que até hoje centenas de mães, mulheres, irmãs e parentes ainda choram por Marias e Joãos que nem sabem onde foram enterrados.

O CLIMA …

… é parecido. A violência já está institucionalizada. E, agora querem tomar o poder de maneira capciosa, com um grande aparato publicitário e o domínio da mídia, criando uma realidade virtual que poderá tirar o bando de ladrões que eram pobres, para colocar os bandidos e drogados filhinhos de papai.

DÁ NOJO …

… ver bandidos da chamada oposição, um deles inclusive sobre o qual se suspeita até que seja usuário de drogas, e sobre os quais existem também dezenas de suspeitas, a todo instante, estarem na imprensa se postando de cidadão íntegros e como os únicos capazes de corrigir o ru­mo da nau à deriva, como se esta deriva não fosse resultado de sua própria campanha incessante para derrubar o governo que foi eleito pelo voto.

MAS …

… voltando para a esfera do direito, a condução coercitiva do ex-presidente Lula determinada pelo juiz Sérgio Moro provocou reações até na própria magistratura. O primeiro a se manifestar foi o ministro Marco Aurélio Mello, do SFT.

PARA ELE …

… a Polícia Federal deveria ter “observado os parâ­metros normais” e intimado Lula a prestar depoimento em vez de conduzi-lo coercitivamente.

PARA …

… Walter Maierovitch, juiz aposentado e ex-secretário nacional antidrogas do governo FHC, a decisão de Moro foi “arbitrária”. “Mais do que excesso, foi ilegal. O argumento de que ela era necessária à segurança de Lula não se sustenta. Bastava que se providenciasse a segurança necessária para que ele fosse depor e não usarem um instrumento que causa a sensação de que foi preso para poder prestar declarações. Criando realmente um clima de pi­rotecnia, de filme de terror.

PARA PIORAR …

… ainda mais, o Ministério Público do Estado de São Paulo, resolveu, esta semana, entrar em cena, no que parece mais uma ação de pirotecnia. Numa investigação sobre prejuízos que possíveis compradores de apartamentos do prédio que através de depoimentos pessoais e sem nenhuma prova concreta acusam Lula de que este teria tido um reformado para si por empreiteira.

ATÉ AÍ, TUDO BEM …

… embora Lula esteja sendo acusado de ter recebido doações de empreiteiras que trabalharam com verba federal oriundas da própria união ou de suas empresas coligadas, como a Pe­tro­brás, por exemplo, este colunista entende que o MP paulista poderia investigar o prejuízo dos compradores de apartamentos do edifício ou mesmo os investidores da tal da cooperativa que faliu.

MAS NÃO …

… dedicar quase a totalidade da denuncia para falar destas irregularidades e no final em apenas poucas folhinhas tentar desesperadamente atingir o ex-presidente sem nenhuma prova mais contundente e, o que é pior, pedir a sua prisão preventiva com base numa utopia jurídica é demais.

A LEI É CLARA …

… não dá para passar por cima dos princípios gerais do direito para, ao que parece, ganhar notoriedade, aparecer na mídia, ou simplesmente atender pedidos, ou sugestões, ou mesmo “ordens” de quem quer que seja.

O MP PAULISTA …

… conseguiu, desta feita, manchar sua imagem e dar direito aos que conseguiram enxergar além do que a educação pública pode oferecer de entender que este órgão que seria o responsável justamente pela fiscalização do cumprimento das leis, estaria atrelado e tomando decisões políticas atreladas a oposição dos coxinhas, contra os Pe­tra­lhas.

USAR COMO …

… argumento que o ex-presidente poderia atentar contra a ordem pública por ser a maior liderança política da América latina e, talvez, e apesar de tudo, o brasileiro mais respeitado no exterior nos últimos cem anos e, em razão disso poder provocar a movimentação violenta de seus correligionários é por demais abu­siva, irreal, ilógica e conseguiu achar opiniões contrárias até no seio dos Tucanos.

CONSEGUIU DESAGRADAR …

… a gregos e troianos, Petralhas e Coxinhas e, sem dúvidas, provocou um trauma na imagem do MP Pau­lista, não só no Brasil, mas também no exterior. Se a juíza que está até isolada em seu fórum para tomar a decisão aceitar o pedido de prisão preventiva do presidente estará rasgando a constituição, as regras gerais do direito e, com certeza, estará colocando em risco a própria democracia.

O MOMENTO …

… é certamente histórico para a política brasileira, com efeitos de força ainda desconhecidos, mas que levanta uma dúvida cruel, segundo o filósofo e professor da USP Vladimir Safatle em entrevista ao site UOL: “É briga de gângsteres ou é transformação política?”

PARA SAFATLE …

… “a gente chegou a um ponto muito sério, que eu diria que é assim: para que nós possamos ter um mínimo de confiança nas instituições brasileiras, nós precisamos ter provas de simetria, provas de que essas instituições agem de maneira simétrica contra qualquer ator político. Só que isso está longe de acontecer”.

SEGUNDO ELE …

… “A simetria significa que todos os atores envolvidos serão punidos. Porque uma coisa é clara: toda e qualquer pessoa que atentou contra o bem comum, que utilizou da sua posição de governo para adquirir be­nes­ses em relação ao bem comum, seja para si próprio, seja para seu grupo, merece ter uma punição exemplar. Não há o que se discutir nesse ponto. O que há de se discutir é: todos precisam passar por isso. E o que a gente está vendo é que isso não está acontecendo até agora.”

SE A SITUAÇÃO …

… continuar com esse sistema de assimetria, o tiro vai sair pela culatra. E o filósofo vai além: “alguém co­mo Lula, que está longe de ser uma pessoa inábil, do ponto de vista político, po­de, na verdade, até sair fortalecido desse processo”.

O MAIS GRAVE …

… no entanto, na opinião do filósofo, é que o eleitor fique à mercê de um cenário em que só importa de que lado da batalha ele está: o Flá-Flu, o azul contra o vermelho, o petralha versus o coxinha.

O PROFESSOR …

… Wladimir salienta: “Não são pessoas especiais, não têm que ser tratadas como pessoas especiais, mas todos devem ser tratados de maneira parci­mo­nio­sa. (…) Envolver um ex-presidente é uma questão delicada, você tem que ter muita segurança. (…) Não é tirando o garrote do Lula, mas é aumentando o gar­rote para todo mundo, inclusive para ele, de maneira muito clara.”

DO PONTO DE …

… vista de Wladimir, o momento atual da política brasileira dá provas de que está esgotado o processo de redemocratização iniciado no país em 1984.  “Nin­guém consegue mais prometer nada [na política], você percebe? É uma coisa meio salve-se quem puder, jogando a bola quente da corrupção na mão de cada um para ver o que acontece”.

TEMA PRINCIPAL …

… das investigações da Lava Jato, os desvios bilionários de dinheiro público envolvendo a Petro­bras são, para Safatle, não apenas um esquema de corrupção, mas “o funcionamento normal da democracia brasileira. A gente criou uma democracia que só funciona à base de corrupção. (…) A gente está em um momento em que precisamos criar novos atores políticos, está havendo um esgotamento de todos eles”.

DENTRO DESTE …

… contexto, quem acusa e investiga um sistema corrompido como este deveria, antes de tudo, provar que pode fazê-lo.

BOM …

… o futuro realmente ainda não aconteceu e temos que esperar pra ver. Mas uma verdade se firma como quase absoluta, principalmente se realmente na delação premiada de Delcídio estiverem membros da oposição: a política tupini­quim nunca mais será a mesma.

COMO EXEMPLO …

… local, este colunista cita a tomada de posição do atual prefeito que parece ter tirado a bunda da cadeira em seu último ano como prefeito e tem ido até visitar obras. No entanto, esta técnica populista parece não surtir mais efeito.

NO SÁBADO, …

… dia 5, por volta de 12 horas, o grande imperador genioso estava simplesmente fazendo compras num supermercado da cidade, onde, como faz todos os finais de semana, este ser que dá “pitacos” leva sua ge­­nitora para fazer compras.

CLARO, …

… o grande El Gênio parecia em plena campanha cumprimentando todo mundo e tentando parecer que era um olimpiense ou um consumidor como todos os outros que ali estavam (talvez esteja se preparando para disputar a eleição no Thermas, a segunda maior arrecadação na cidade) já que a prefeitura não pode mais.

ENTRETANTO, …

… não era essa a impressão que causava entre as pessoas. Este colunista ouviu de caixas a empa­co­ta­dores a seguinte interrogação: “Depois de sete anos resolveu aparecer?” Outro: “Será que ele acha que pode enganar a gente, aparecendo apenas em época de eleição”?

BOM …

… a grande marca do populismo é realmente essa. E o grande El Gênio jamais vai acreditar que a cidade esteja diferente do que mostram os filmes passados pelos seus puxa-sacos durante quase uma década. Ainda por cima deve se achar o grande caudilho que levou Olímpia rumo ao turismo mesmo tendo deixado a cidade regredir enquanto o Thermas e a iniciativa privada foram só crescimento.

“HABEMOS” …

… atrações, hotéis, etc, mas não temos cidade nem prefeito que a tenha administrado com capacidade, visando acompanhar o turismo e o futuro pode se mostrar tenebroso com as bolhas que estão para explodir. Sempre o prefeito que sucede o outro consegue ser pior que o anterior. Quem viver e sobreviver ao terremoto do Day After Genioso, com certeza, verá.

Compartilhe:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do iFolha; a responsabilidade é do autor da mensagem.

Você deve se logar no site para enviar um comentário. Clique aqui e faça o login!

Ainda não tem nenhum comentário para esse post. Seja o primeiro a comentar!

Mais lidas