10 de março | 2013

Emoção e arqueologia no Parque Nacional Serra da Capivara

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A formação que mais impressiona no Parque Nacional Serra da Capivara é a da Pedra Furada, uma abertura de 15 metros de diâmetro num paredão com mais de 60 metros de altura, o cartão-postal do local / Aureliano José Nogueira Neto

 

Veado Matreiro, parte da fauna nativa da Serra da Capivara. O Parque Nacional Serra da Capivara abriga espécies endêmicas, ou seja, animais encontrados somente nesse tipo de ambiente. Além de espécies restritas geralmente à região, as endêmicas, há também os predadores / Aureliano José Nogueira Neto

 

 

Se você gosta de emoção e arqueologia, uma boa opção é conhecer o Parque Nacional Serra da Capivara que acolhe com seus vestígios o homem mais antigo das Américas, sendo assim, conhecido como o "berço do homem americano" pela comunidade científica internacional. A 510 quilômetros de Teresina, capital do Piauí, o Parque de 129 hectares é um monumental museu a céu aberto, com belíssimas formações rochosas, onde estão os sítios arqueológicos e paleontológicos, que testemunham à presença do homem e dos animais pré-históricos. O Parque Nacional Serra da Capivara está localizado no sudeste do Estado do Piauí, ocupando áreas dos municípios de São Raimundo Nonato, João Costa, Brejo do Piauí e Coronel José Dias. A maneira mais rápida de chegar ao Parque é através de Petrolina, cidade do Estado de Pernambuco, da qual dista 300 quilômetros. A cidade de Petrolina dispõe de um aeroporto onde opera atualmente três companhias aéreas, ligando a região com Recife, Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília.

A criação do Parque Nacional Serra Capivara teve múltiplas motivações ligadas à preservação de um meio ambiente específico e de um dos mais importantes patrimônios culturais pré-históricos.
Em 1991 a UNESCO, pelo seu valor cultural, inscreveu o Parque Nacional na lista do Patrimônio Cultural da Humanidade. Em 2002 foi oficializado o pedido para que o mesmo fosse declarado Patrimônio Natural da Humanidade. Em torno do Parque foi criada uma Área de Preservação Permanente de dez quilômetros que constitui um cinto de proteção suplementar e na qual seria necessário desenvolver uma ação de extensão.

Depois de criado, o Parque Nacional esteve abandonado durante dez anos por falta de recursos federais. Análises comparativas das fotos de satélite evidenciaram esse fato. Durante este período a Unidade de Conservação foi considerada “terra de ninguém” e como tal, objeto de depredações sistemáticas. A destruição da flora tomou dimensões incalculáveis; caminhões vindos do sul do país desmatavam e levavam, de maneira descontrolada, as espécies nobres. O desmatamento dessas espécies, próprias da caatinga, aumentou depois da criação do Parque, em decorrência da falta de vigilância.

A caça comercial se transformou numa prática popular com consequências nefastas para as populações animais que começaram a diminuir de forma alarmante. Algumas espécies, como os veados, emas e tamanduás praticamente desapareceram. Estes fatos tiveram consequências negativas na preservação do patrimônio cultural. A falta de predadores naturais provocou um crescimento descontrolado de algumas espécies, como cupim ou vespas cujos ninhos e galerias destroem as pinturas.

As causas desta situação são em parte externas à região, mas também decorrem da participação da população que vive em torno do Parque. São comunidades muito pobres, algumas das quais exploravam roças no interior dos limites atuais do Parque. Estas populações dificilmente compreendem a necessidade de proteger espécies animais e vegetais uma vez que os seres humanos apenas logram sobreviver. Assim, a população local depredava as comunidades biológicas e o patrimônio cultural do Parque Nacional e áreas circunvizinhas, pela caça, desmatamento, destruição de colméias silvestres e a exploração do calcário de afloramentos, ricos em sítios arqueológicos e paleontológicos.

O Parque Nacional está estruturado para a visitação. Existe quatorze circuitos compostos por várias trilhas para acessar os sítios arqueológicos e lugares de interesse natural para visitar monumentos geológicos, a paisagem, formações vegetais, aves e outros animais, sem perigo para as pinturas e para os visitantes. Certas trilhas foram utilizadas pelo homem na Pré-História, sendo comum achar abrigos pintados em ambos os lados.

A preservação deste Parque Nacional, ímpar por sua riqueza cultural e pela natureza única de sua vegetação, não depende somente dos organismos encarregados de sua proteção. Você, turista, também tem sua responsabilidade para permitir que esta tradição cultural que atravessou os séculos possa ser admirada pelas novas gerações.

O Centro de Visitantes do Parque é um ponto de encontro e também o ponto final de algumas trilhas, onde os visitantes podem repor as energias e encontrar com outras pessoas que estão visitando o Parque ou que nele trabalham. Os pontos de visitação no Parque Nacional são muito diversificados, como, também, os diferentes modos de acessá-los.

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