23 de abril | 2018

O livro O Idiota chegou nas livrarias

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O Idiota
Em preto e branco, e num registro quase sem palavras, André Diniz propõe uma recriação surpreendente de “O Idiota”, obra máxima de Fiódor Dostoiévski. Publicado em 1869 e escrito em meio a crises epilépticas e perturbações nervosas e sob a pressão de severas dívidas de jogo, o romance é um dos mais célebres da literatura mundial. Sua oralidade intensa encontra na explosão e na fluidez, na ternura e na enorme capacidade expressiva do traço de Diniz, uma correspondência única.  A história é conhecida: após anos internado num sanatório suíço para tratar sua epilepsia, o jovem Míchkin retorna à Rússia e se vê envolvido num triângulo amoroso cujos ares folhetinescos darão o tom desta adaptação. Entre a vilania de Rogójin, um devasso perdulário que dilapida a fortuna herdada de seu pai, e a beleza arrebatadora de Nastácia Filíppovna, acompanharemos Míchkin e sua pureza quixotesca até o desenlace desta bela e trágica graphic novel.  Com 416 páginas, o livro é um lançamento da Editora Quadrinhos na Cia.

Reserva Natural
Em “Reserva Natural”, a natureza nem sempre é idílio, nem sempre é inferno. Inclui o homem, compete com ele, atiça-o e o ameaça. Formas de vida de uma comovedora e constrangedora simplicidade — bactérias, micróbios, células cancerosas — “executam suas funções biológicas sem prazer ou dor, sem juízo crítico”.  Uma mulher coleciona, em vidrinhos, um pouco do ar de Paris, e humanos intrusos investigam e emulam os jogos sexuais entre as orquídeas e os insetos. Há um momento de enlevo na mesa de um massagista, um momento de alegria para o corpo, e há o pavor da morte junto ao mar, justo quando a vida parece mais intensa e inebriante. Nesses momentos, e em tantos outros, Rodrigo Lacerda nos mantém em suspenso, pregados ao texto, a esse mundo do qual estranhamente nos distanciamos. A segurança com que assume vozes distintas e a destreza com que nos enreda nessas narrativas mostram, uma vez mais, por que está entre os autores mais relevantes do país. Com 184 páginas, o livro é um lançamento da Editora Companhia das Letras.

A Incendiária
Após anos esgotado no Brasil, “A Incendiária” volta às livrarias como parte da Biblioteca Stephen King, coleção de clássicos do mestre do terror em edição especial com capa dura e conteúdo extra. No livro, Andy e Vicky eram apenas universitários precisando de uma grana extra quando se voluntariaram para um experimento científico comandado por uma organização governamental clandestina conhecida como “A Oficina”. As consequências foram o surgimento de estranhos poderes psíquicos — que tomaram efeitos ainda mais perigosos quando os dois se apaixonaram e tiveram uma filha. Desde pequena, Charlie demonstra ter herdado um poder absoluto e incontrolável. Pirocinética, a garota é capaz de criar fogo com a mente. Agora o governo está à caça da garotinha, tentando capturá-la e utilizar seu poder como arma militar. Impotentes e cada vez mais acuados, pai e filha percorrem o país em uma fuga desesperada, e percebem que o poder de Charlie pode ser sua única chance de escapar. Com 450 páginas, o livro é da Editora Suma de Letras.

O Romance Luminoso
No ano 2000, Mario Levrero recebeu uma bolsa da Fundação Guggenheim para terminar de escrever “O Romance Luminoso”. O livro tinha sido iniciado em 1984, na mesma época em que o autor, endividado, se mudou de Montevidéu para Buenos Aires à procura de trabalho. Com a bolsa, em vez de se dedicar ao romance, no entanto, Levrero se lançou à escrita febril de um diário da escrita do romance, diário este que se tornaria, ele mesmo, o seu magistral “O Romance Luminoso”. O livro narra em detalhes às confusões cotidianas de um homem de sessenta anos. Estão aqui todos os tiques de um narrador obsessivo tomado por fobias e superstições. Para o autor uruguaio, a possível transcendência só poderia surgir da repetição de manias que atribui à vida real sua condição de permanente adiamento. Assim, a procrastinação e a busca deste livro “luminoso” são a própria matéria de que são feitas as horas, e a aventura literária se insinua através de idas e vindas da espera simbolizada pelos relatórios irônicos do andamento do projeto ao “Sr. Guggenheim”, por visitas amorosas, madrugadas insones em frente ao computador, a busca pelo significado dos sonhos, passeios pelas ruas de Montevidéu e advertências, prefácios, prólogos e epílogos. Com 646 páginas, o livro é um lançamento da Editora Companhia das Letras.

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