07 de maio | 2017

Advogada olimpiense é acusada de extorquir famílias de presos

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Da redação com G1

A advogada olimpiense, ex-coordenadora da Comissão de Direitos Humanos da 12ª Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ana Paula Vargas de Mello, está entre as cinco pessoas que foram presas em Ribeirão Preto no início da manhã de quinta-feira desta semana, durante a Operação Coiote, que investiga um suposto esquema de extorsão de familiares de presidiários, pessoas investigadas e falsificação de documentos judiciais.

Entre os presos estão os advogados Marco Antônio Zacarias e Ana Paula Vargas de Mello, ex-coordenadora da Comissão de Direitos Humanos da 12ª Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Os nomes dos demais envolvidos não foram divulgados.

No entanto, a primeira informação divulgada foi que esse grupo de pessoas era suspeito de compra de sentenças em favor de membros de uma facção criminosa que age dentro e fora dos presídios paulistas.

A ação foi coordenada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público, com apoio da Polícia Militar e de representantes da OAB. Mandados de busca e apreensão também foram cumpridos.

A suspeita é de que o grupo entrava em contato com familiares de presos e investigados pelo MP, fazendo ameaças e atribuindo crimes a eles, mas prometendo solucionar as situações na Justiça mediante o pagamento de propina.

Segundo o Gaeco, parentes de réus da Operação Sevandija foram abordados pelos suspeitos nos últimos meses. O grupo também falsificava documentos judiciais com a ajuda de um servidor da 4ª Vara Criminal de Ribeirão, que foi preso.

“Eles forjavam uma implicação, seja por uma conversa, ou documento que levasse ela a acreditar que estava sendo implicada em determinado caso criminal. Também se vendiam falsas promessas, usando artifícios que teriam contato com desembargadores, autoridades, Gaeco, juízes, que poderiam, de alguma maneira aliviar a responsabilidade penal”, afirmou o promotor de justiça Frederico de Camargo.

Os presos foram levados à Delegacia de Investigações Gerais (DIG) e depois encaminhados ao Centro de Detenção Provisória (CDP), onde devem cumprir prisão temporária por cinco dias. Agora, o Gaeco ouvirá o depoimento de 20 testemunhas.

OUTROS LADOS

À EPTV, a defesa do advogado Marco Antônio Zacarias informou que ele está a serviço da Justiça para prestar os esclarecimentos necessários.

Já a advogada Cristina Aguiar Pereira, que defende Ana Paula Vargas de Mello, afirmou que desconhece os motivos da prisão e vai se manifestar nos autos. Entretanto, ela afirmou que a cliente nega o envolvi­mento com o esquema.

Gaeco apura eventual golpe de R$ 30 mil em Ribeirão Preto

O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), núcleo de Ribeirão Preto, deflagrou na quinta-feira desta semana, dia 4, a O­peração Coiote para cumprir 10 mandados de prisão e quatro de busca e apreensão, que foram expedidos pela 4ª Vara Criminal em residências e escritórios de advocacia, com acompanhamento de representantes da OAB/SP. A finalidade é apurar golpes que chegaram a causar prejuízos de R$ 30 mil, além de danos à imagem da Justiça.

Dois advogados foram presos, além de um escrevente do Poder Judiciário. Dois investigados são ex-estagiários da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil. A operação teve apoio da Polícia Militar por intermédio do Comando do Policiamento do Interior 3.

As investigações começaram em outubro de 2016, quando o Gaeco recebeu a denúncia de que um grupo de pessoas vinha praticando golpes e extorquindo pessoas se utilizando de informações falsas de investigações e processos judiciais. Para isso, eles utilizavam o no­me do Gaeco, de juízes e de desembargadores do Tribunal de Justiça de São Paulo.

Durante as investigações, descobriu-se que advogados e um servidor do Judiciário participavam do grupo, fornecendo informações de processos, consultas de antecedentes criminais e mesmo de procedimentos em segredo de Justiça.

O grupo também contava com os serviços de uma pessoa que já havia sido processada por falsificação de documentos e também acabou sendo preso na operação desta quinta-feira. Os golpes chegaram a causar prejuízos de R$ 30 mil, além de danos à imagem da Justiça.

DESVIOS NA CÂMARA

E PREFEITURA

Entre as pessoas, o grupo tentou enganar familiares de ao menos três réus da Operação Sevandija. Em setembro de 2016, a Sevandija descobriu fraudes e ilícitos em valores milionários ocorridos na prefeitura e na Câmara Municipal de Ribeirão Preto, envolvendo políticos, agentes de primeiro escalão e empresários.

Suspeita-se, ainda, que o servidor da Justiça passasse informações de vários processos a advogados e a ex-estagiários da OAB, inclusive mediante pagamento.

Os ex-estagiários são suspeitos de atuarem co­mo se advogados fossem, há anos, à revelia da OAB/SP. A Justiça determinou, liminarmente, a proibição dos ex-estagiários de ingressarem no foro de Ribeirão Preto.

Foram apreendidos documentos, aparelhos de comunicação e computadores, além de dispositivos de arquivamento digital (cartões de memória e HDs) nas casas dos investigados, cerca de R$ 15 mil em dinheiro, dois cartões/crachás de identificação do Poder Judiciário falsificados, uma arma de fogo de uso restrito, dezenas de munições de arma de fogo, além de porções de droga (maconha).

Em poder do suspeito de falsificações foram a­pre­endidas uma máquina “processadora” de carimbos e dezenas de carimbos, pen drives, escondidos dentro de uma caixa de tomada de energia. Em um escritório de advocacia foi encontrada uma tornozeleira eletrônica.

Os investigados devem responder por crimes de associação criminosa (antiga formação de quadrilha), exploração de prestígio, extorsão, corrupção ativa e passiva, falsificação de documentos, prevaricação, violação de sigilo funcional, notificação falsa de crime, entre outros.

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