28 de junho | 2009

Abandono fez lagoa do Córrego dos Pretos perder 50% de sua capacidade

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A falta de serviços de manutenção desde que foi implantada, fez a Lagoa de Tratamento de Esgotos do Córrego dos Pretos, responsável pelo tratamento de dejetos da zona leste da cidade, perder cerca de 50% de sua eficiência do resultado desejado.

A informação foi confirmada nesta semana pelo diretor superintendente do Departamento de Água e Esgoto do Município de Olímpia (DAEMO), Valter José Trindade, durante entrevista exclusiva que concedeu à reportagem desta Folha da Região, na tarde da terça-feira, dia 23.

“E isto, nós estivemos no local e percebemos que nunca foi feito. Mesmo consultando os funcionários aqui, a lagoa foi construída e ficou lá. Não deram manutenção e nada foi feito”, afirmou.

De acordo com Trindade, se trata de uma lagoa do tipo australiana, de construção fácil e barata, mas que exige manutenção mínima diária. “Ela (lagoa) tinha que ter a remoção de 85% de matéria orgânica e vai para o meio ambiente 15%, que vai cuidar desse restante. Como ela perde eficiência está em torno de 50%.

A última análise que eu vi está com 56% de eficiência. Não está tratando adequadamente o esgoto”, explicou.

Trindade explica que a manutenção diária consiste em fazer a limpeza do gradil para retirar os detritos que chegam pelo esgoto. “Você tira diariamente e limpa a peneira e a caixa de areia”, informou.

“O esgoto traz muita areia e ela tem um separador de águas que quando enche a caixa de areia você passa para outra caixa para limpar aquele lado e tem que manter essa manutenção uma vez por dia, no mínimo”, acrescentou.

Para realizar o trabalho, segundo o diretor: “tem que ter um funcionário ali que três vezes por dia ele retira os dejetos e coloca numa caçamba para depois levar ao aterro sanitário. Um funcionário e estaria com eficiência total”. Para tanto, haveria um custo estimado em cerca de mil reais por mês.

No entanto, por enquanto a Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental), órgão vinculado à Secretaria de Estado do Meio Ambiente, de São Paulo, embora com análises que indicam o problema, ainda não demonstra preocupação com a situação atual.

“A Cetesb tem análise disso, mas a preocupação dela é que Olímpia cuide do restante do esgoto, mas com certeza, assim que uma estiver pronta (outra lagoa), se não estiver solucionado o problema ela vai exigir”, diz preocupado o diretor.

Não adianta maisPorém, se passar a fazer a manutenção agora, de pouco vai adiantar em relação ao tratamento. O diretor explica que apenas vai eliminar a possibilidade da lagoa continuar assoreando. Em relação à eficiência o sistema hoje exige um investimento maior: “mas como requer investimento porque o sistema de grade não existe mais, estamos estudando essa possibilidade e antes de fazer essa manutenção diária, a gente precisaria retirar a areia de dentro ou mudar de lugar. Essa decisão ainda não está tomada”.

A dúvida está entre fazer a limpeza total, o que demandaria um investimento muito alto, ou mudar a lagoa de local, levando-a mais adiante, depois do Jardim Santa Fé. A decisão, segundo Trindade está na possibilidade de surgirem novos loteamentos naquela região.

A proximidade da lagoa com o perímetro urbano seria um entrave para os futuros loteadores, que podem até ter interesse em fazer uma parceria para a mudança de local para atender as exigências da Cetesb. De acordo com ele os loteadores falam em lotear, mas ainda não pediram as diretrizes.

Por isso até acredita num entendimento e na possibilidade de uma parceria para transferir a lagoa daquele local. “Com isso eles ganhariam toda aquela área ali, mais de oito alqueires, possibilitando lotear toda aquela área”, comentou.

Mas caso não saiam essas parcerias, a limpeza será feita. Mas o diretor avisa que é um trabalho que além de ter alto custo, exige bastante tempo para realizar o trabalho que é bastante técnico. Entretanto, Trindade ainda não um valor específico. “Mas não é barato”, enfatiza.

“Um loteador me procurou e, em função dessa distância que a Cetesb exige da lagoa, ele vai perder em torno de quatro alqueires, o que corresponde de 150 a 200 lotes. E tem um outro que vai (perder espaço) e isso vai dar em torno de oito alqueires que vão perder em função da distância que tem que ser observada. Isso da em torno de 400 lotes. Eles estão vendendo na faixa de R$ 20 mil, é um valor significativo que eles, se entenderem fazer uma pareceria, dá até para a gente tirar dali”, reforçou.

Lagoa
A lagoa, que tem cerca de 10 anos de funcionamento, foi projeta para atender a 10 mil habitantes e está, atualmente, com a carga máxima. Trindade estima que a região que engloba os Jardins Luiz Zucca, Antônio José Trindade, Menina-Moça, Paulista, Campo Belo, Santa Fé e Alvorada, principalmente, abrigue aproximadamente 15% do total de habitantes da cidade.

Embora sem um prazo definido de duração, a lagoa foi construída com prazo de aproximadamente 20 anos de eficiência, calculado em relação à quantidade de habitantes da região.

“À medida que a população vai aumentando você tem que aumentar o tamanho da lagoa ou fazer outras lagoas. Ela atinge sua maturação com esse total. Mais que isso daí ela acaba não sendo eficiente.

Aquela região não tem mais que isso. Com os novos loteamento que vão surgir próximos provavelmente vai ultrapassar. Então, teria que ser direcionado para outro tipo de tratamento, outra lagoa”, finaliza. 

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