31 de agosto | 2008

Caso exige cuidados especiais para evitar sentimentos de culpa

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 Mesmo que venha a ser permitida judicialmente, independente de qual decisão seja tomada pela mãe no caso de continuar ou não a gestação de um feto anencéfalo, o caso exige muitos cuidados especiais para evitar que aconteçam depois os sentimentos de culpa.

O aviso é da psicóloga Roberta Patrícia Marreto(foto), que concedeu entrevista falando sobre as influências psicológicas do tema para a reportagem desta Folha, durante esta semana. "As influências não são poucas e há dois lados a serem pensados", resumiu.

De um lado, segundo ela, há a conseqüência de gerar um filho de má formação e a mãe se sentir culpada, achando que ela foi é maior culpada do que está acontecendo com o bebê. "A gente sabe que a imagem de uma criança que nasce com anencefalia não é nada agradável, mas extremamente chocante, tanto é que os médicos não costumam mostrar o bebê para a mãe porque ela não está preparada para ver", explica.

Mas tem o outro lado que assevera a psicóloga também precisa ser muito bem pensado, ou seja, a decisão de interromper a gestação. Neste caso, comenta, depois pode surgir a pergunta na cabeça da mãe: "O que eu fiz? Eu mesma fui capaz de provocar o assassinato do meu filho?". São situações que exigem muitos cuidados: "por mais que saiba que tenha má formação, a mãe para cair a fixa demora".

Marreto explica que o trabalho envolve uma equipe de trabalho multidisciplinar composta, inclusive, por ginecologista e geneticista: "porque caso contrário interromper por interromper pode gerar conseqüências muito piores para a vida dessa mãe.

E, depois, para ela engravidar de novo o medo de ter essa gravidez e uma má formação novamente. Então as conseqüências psicológicas são várias, tanto fazendo, quanto não fazendo".

No entanto, por entender que a continuidade pode acarretar muitos problemas psicológicos para a mãe, principalmente, a princípio Marreto é totalmente favorável à interrupção da gravidez: "acho que a mãe tem todo direito de tomar essa decisão. As conseqüências psicológicas são muito grandes porque ela por fica nove meses esperando uma criança, que sabe que vai nascer com má formação, que poderá sobreviver poucas horas ou poucos dias".

Porém, ressalva que é uma decisão que deve caber somente à mãe em conjunto com a família, ou seja, com o pai e os filhos, se já os tiverem. "É esse grau de família que me refiro. Se estender ao restante da família já acho que não é correto, porque envolve valores e religião", observa.

Por outro lado, Marreto aceita a interrupção de uma gestação apenas no caso de estupros. "Porque acho que a conseqüência psicológica para essa criança, para essa mãe, para essa família é muito grande. Sou a favor desde que se pense muito e não se faça de qualquer jeito e desde que a pessoa tenha todo amparo", finaliza.

 

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