02 de março | 2014

Fernanda Montenegro, um doce de atriz

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O “Doce de Mãe” começou como um especial de final de ano, exibido pela Globo em dezembro de 2012, fez tanto sucesso que voltou como série e deverá permanecer na grade fixa de programação. A personagem central é Dona Picucha, uma velhinha simpática e moderna, interpretada por Fernanda Montenegro / Fabio Rebelo-RG

 


Quem acompanha as aventuras de Dona Picucha (Fernanda Montenegro) sabe que ela é doce, mas nem por isso os filhos conseguem dobra-la tão facilmente / Fabio Rebelo-RG

 


 

Fazendo o maior sucesso como Dona Picucha, na série “Doce de Mãe”, Fernanda Montenegro colhe os frutos do respeito e reconhecimento por uma carreira de que começou há mais de meio século.

O “Doce de Mãe” começou como um especial de final de ano, exibido pela Globo em dezembro de 2012, fez tanto sucesso que voltou como série e deverá permanecer na grade fixa de programação.

Quem acompanha as aventuras de Dona Picucha sabe que ela é doce, mas nem por isso os filhos conseguem dobra-la tão facilmente. De boa índole, não costuma ver maldade nas pessoas e é justamente isso que deixa Sílvio (Marco Ricca), Elaine (Louise Cardoso), Fernando (Matheus Nachtergaele) e Suzana (Mariana Lima) de cabelos em pé. Os quatro vivem socorrendo a “doce mãe” em suas artimanhas. E nova personagem entrou na vida de Dona Picucha, a pediatra Rosa (Drica Moraes); a boa velhinha suspeita que Rosa seja filha de seu falecido marido, Fortunato. Determinada a descobrir a verdade, Dona Picucha foi morar em um asilo e alugou a casa, por um preço bem camarada, à Rosa. Dessa maneira, pode acompanhar o dia a dia da médica.

Quanto à vida no asilo, Dona Picucha alterou completamente a rotina de todos os moradores do lugar. Mudou para melhor.

Falando da atriz, recentemente Fernanda Montenegro interpretou a Candinha Rosado, no remake de “Saramandaia”. Como sempre, deu show de interpretação uma vez que Candinha Rosado vivia entretida com galinhas imaginárias, mas para fazer as cenas ela contracenou com cerca de trinta galinhas, bem reais e cheias de pena. Com toda sua experiência, ela enfrentou este trabalho com a maior naturalidade.

A atriz nasceu em 1929, na cidade do Rio de Janeiro, numa casa de portugueses e italianos e foi batizada com o nome de Arlette Pinheiro Esteves da Silva.

Ela enveredou-se no meio artístico aos 15 anos de idade quando participou de um concurso da Rádio MEC que selecionou redatores, locutores e atores de rádio.

A estreia no teatro foi em 1950, na peça “3.200 Metros de Altitude”, ao lado de Fernando Torres.

A história desta “grande dama do teatro” é extensa e digna de nota. Ela foi a primeira atriz contratada da TV Tupi do Rio de Janeiro e ficou na emissora entre 1951 e 1953, participando de cerca de 80 peças.

No ano de 1952 ganhou o prêmio de Melhor Atriz Revelação da Associação Brasileira dos Críticos Teatrais por seu trabalho em dois espetáculos. Nesta mesma época fez parte da Companhia Maria Della Costa e do Teatro Brasileiro de Comédia.

Ao lado do marido, Fernando Torres, montou a Companhia dos Sete congregando na época os atores Sérgio Britto, Ítalo Rossi, Giani Ratto, Luciana Petruccelli e Alfredo Souto. Desde então, recebeu vários outros prêmios por seu trabalho. No ano de 1970 afastou-se da televisão durante nove anos. A sua volta deu-se em 1979 quando participou de “Cara a Cara”, novela de Vicente Sesso exibida pela TV Bandeirantes. 

A sua estreia na Globo foi em 1981 em “Baila Comigo” interpretando Sílvia Toledo Fernandes e logo depois apareceu em “Brilhante” na pele da milionária Chica Newman.

Inesquecíveis mesmo são suas cenas ao lado do saudoso Paulo Autran, na primeira versão de “Guerra dos Sexos”, de Sílvio de Abreu, na qual eles viveram os primos Charlô e Otávio. No ano de 1986, em “Cambalacho”, novamente numa história de Sílvio de Abreu, ela protagonizou situações hilárias na pele de Naná, ao lado de Gegê, personagem do também grandioso e saudoso Gianfrancesco Guarnieri. 

Os personagens marcantes são inúmeros. Tem a Vó Manuela, de “Riacho Doce”; Salomé, em “A Rainha da Sucata”; Olga Portella, em “O Dono do Mundo”; Jacutinga, na primeira fase de “Renascer”; Madalena Moraes, em “O Mapa da Mina”; Quitéria Campolargo, no memorável “Incidente em Antares”; Zazá, personagem título da novela; Nossa Senhora, no “O Auto da Compadecida”; Lulu de Luxemburgo, em “As Filhas da Mãe”; a italiana Luiza, em “Esperança”; a Madrasta e Dona Cabeça, em “Hoje É Dia de Maria”; a ardilosa Bia Falcão, em “Belíssima”; Iraci, em “Queridos Amigos” e Bete Gouveia, em “Passione”.

O reconhecimento também veio através do convite feito pelo então Presidente José Sarney que gostaria de ter Fernanda Montenegro como Ministra da Cultura, mas atriz recusou. No ano de 1999 foi condecorada com a maior comenda – a Ordem Nacional do Mérito Gran Cruz.

A atriz tem seu nome ligado ao cinema brasileiro e em 2004 recebeu o prêmio de Melhor Atriz no Festival de Tribeca, em Nova Iorque. Entre suas atuações no cinema nacional, destacam-se “A Falecida” (1964) e “Eles Não Usam Black-Tie” (1980), ambos de Leon Hirszman; “Olga”, de Jayme Monjardim, no qual interpretou Leocádia Prestes, mãe do líder comunista Luís Carlos Prestes; ”Redentor” (2004), dirigido por seu filho, Cláudio Torres; “Casa de Areia” (2005), filme dirigido pelo genro Andrucha Waddington, e “O Amor nos Tempos do Cólera” (Love in The Time of Cholera), de Mike Newell, lançado em 2007, no qual  fez a personagem Tránsito Ariza, mãe do personagem do ator espanhol Javier Bardem. A sua atuação mais recente no cinema brasileiro foi como narradora no filme “As Aventuras de Agamenon, o Repórter”.

E vale lembrar ainda o “Central do Brasil”, de Walter Salles que foi indicado ao Oscar por sua atuação. A atriz ganhou o prêmio Urso de Prata no Festival de Cinema de Berlim por este trabalho.

Mas o maior prêmio que Fernanda Montenegro conquistou em sua carreira, veio no final do ano passado, quando ela foi premiada durante a 41ª edição do “International Emmy Awards”, na cerimônia de gala que aconteceu em Nova York, nos Estados Unidos, Fernanda venceu na categoria Melhor Atriz por Dona Picucha. Ela foi a primeira atriz brasileira a vencer o “Emmy” e a única já indicada ao Oscar, Fernanda recebeu a estatueta no palco das mãos do ator americano Steve Guttenberg e se emocionou ao comentar o significado do prêmio: "Estou muito emocionada e admito agora que fiquei nervosa. Não imaginava ganhar esse prêmio! Estou muito feliz!", relatou.

Fernanda Montenegro casou-se com o também ator Fernando Torres em 1953 e eles tiveram dois filhos, a atriz Fernanda Torres e o cineasta Cláudio Torres. O marido da atriz morreu em 2008.

Apesar da fama, a família de Fernanda Montenegro sempre foi muito discreta e não é dada a badalações. 

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