04 de maio | 2014

Pra que sofrer? Pra que viver? Pra que morrer?

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TEM DIAS …

… que a gente se sente, como quem partiu ou morreu. A gente estancou de repente, ou foi o mundo então que cresceu. A gente quer ter voz ativa, nosso destino mandar, mas eis que chega a roda viva e carrega o destino pra lá…

GENTE …

… a bruxa parece que andou solta pelo nosso rincão nestes últimos dias. Não bastasse o grande número de olimpienses que deixaram este mundo para conhecer novas constelações, naturalmente, talvez em razão do frio, talvez em razão dos astros, talvez em razão do atual momento em que a cidade atravessa, carregada que está de energias negativas oriundas de um grande número de seres que passam a maior parte do seu tempo traquinando como sugar o néctar destes espíritos sem evolução que ainda não atingiram graus de discernimento suficiente para separar o joio do trigo, tivemos duas mortes violentas num espaço de tempo de menos de dois dias.

E O DESESPERO …

… leva à destemperança, a falta de perspectiva leva à violência, a falta de visão histórica leva ao desconhecimento, e a fuga da realidade para afugentar o medo leva ao entorpecimento e o conjunto cria nuvens carregadas de energias negativas e destrutivas que acabam desaguando com força sobre todas os espíritos que, des­pre­pa­rados, sem proteção, ficam à mercê do contágio deste vírus purulento que transforma as pessoas em meros números, zumbis que são comandados pela propaganda e chicoteados pela vontade de ter, controlados pelo suor e pisoteados pelo amargor de ver que nunca terão o que alguns poucos têm.

UMA MAIORIA …

… sem esperança se acomoda em pequenas prisões albergues, das quais só podem sair para produzir e têm que voltar todos os dias apenas para descansar e depois voltar, voltar e voltar, numa eterna repetição, até chegar o dia em que estarão tão combalidos pelo tempo, e não sendo mais úteis para o sistema serão abatidos pelas armas da falta de remédios, de atendimentos iguais aos oferecidos aos animais (claro, muitos animais têm atendimento melhores) e acabam morrendo à míngua, sem dignidade, sem honra, pois que moral é esta que trata seres humanos de maneira tão desigual?

VIVER …

… realmente não é só comer e dormir. É também conhecer a história para poder fazer a sua própria; é tentar enxergar o mundo para poder descobrir onde está o seu próprio; é preciso interagir com o próximo para descobrir quem se é; e, principalmente, é preciso despertar as emoções, enriquecer a razão, experimentar, andar, conhecer, conhecer e conhecer, saber para poder enxergar.

E É A PRÓPRIA …

… história que mostra que viver não é o que está acontecendo com a maioria de “nosotros”. É preciso muito mais. Nós somos muito mais. Temos direito a muito mais. Temos condições de nos emocionar mais, de sentir mais, de amar mais, de viver mais, de fazer mais, sem medo, sem essa violência que estamos vivendo hoje.

MAS UMA COISA …

… não vive sem a outra. Não dá para fecharmos os nossos olhos para a existência de uma maioria que vai passar uma vida inteira produzindo, como os escravos do passado, os bens que serão consumidos por uma minoria, se esta mesma minoria não consegue enxergar que, cada vez mais o seu mundo vai ficar pior por não conseguir ver que, para ser melhor teria que ser maior.

TÁ COMPLICADO? …

… Mas é complicado mesmo. Vivemos hoje, como se vivia há dois mil anos atrás. O que mudaram foram as formas. A situação é a mesma. Uns poucos se locupletam do suor da maioria escravizada e com os olhos tapados para uma realidade que nunca conseguirá enxergar.

MAS, O PIOR …

… é que a própria minoria hoje está se destruindo por não conseguir enxergar que, desde que o homem começou a estudar o próprio homem, não existe outra forma de se buscar a felicidade do que se criando condições para que outros também sejam felizes. Da República de Platão, passando pelo amor incondicional de Jesus, olhando com carinho o super-homem de Nietzche, ou mesmo sendo condenado à própria liberdade de Sartre, não dá para ser feliz sozinho. É preciso viver em grupo e este grupo tem que ter as mesma oportunidades pelo menos.

 

José Salamargo … A gente vai contra a corrente, Até não poder resistir, Na volta do barco é que sente, O quanto deixou de cumprir, Faz tempo que a gente cultiva, A mais linda roseira que há, Mas eis que chega a roda-viva, E carrega a roseira pra lá … Salve o mestre Chico…

 

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