24 de fevereiro | 2021

Dória anuncia pseudo “toque de recolher” e não anuncia se Olímpia sai da fase vermelha

Compartilhe:

TOQUE DE RECOLHER, DE RESTRIÇÃO OU DE MAQUIAGEM?
Na prática, será um toque de recolher que restringirá
a circulação de pessoas entre 23h e 5h, válido para
todo o estado. A medida tem previsão para valer até
14 de março e poderá ser inócua em razão da
fiscalização ineficiente em várias regiões
do Estado, notadamente em Olímpia.

 

 

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou no início da tarde desta quarta-feira, 24, que o estado terá um pseudo toque de recolher que denominou de "toque de restrição" a partir de sexta-feira (26) para conter a alta nas internações e nas contaminações pelo novo coronavírus. Na prática, será um toque de recolher que restringirá a circulação de pessoas entre 23h e 5h, válido para todo o estado. A medida tem previsão para valer até 14 de março.

Segundo análise do Centro de Contingência, o estado teria um colapso do sistema de saúde em 22 dias caso não adotasse medidas restritivas adicionais. Com várias unidades de saúde já com 100% de ocupação dos leitos de UTI destinados à covid-19, a taxa de ocupação no estado atualmente é de 69%, com 6.657 pacientes internados. Na região de Barretos, à qual Olímpia pertence, o índice na terça-feira, 23, era de 78,9% e 74 já leva à fase vermelha.

Na coletiva desta quarta-feira, em Olímpia, era grande a expectativa de um possível anúncio de reclassificação da região de Barretos, a qual a cidade pertence, voltando para a fase laranja. Uma mudança era aguardada em razão de videoconferência realizada entre prefeitos da região, com o deputado Geninho Zuliani e com o secretário do Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi, onde foi argumentado que os índices da região estavam altos em razão de pacientes de outras regiões estarem internados em Barretos e que novos leitos de UTI seriam criados em Olímpia e Barretos.

Neste caso, a expectativa restou frustrada, uma vez que nada foi anunciado, apenas que uma nova reclassificação acontecerá na próxima sexta-feira.

Neste ano, o governo paulista fez alterações com maior frequência nas medidas restritivas de controle da pandemia, tanto com reclassificações frequentes como mudanças nas regras no Plano São Paulo. A última atualização foi na sexta-feira (19), mesmo dia em que a permissão para consumo de bebida alcoólica em restaurantes de cidades na fase amarela foi ampliada em duas horas, passando das 20h para as 22h.

A grande maioria da população do estado permaneceu na fase amarela, menos restritiva, incluindo a capital, mas quatro regiões estão na vermelha, refletindo a piora da pandemia e grande ocupação de leitos, principalmente no interior do estado. Barretos, Presidente Prudente, Bauru e Araraquara, que tem cidades da região em lockdown, estão na fase mais restritiva.

A expectativa de ser anunciada na quarta-feira uma reclassificação antecipada de Olímpia para a fase laranja restou frustrada, com a torcida voltando para a próxima sexta-feira, quando deverá ocorrer a reclassificação normal do Plano São Paulo.

Sobre o inusitado “toque de restrições” que pode se transformar em mera maquiagem do que queriam os cientistas do Centro de Contingências do governo de São Paulo, Doria destacou que não se trata de um 'lockdown', quando as pessoas são efetivamente proibidas de circular.

"O transporte público não será interrompido. Ele será restringido, limitado, mas não será interrompido. Não vamos punir as pessoas que estejam retornando para casa. É um toque de restrição, não é lockdown", disse o governador.

Embora sustente que a nova medida seja eficaz para coibir aglomerações em bares, restaurantes e festas clandestinas, que costumam ocorrer no período noturno, ela tem pouco efeito prático uma vez que a grande deficiência que tem sido verificada (inclusive notadamente em Olímpia) é a fiscalização.

O governo afirma, porém, que desta vez fará uma força-tarefa para ampliar a fiscalização dos estabelecimentos, mas não esclareceu o que será feito com o cidadão que desrespeitar a medida.

“Há uma força tarefa de fiscalização, para que essas medidas sejam seguidas por todos. Isso vai ser feito em conjunto pelas vigilâncias sanitárias municipais e do estado, pela Polícia Militar e pelos Procons. E aqui temos o 0800 para denúncias da população [0800-771-3541]”, afirmou o coordenador do centro de contingência da Covid-19, o médico Paulo Menezes.

Compartilhe:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do iFolha; a responsabilidade é do autor da mensagem.

Você deve se logar no site para enviar um comentário. Clique aqui e faça o login!

Ainda não tem nenhum comentário para esse post. Seja o primeiro a comentar!

Mais lidas