17 de dezembro | 2017

Uma terra de doidos? Ou qual o resultado objetivo da Lava Jato?

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Do Conselho Editorial

Qualquer cidadão de bom senso, a cada dia, diante das inúmeras denúncias que a televisão, jornais, revistas, rádios, internet divulgam de corrupção no país, deve estar se perguntando acer­ca do resultado real e objetivo da operação Lava Jato em termos de mudança de comportamentos.

A princípio, a sensação que se tem é a de que se instalou no poder central a mais cínica e despu­dorada quadrilha que já pode ter comandado a república desde sua fundação.

E, no comando desta pretensa quadrilha, o primeiro presidente denunciado pelo cometimento de possíveis atos de corrupção e que não foi apeado do poder, por ter feito uso da máquina pública para comprar sua manutenção no poder.

Em suma, a maioria dos deputados e senadores se vendem e se corrompem de forma pública nas votações levadas a efeito no plenário e que são transmitidas pelas casas de representação mostrando um país sem lei comandado por homens sem caráter.

E por mais que a Justiça intervenha no processo solicitando investigações, abrindo sigilos e endossando ações de busca e apreensão mais parece aumentar a sensação de impunidade que envolve a classe política.

Se por um lado desenvolvem esforços para soterrar as investigações, do outro, dão o entendimento que ousadamente continuam com a mesma prática que fez nascer a operação Lava Jato, inspirada na operação Mãos Limpas da Itália.

Na Itália o rescaldo da operação conduziu ao poder o corrupto Silvio Berlusconi que provou em atitudes que nada havia mudado por lá a não ser o fato de que muitos atores da operação que visava o combate a corrupção foram eleitos e se corromperam no poder.

Por aqui a impressão que se tem agora é a de que afora a destruição da economia em vários setores tais como, da construção civil, naval petrolífero, científico, educacional, sistema de saúde, desmonte da malha de proteção aos trabalhadores, previdenciária, moradia, cultura, ampliação do desejo de censura e radicalização do discurso político, nada de bom foi produzido.

Se o discurso de combate a corrupção tivesse surtido efeito seria lógico que ao invés de ser evidenciado o tanto que se recuperou em termos econômicos em razão das operações, teria que ser destacado quanto se inibiu que fosse desviado neste período de operações por força do temor de ser investigado.

Contrário a isto o que se observa das notícias de prisões e de investigações é que os desvios de verbas continuam e se ampliaram.

Uma prova cabal de que parece que a Operação Lava Jato não deu certo é a distribuição das famosas emendas parlamentares.

Por demais conhecido que nessas emendas parlamentares que deputados premiam prefeituras e entidades costuma estar embutida a devolução de parte significativa dos valores envolvidos nas emendas para os bolsos de deputados, prefeitos, vereadores e responsáveis por entidades que as recebem.

Há muita e muita investigação acerca deste absurdo, e o dinheiro, desviado, proclamam alguns descarados, forram seu caixa dois e serve para elegê-los.

O governo atual, corrompido até a medula, descaradamente faz e fez uso destas vergonhosas medidas como fórmula para aprovar o impedimento do seu mandato, a reforma trabalhista e faz agora para tentar aprovar a reforma da previdência.

Todo este contexto de imoralidades, desejem ou não os defensores das operações de combate a corrupção, vão, sem sombra de dúvidas, gerar a possibilidade de muitos e muitos inquéritos no futuro como prova de que tudo mudou para nada ser mudado.

Neste aspecto, infelizmente, a população descrente, que sabe que as operações parecem não ter intimidado ninguém vai desacreditando cada vez mais dos políticos, da justiça ou de qualquer instituição que se pretenda como honesta no país.

Não vendo resultados reais, como não está vendo, o cidadão comum tende a ficar indiferente a tudo.

Fica motivada a descrença e com isto arrasta para a falta de credi­bilidade todas as instituições que alardeiam em demasia o esforço para acabar com o que é impróprio para a sociedade e não consegue demonstrar o resultado de seu trabalho em razão do crescimento das ações em torno das ilicitudes que proclama combater.

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