16 de julho | 2021

Cigarro também faz mal para os ossos

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É verdade que cada um é livre para viver como quiser, mas ninguém deveria fumar. O assunto “tabaco” dá mesmo o que falar. É sabido que o fumo causa sérios danos aos pulmões, mas o que poucos sabem é que esta droga também é capaz de causar outras lesões, como nos ossos, cegueira e envelhecimento precoce da pele.

As mulheres são grandes prejudicadas nisso; quando na menopausa, ela perde cerca de 0,5% de massa óssea anualmente e isto faz parte do processo de envelhecimento, mas quando é fumante perde mais de 1% ao ano.

O mecanismo desta perda está ligado à interação entre o fumo e o estrógeno, além da liberação de radicais livres, os quais atuam antagonicamente ao hormônio feminino. Há uma diminuição da função da célula que produz a matriz óssea, chamada de osteoblasto, pela diminuição da concentração de oxigênio no sangue.

Segundo especialistas em Ortopedia, o fumante que quebra um osso também demora mais para se curar do que quem não fuma. O grande risco de fraturas está ligado ao número de cigarros fumados ao dia, e este é maior entre as pessoas de pele clara e magras, que praticam pouca ou nenhuma atividade física. Ao parar de fumar, o risco de fraturar o fêmur, por exemplo, só diminui após dez anos.

Quando se trata de outras lesões, o cigarro também pode causar dor nas costas e hérnia de disco, frear o processo de cicatrização de feridas, pois diminui o fluxo de sangue na pele e atrasa a consolidação de fraturas.

O fumante, de modo geral, costuma ter hábitos de vida nocivos à saúde, como erros na alimentação e sedentarismo. Isto, isoladamente, já seria motivo para o aumento da incidência de dores nas costas, comum em pessoas acima do peso e com musculatura mal condicionada. No caso específico da ocorrência de hérnias de disco, a chance de cura após o tratamento cirúrgico da mesma é menor para quem fumou nos últimos 15 anos ou mais. Há também maior incidência de hérnias de disco em quem fuma.

Estudo envolvendo gêmeos idênticos, no qual um fumava e outro não, a incidência de dor nas costas não variou, mas a ressonância magnética da coluna vertebral mostrou discos mais doentes no grupo que fumava, o que predisporia ao aparecimento de hérnias e sintomas.

Parece que a causa desta alteração está ligada a uma nutrição menor do disco e dos tecidos ao redor, pela baixa concentração de oxigênio e por fenômenos de micro oclusão de pequenos vasos sanguíneos, resultado de alterações na coagulação do sangue motivadas pelo fumo. Homens e mulheres acima de 50 anos têm três vezes mais chance de ter dor nas costas quando fumam mais que um maço ao dia. Por algum motivo, esse risco não ocorre em mulheres fumantes entre 30 e 40 anos, quando comparado às não fumantes.

O cigarro diminui o fluxo de sangue na pele, pela vasoconstrição periférica causada diretamente pela ação da nicotina, além também da diminuição da concentração de oxigênio, substituído pelo monóxido de carbono. Há diminuição da síntese de colágeno e consequente dificuldade de cicatrização. Isto vai contribuir também com aumento expressivo nas infecções pós-operatórias, pela falta de cicatrização no tempo correto.

Ainda segundo estes mesmos especialistas, podem surgir também doenças reumáticas, tais como a artrite reumatoide, esta que é significativamente mais elevada em mulheres que fumam ou já fumaram.

Um estudo envolvendo mais de 100 mil pacientes demonstrou que a ocorrência de artrite reumatoide é significativamente mais elevada na mulher que fuma ou que já fumou, principalmente se o volume diário de cigarros foi maior que 15.

Assim, mais do que parar de fumar para evitar a morte precoce, o objetivo de largar o cigarro envolve melhora na qualidade de vida e no bem-estar do dia a dia.

 

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