04 de outubro | 2020

Dismed refuta participação em ilícitos e afirma que recolhe regularmente todos os impostos

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OPERAÇÃO MONTE CRISTO!
Operação cumpriu mandado de busca e apreensão
em seis endereços em Olímpia. Fiscais e
MinistérioPúblico levaram computadores
e um celular da empresa olimpiense.

 

Em nota publicada nesta sexta-feira, dia 2, a Dismed Distribuidora de Medicamentos de Olímpia, através de seu diretor executivo Ronald Re­mondy Júnior, refutou as insinuações de que a empresa esteja envolvida em ilicitudes da operação Monte Cristo, que aconteceu na manhã de quinta-feira, 01, com o cumprimento de 88 mandados de busca e apreensão, inclusive 06 deles em Olímpia.

Em nota de esclarecimento (veja a íntegra na primeira página desta edição) o empresário explica que acredita que sua inocência será provada na justiça e, ao contrário do que está sendo investigado, sua empresa tem recebido nota A da Secretaria Estadual justamente pela regularidade no recolhimento de impostos.

Na quinta-feira, além da Dismed, a equipe de investigação composta por representantes do Ministério Público Estadual, da Receita Federal e da Secretaria de Finanças Estadual, cumpriu mandados em outros cinco endereços em Olímpia, ligados à Dismed.

Segundo informações de diretores da empresa, foram levados alguns computadores e um aparelho de celular.

Muitos comentários foram publicados nas redes sociais condenando o empresário (leia na Coluna do Arantes) e mesmo atribuindo à empresa olimpiense situações que não foram registradas na cidade como, por exemplo, que o arquivo cheio de notas de R$ 100 teriam sido encontrados na Dismed.

A OPERAÇÃO

O Ministério Público de São Paulo, a Receita Federal e a Se­cretaria Estadual da Fazenda deflagraram na quinta-feira, 01, uma operação contra um suposto esquema de sonegação fiscal e lavagem de dinheiro envolvendo cinco gran­des distribuidoras de medicamentos.

Além das cinco distribuidoras, duas redes varejistas e uma associação nacional de distribuidoras de remédios são alvos da operação.

Na residência de um dos alvos, sócio de uma rede de farmácias, em Santana de Parnaíba, na Grande São Paulo, a polícia divulgou que encontrou R$ 8 milhões em quatro gavetas de um armário. Durante a tarde de quarta-feira, 01, os policiais encerraram a contagem do dinheiro que chegou ao montante de R$ 9.525.250,00.

FRAUDES DE

R$ 10 BILHÕES

A investigação aponta que as fraudes causaram um prejuízo de R$ 10 bilhões aos cofres públicos nos últimos seis anos.

Na casa de um outro alvo, os investigadores encontraram R$ 200 mil em sacos de lixo. O montante teria sido descartado após a chegada dos policiais.

Foram cumpridos 88 mandados de busca e apreensão em empresas e na residência de pessoas ligadas ao esquema na capital paulista, em cidades da Grande São Paulo e nas regiões de Ribeirão Preto, São José do Rio Preto, Marília, Piracicaba e Campinas.

Também foram cumpridos mandados de busca e apreensão nos estados de Goiás e Minas Gerais. A Justiça determinou o sequestro de 17 imóveis.

FRAUDES E

LAVAGEM

DE DINHEIRO

Segundo o MP, a investigação começou em 2017 com a deflagração da 1ª fase da Ope­ração Monte Cristo, que tinha como alvo a rede de farmácias Farma Conde, com lojas na região do Vale do Paraíba.

Na ocasião, foram assinados acordos de colaboração premiada com alguns dos investigados, que renderam con­fissões e pagamentos de débitos fiscais estaduais e federais no valor de R$ 340 milhões.

Os colaboradores delataram a participação das distribuidoras Medicamental, Na­varro, Dismed, Divamed e Mais Bella, de duas redes varejistas, a Bifarma e a Campeã, e da Abradilan, Associação Brasileira de Distribuição e Logística de Produtos Farmacêuticos, todas alvos da operação desta quinta, 01.

Aos investigadores, os colaboradores revelaram que as empresas implementaram mecanismos de fraude fiscal com a aquisição de produtos de uma companhia sediada em Goiás.

Também era feita a utilização de distribuidoras pau­lis­tas de medicamentos atacadistas. Algumas dessas distribuidoras eram de fachada e assumiam a função de recolher o ICMS devido por antecipação tributária na entrada da mercadoria em território paulista.

O objetivo da fraude era obtenção de vantagem ilícita ao grupo, com a diminuição do custo final dos produtos.

COORDENADOR

EXPLICA

O MÉTODO

Coordenador de Administração Tributária (CAT) da Secretaria da Fazenda e Planejamento do Estado de São Paulo (SEFAZ), Gustavo de Magalhães Gaudie Ley, explicou em entrevista coletiva na quinta-feira, 01, que as empresas enviavam os produtos para outros estados com o objetivo de não pagar a chamada substituição tributária, modalidade em que o fabricante do produto antecipa o valor que seria cobrado dos demais membros da cadeia (distribuidor, vendedor e consumidor final) e que ao final seria descontado. Depois, o produto retorna para São Paulo e quando o imposto seria pago no fim da cadeia, empresas de fachada o declaram e não pagam o valor devido.

“O fabricante já paga o imposto para todo mundo, então, se esse valor desse produto era R$ 100 na fábrica e ele vai chegar lá no varejo por R$ 200 o fabricante deve recolher um imposto tendo co­mo base R$ 200, ele recolhe para toda cadeia. E é assim que funciona nos remédios. Quando se vende para outro estado, não existe a substituição tributária, no caso, quando se está vendendo para Goiás, por exemplo”, disse Ley.

“”Então, o que acontece? Tem um efeito duplo, você tem um crédito que não foi pago na sua origem, assim como você tem um imposto que deveria ser recolhido para toda cadeia que também é anotado como devido, mas essas empresas são de fachada, então, quando o fisco chega para cobrá-las ou elas sumiram, ou elas se dissolveram e aí você não consegue recuperar”, completa.

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