28 de março | 2021

Atentado incendiário contra a Folha repercutiu na imprensa internacional

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REPERCUSSÃO INTERNACIONAL!
Além do “El País”, o “Daily Mail” e o CPJ
publicaram matéria em seus sites. “Violenta
tentativa de censura”, disse em Nova York a
coordenadora do programa do CPJ – Comitê de
Proteção de Jornalistas para a América
Central e do Sul, Natalie Southwick.

O atentado incendiário sofrido por esta Folha, com a tentativa de incendiar a redação do jornal e a re­sidência de seu editor que mora no andar de ci­ma, na quarta-feira da semana passada, 17, alcançou repercussão internacional na semana que passou através dos sites da CPJ – Comitê de Proteção de Jornalistas e no site de um dos jornais mais importantes da Inglaterra, o “Daily Mail”.

Na semana passada o “El País” também já havia destacado em seu endereço na internet o fato em espanhol e em português.

A jornalista Adry Torres foi quem escreveu a matéria para o Daily Mail (Inglaterra) que mostrou fotos, vídeos e até links de matérias do site IFolha sobre o tema.

Com o título, “Em momento chocante, incendiário ataca sede de jornal que critica as medidas do governo brasileiro em relação a pandemia do coro­na­vi­rus”, a jornalista, discorre com detalhes sobre o incêndio e a campanha que o editor da Folha vem so­fren­­do por parte dos “ne­ga­cionistas” de Olímpia que podem estar sendo su­gestionados pelo gabinete do ódio de Brasilia.

COMITÉ DE PROTEÇÃO

DE JORNALISTAS

PUBLICOU EM INGLES

E PORTUGUÊS

Já o Comitê de Proteção a Jornalistas, publicou tam­bém em versões em inglês e português o atentado contra a Folha na terça-feira, 23. “Casa de jornalista brasileiro e sede de jornal são alvo de ataque incendiário”.

Também ilustraram com foto do incêndio e links de matérias e vídeos mostrando o momento que o motoqueiro ateia fogo no prédio onde funciona a redação do jornal e mora o editor. Veja a íntegra da ma­téria do CPJ:

“Rio de Janeiro, 23 de março de 2021 – Autoridades brasileiras devem investigar de forma rápida e minuciosa o incêndio criminoso contra o jornal Folha da Região e a casa do e­ditor José Antônio A­ran­tes, e garantir a segurança de Arantes, de sua família e da equipe do veículo de notícias, disse hoje o Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ).

Às 4:19 do dia 17 de mar­­ço, na cidade de Olím­pia, interior do estado de São Paulo, um agressor não identificado ateou fo­go ao prédio que abriga a sede da Folha da Região e a residência de Arantes, segundo reportagens e o jornalista, que falou ao CPJ em entrevista por telefone.

MENSAGENS

OFENSIVAS

PELAS REDES

SOCIAIS

O vídeo da câmera de segurança de um vizinho mostra um homem che­gan­do em uma motocicleta, derramando um líquido nas entradas separadas do jornal e da casa de Arantes e incendiando-as. O jornalista e sua família conse­gui­ram escapar das chamas sem ferimentos graves, disse ele.

Arantes é o fundador e editor do Folha da Região, jornal semanal impresso e site de notícias gerais no estado de São Paulo, e a­presenta o programa diário de rádio “Cidade em Des­taque” na emissora comunitária Rádio Cidade 98.7 FM e no canal da Folha da Região no YouTube e na página do Facebook, contou ele ao CPJ.

Nos dias anteriores ao ataque, Arantes havia recebido mensagens e comentários ofensivos nas plataformas de mídia social do jornal e da Rádio Cidade em resposta à sua cobertura da pandemia de COVID-19 e seu apoio ao distan­ci­amento social e outras medidas para conter a propagação do vírus em Olím­pi­a. Usuários do espaço fizeram campanha para que a­nunciantes cortassem vínculos com o programa devido a esta cobertura, ele revelou.

COORDENADORA

DO CPJ DIZ QUE FOI

VIOLENTA TENTATIVA

DE CENSURA

“Foi uma sorte que ninguém tenha ficado gravemente ferido no incêndio criminoso na casa de José Antônio Arantes e na sede do jornal, mas esta sorte não torna menos alarmante esta violenta tentativa de censura”, disse em No­va York a coordenadora do programa do CPJ para a A­mérica Central e do Sul, Na­talie Southwick. “À medida que a COVID-19 se espalha por todo o Brasil, é mais vital do que nunca que jornalistas como Aran­tes possam relatar de forma livre e segura sobre questões que afetam a saúde pública e garantir o a­cesso do público à infor­ma­ção.”

Arantes relatou ao CPJ que ele e sua esposa acordaram por volta das 4:20, quando ouviram seus cachorros latindo e sentiram cheiro de fumaça, e encontraram a porta da frente em chamas. Ele e a esposa apagaram o fogo e saíram de casa com a neta de nove anos, onde encontraram a porta da frente da sede do jornal também em chamas e as apagaram. Arantes disse que ligou imediatamente para o corpo de bom­beiros local, mas nenhum bombeiro chegou até cerca das 8 horas.

ESPOSA DO

JORNALISTA SOFREU

QUEIMADURAS

Arantes disse ao CPJ que sua esposa sofreu pequenas queimaduras no braço e que ele e sua neta não se feriram, acrescentando: “A gente podia ter morrido asfixiado. A sorte é que não pegou fogo tão rápido e que a gente acordou.”

Ele também observou que, no vídeo de segurança, o agressor não é visto tentando entrar no escritório ou em sua casa.

“Ele veio com a única intenção de pôr fogo ali na casa e no jornal”, disse A­rantes. Ele afirmou que te­me por sua segurança e de sua família, e que nunca viu um ataque como esse contra um jornalista em Olímpia.

A Polícia Civil de Olímpi­a abriu investigação sobre o caso, solicitou perícia do local e busca outras imagens e testemunhas, segundo nota enviada por e-mail ao CPJ por Gabriela Amaral, funcionária da assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo.

POLÍCIA NÃO

DESCARTA

NENHUMA HIPÓTESE

Uma segunda declaração, também enviada ao CPJ por e-mail pela assessoria de imprensa, observou que a equipe de investigadores não “descarta nenhuma hipótese” sobre o motivo do ataque.

Dois dias antes, em seu programa de rádio das 11 horas, que Arantes apresenta com sua filha, ele noticiou um protesto local de mais de 100 pessoas, muitas sem máscaras, que exigiam que o comércio local permanecesse aberto apesar do aumento nacional de mortes por COVID-19.

Durante e após a transmissão, “veio de novo cam­­panha para cortar a­núncio, agressão e xin­gamentos [postadas nas plataformas de mídia social do veículo], desmerecendo o trabalho do jornal”, disse ele ao CPJ.

COMUNISTA SERVO

DE SATANÁS A

SERVIÇO DO INFERNO

Algumas das mensagens postadas nas contas on­li­ne da Folha da Região e da Rádio Cidade, revisadas pelo CPJ, diziam que o “pes­soal precisa parar de fazer propaganda nessa rádio”, e chamavam o jornalista e os veículos de “hipócritas” e “comunistas, são servos de satanás a serviço do inferno.”

Arantes disse ao CPJ que, na véspera do incêndio criminoso, recebeu uma ligação do provedor de serviços do site da Folha da Região informando sobre um possível ataque de negação de serviço distribuído (DDoS) orquestrado contra o veículo, em que invasores inundam a página da internet com tráfego da web e retardam o acesso dos usuários ao site.

“Desde março do ano passado eu venho defendendo a ciência, a vacina e medidas de proteção. Tenho um programa de rádio em que procuro esclarecer as dúvidas sobre a pande­mia. Eu passei o ano estudando sobre isso para poder informar os ouvintes”, informou Arantes ao CPJ.

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