21 de setembro | 2021

Raul de Taunay recobre de história e antropologia social o romance “Meu Brasil Angolano”

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D’Angelo – O Viajante de Conca

O romance é, geralmente, relacionado a uma narrativa que envolve uma história de amor entre um homem e uma mulher. Mas, é possível construir uma trama que vai além de uma paixão tórrida? “D’Angelo – O Viajante de Conca”, livro de estreia do escritor Sérgio Giacomelli, prova que sim. Embora o enredo principal seja os encontros e desencontros de Matteo, empresário do ramo da moda, e Valentine, proprietária de um hotel na Costa Amalfitana, a trama vai além de uma simples história de amor. O escritor traz para as páginas deste romance – que se passa na Itália no pós-guerra – assuntos como empoderamento feminino, parentalidade e pioneirismo empresarial.  O livro apresenta a emocionante história de Matteo, um homem com mais de 40 anos que perdeu a esposa e a filha durante a Segunda Guerra Mundial e passou a criar o filho sozinho, em Milão. Para mostrar as diversas facetas do amor, Sérgio evidência o vínculo entre pai e filho e como essa relação de cumplicidade e afeto são imprescindíveis para o crescimento dos personagens. Ainda, todas as figuras femininas são inseridas com uma história forte, elas são determinadas e donas de si. Um exemplo disso é a protagonista, que apresenta uma personalidade marcante de independência. Valentine nunca se prendeu a nenhum homem, nem mesmo por amor. Com uma escrita envolvente, a obra marcada pelas relações interpessoais, traz uma família devastada pela guerra e um empresário pioneiro no mundo da moda que trata seus funcionários com muito respeito e admiração. Trata-se de um romance de época cheio de detalhes, descrito de forma sensível, com cenários encantadores, que transporta o leitor para o passado e o faz refletir sobre como a amor pode se apresentar de diferentes maneiras. Com 294 páginas, o livro é da Editora Vereda.

 

Felicidade na Prática

Depois de superar uma depressão profunda aos 25 anos e guiada pelos tsurus – origami de um pássaro japonês símbolo da paz – a brasileira Lígia Oizumi abandou tudo no Brasil e seguiu rumo ao Japão em busca da sua missão. Todos os aprendizados desde a saída do país até Nova York, onde mora atualmente, estão no livro “Felicidade na Prática”. A obra narrada em primeira pessoa abre detalhes da jornada da escritora em busca da felicidade. Os tsurus, como já denuncia a capa da produção, são peças-chave na história de Lígia. Capítulos completos foram destinados para falar sobre o projeto Cultura da Paz, idealizado pela autora. A ação tem origem na lenda japonesa sobre a produção de mil dobraduras para a realização de um desejo. Em menos de um ano, 30 mil voluntários brasileiros entregaram mais de 100 mil origamis para pacientes em mais de 20 hospitais, asilos e monumentos sagrados do Brasil, Israel, Palestina e Japão. Foi por meio do projeto que Lígia chegou aos Estados Unidos em um evento da Organização das Nações Unidas (ONU) e lá encontrou um grande amor, conforme conta no livro. Por meio da trajetória no Japão, Nepal e Estados Unidos, a escritora ensina técnicas práticas para que o leitor não deixe a própria felicidade nas mãos de outras pessoas, além de detalhar o segredo oriental para uma vida longa, feliz e com propósito. A história de coragem de alguém que deixou seu país em busca de um sonho também reúne ensinamentos milenares eficazes para os problemas que todos enfrentam no dia a dia. Lidar com a ansiedade, viver em paz com os sofrimentos e transformar pensamentos negativos e inúteis em pensamentos úteis e positivos são questões abordadas pela autora, por exemplo. O livro tem 240 páginas.

 

Meu Brasil Angolano

Testemunha ocular do processo pela independência de Angola, o escritor Raul de Taunay recobre de história e antropologia social o romance “Meu Brasil Angolano”. O enredo tem como cenário a cidade de Luanda, em 1992, quando o autor, em missão diplomática, presenciou a guerra civil que por décadas sangrou o país. Inteiramente escrita na capital sitiada, a obra faz referência à batalha travada pelas tropas do MPLA e da Unita, milícias opositoras que se encontram pela primeira vez dentro do perímetro urbano de Luanda. Também revela os aspectos sociais e culturais de uma sociedade consumida entre movimentos de libertação, ingerências externas e um contexto político polarizado. “Meu Brasil Angolano” é o relato de descobertas, sobrevivências, romances cálidos, batalhas ferozes e aventuras inéditas num continente desconhecido do grande público, embora localizado bem em frente ao Brasil. Aliás, o governo brasileiro foi o primeiro a reconhecer a independência de Angola, outro fato explorado nesta obra histórica. Diplomata também formado em Direito, Raul de Taunay nasceu na França, mas considera-se brasileiro – como previsto pela Constituição Federal, por ser filho de diplomatas brasileiros em missão no exterior. E foi aqui que a escrita, apreciada desde a infância, se profissionalizou. Estimulado, segundo ele, pelos relatórios de política externa de brilhantes analistas que lhe chegavam às mãos. Como escritor, é autor de romances, livros de poesia, ensaios, artigos e análises do cenário internacional. São 12 livros, publicados a partir do começo dos anos 1980. Em 2005, foi agraciado pela Academia Brasileira de Letras com a Medalha João Ribeiro, sua mais importante comenda que homenageia os destaques no âmbito editorial e cultural brasileiro. Com 260 páginas, “Meu Brasil Angolano” é da Editora Pandorga.

 

Uma Tristeza Infinita

Nicolas, um jovem psiquiatra francês, é convidado para trabalhar na Suíça logo após o fim da Segunda Guerra Mundial. Junto com a  esposa Anna, ele se muda para um pequeno vilarejo, próximo ao hospital psiquiátrico onde vai trabalhar. O lugar, conhecido por seus métodos humanizados de tratamento, recebe internos de toda a Europa. Resistindo a prescrever tratamentos como o eletrochoque, Nicolas conversa com seus pacientes até que algo seja descoberto – tanto no inconsciente do doente quanto no do próprio médico. Assim, diversas feridas de guerra vêm à tona, em um jogo delicado que mistura confiança e loucura. Tendo como pano de fundo o contexto de desenvolvimento das primeiras drogas contra a depressão e outras doenças psíquicas, Antônio Xerxenesky constrói um romance tocante sobre os traumas, o passado e a possibilidade de ser feliz apesar do sofrimento. Com 256 páginas, o livro é da Editora Companhia das Letras.

 

 

 

 

 

 

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