08 de setembro | 2019

Advogada aguarda manifestação da Universidade para entrar na justiça

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A assistente social e atualmente advogada Edna Marques da Silva (formada na Universidade Brasil, antiga Uniesp) foi ouvida esta semana e, entre outras coisas, adiantou que aguarda apenas a manifestação da universidade para entrar com ação na justiça.

Ela já teve duas parcelas do Fies descontadas de sua conta e sabe que o programa Uniesp Paga que prometia pagar as prestações do Fies no final do curso já deixou pais de família com o nome sujo por não ter dinheiro para pagar a conta.

Ela, inicialmente diz que vê com muita tristeza a situação. “Assim como eu fui atraída para cursar Direito, que já era assistente social, vi uma oportunidade de fazer o curso de Direito tendo em vista que eu teria o benefício do programa UNIESP Paga se eu cumprisse todos os requisitos, as boas notas, frequência escolar e também cumpri um projeto social e essas etapas foram cumpridas à risca centenas de alunos vieram por conta desse programa UNIESP Paga. Era uma novidade na cidade e na região a promessa de que a UNIESP pagaria o nosso contrato. Para nossa surpresa a partir de julho já começou a ser debitado na minha conta do Banco do Brasil uma parcela em torno de R$ 670,00. Já paguei a segunda parcela. Outras pessoas que não tinham saldo na conta estão no negativo e recebendo cobrança do Banco do Brasil ou da Caixa porque a UNIESP não está cumprindo com a sua parte”.

Ela complementa dizendo: “Os alunos cumpriram com todos os requisitos, mas a UNIESP não está cumprindo e para nossa surpresa, essa semana com todas essas notícias do que vem acontecendo com a Universidade Brasil nos deixa muito preocupado a qual será a nossa situação diante de tudo isso que aconteceu, a UNIESP vai pagar no nosso contrato? Nós vamos ficar devendo para o banco? Afinal nós assinamos um contrato com o Banco do Brasil da mesma proporção que a UNIESP assinou conosco que pagaria se nós cumpríssemos todos os requisitos. Hoje a nossa preocupação é: quem vai pagar essa conta?”

Ela destaca ainda que o valor da mensalidade que foi repassado pelo Fies e recebido pela escola é duas vezes maior do que o valor que alunos da mesma sala pagavam pelo curso. “Então os alunos que optaram por não entrar no programa UNIESP Paga, pagavam menos da metade daquilo que nós estamos pagando, o que era aditado no banco é o dobro, então a fraude começou aí. O valor da mensalidade era em torno de R$ 450,00 para quem pagava na faculdade, o nosso valor que fizemos o convênio com a UNIESP e o convênio com FIES, era superior a mil reais. Hoje, quase sete anos na região os cursos de Direito ainda não chegaram no valor que foi cobrado no nosso desde o primeiro ano, em 2013.

A advogada diz que já contatou outros alunos que estão desesperados com essa situação e já estamos montando alguns processos. “A faculdade está encaminhando um e-mail para falar que o aluno não cumpriu algum requisito, até que nem constava no contrato, como, por exemplo “excelência na nota”, mas não fala o que é “excelência na nota”. Então o aluno de repente tirou uma nota 6 em 5 anos e a UNIESP está falando que ele não cumpriu os requisitos porque em 5 anos ele tirou uma nota 6 e isso não estava escrito no contrato, só falava que tinha que ter boas notas. A questão do trabalho técnico social não falava que o aluno tem que inserir o sistema todos os meses, falaram que ele tinha que realizar o trabalho técnico social para entregar um relatório. Então tem aluno que optou por entregar todos os meses,  tem aluno que optou por entregar no final do curso. São pequenas coisas que a UNIESP está fazendo para dizer que o aluno não cumpriu os requisitos e enquadrar ele em alguma questão para que tenha que pagar. Com isso, muitos alunos então assim com dívidas altíssimas no banco, com dívidas no FIES, com o nome negativado, alguns já entraram na justiça, nós já temos notícias que aqui em Olímpia nós já tivemos algumas decisões, algumas favoráveis, principalmente na questão da propaganda enganosa da UNIESP Paga que muita gente veio atraído, principalmente nessa situação de pobreza, na situação que o país se encontra”.

Ela diz também que o FIES é um programa educacional voltado para a população que precisa, só que outras pessoas, grandes capitalizadores que são os donos de universidades, usaram do programa para fraudar não só o programa, mas para fraudar também a nós alunos que estamos sendo os maiores prejudicados. “Se nós estamos pagando o valor de mais de R$ 1.000,00 a parcela e se quem pagava faculdade na época pagava menos de R$ 400,00, significa que dois ou três alunos poderiam ter sido beneficiados pela minha bolsa.”

A advogada conclui que espera que os responsáveis pela faculdade dêem um retorno para nós que somos grande vítima dessa UNIESP Paga. Outras cidades, como Fernan­dópolis, estão na mídia, então os olhos estão voltados mais para eles. Mas nós aqui também, um grande número de pessoas está passando por essa dificuldade de não saber por onde ir, pessoas que estão nos procurando porque não sabem o que fazer, se entram na justiça, ou se aguardam posicio­namento da UNIESP e até agora não tem nenhuma resposta sobre como vai ser nossa vida. Têm pessoas que estão devendo no banco, não pode movimentar mais, não consegue fazer mais nada. Nós temos histórico de ex-aluno recém-casado, já com uma dívida de mais de 6.000 no banco, com nome sujo então, assim, uma pessoa que terminou a faculdade pensando em abrir um escritório, trabalhar, fazer alguma coisa, de repente ela se vê tolhido de todos os sonhos. A gente conclama aí que o Ministério Público, que o poder judiciário olhem para essa questão de Olímpia que não é uma questão isolada, é uma questão de fraude e muito grande”, conclui.

 

 

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