10 de junho | 2012

Falta de pista oficial dificulta professor trabalhar a inclusão

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A falta de equipamentos oficiais, no caso uma pista de corridas, causa dificuldades para o professor de educação física José Paulo Feliciano Olmedo (foto), que há aproximadamente 20 anos trabalha com todas as pessoas que tem alguma deficiência, seja física, auditiva ou visual, mas fazem opção pela prática de algum esporte.

Atualmente contratado pela Secretaria Municipal de Esportes, Olmedo iniciou o trabalho com a equipe de basquete sobre rodas que, inclusive, já defendeu o nome do município no campeonato brasileiro da categoria.

Ao ser questionado sobre o que falta, ele diz: “Olímpia não tem uma pista de atletismo. Sabemos que isso deixa a desejar, mas temos a pista adaptada, o que não nos atrapalha. O brasileiro sempre se adapta às dificuldades”.

Olmedo contou a esta Folha que os treinos ocorrem em uma pista ao lado do recinto, que não é oficial. “Usamos o limite que temos e, como se diz, rompemos as dificuldades”, reforça.

Até por isso, explica que levará os alunos para conhecer a pista do Eldorado, em São José do Rio Preto, onde está concentrada uma equipe de atletas para-olímpicos que vai disputar este ano na Inglaterra. Segundo ele, lá tem pista emborrachada que favorece o treino oficial. “Vou levá-los para conhecer e quem sabe, nós sonhamos, para nossa cidade ainda ter uma pista oficial de atletismo”, comentou.

Mesmo assim entende que Olímpia vai bem nessa questão e vê que pelo menos as pessoas demonstram boa vontade. “A gente vê que está caminhando, estão querendo fazer. Ainda falta muito, mas vejo que há o empenho de todos. Eu, como apaixonado, espero que a cidade esteja apaixonada junto comigo, para que, quando a gente vá pedir ajuda de alguma forma, a cidade esteja sabendo desse trabalho e ajude-nos de alguma forma”, afirmou.

RESGATANDO

AUTOESTIMA

A finalidade do trabalho com essas pessoas é “trazê-las para a sociedade resgatando a auto­es­tima, valorizando seus potenciais. Pessoas portadoras de qualquer deficiência, que seja física como no caso de um paraplégico, que seja visual ou auditiva”.

Mas há dificuldades com os próprios deficientes. “A primeira dificuldade é com eles mesmos. Tentar tirá-los de dentro de casa porque muitos deles ainda têm receios por causa de suas deficiências. A gente vai convidá-los e ficam inibidos e não querem. Quando conseguimos convencê-los ai fica mais fácil”, diz.

Olmedo conta que tem apoio da Secretaria Municipal de Esportes que ajuda a viabilizar o projeto e tem ficado mais fácil de resolver a questão de recursos, principalmente financeiros. “Claro que precisamos de muito mais”, observa.

COMO É O TRABALHO

Olmedo trabalha com o basquete sobre rodas que deu início a tudo: “É o carro chefe desse projeto”. “Provou para a cidade que o deficiente é eficiente”. Mas trabalha também com salto a distância, arremesso de peso, lançamentos de dardo e disco e natação. Mas tudo está interligado a DOA (Deficientes Olimpienses Associados).

Sobre o trabalho com Luan, que é aluno da Escola Wilquem Manoel Neves, diz que se trata de um “menino fantástico”. Olmedo sempre enaltece os alunos que considera os protagonistas de tudo, fala também que a família é muito importante no resultado obtido. “Ele já domina o espaço temporal”.

Quando se trata do treino de corrida o treinador trabalha com uma cordinha atada no braço dele e corre paralelo, mas cuidando para nunca estar à frente do menino.

Já no salto Olmedo usa o som: “Ele corre em minha direção (acompanhando o compasso das palmas) e quando chega no ponto determinado para iniciar o salto dou uma palmada mais acentuada para ele executar o salto”.

Mas tem uma aluna do 3.º ano do ensino médio da Escola Reis Neves com paralisia cerebral que também participa de competição. Ela tem um limite de condição motora e participou em 2011 do Para-escolas em Rio Preto vencendo os 100 metros rasos. “O comprometimento dela é um pouco mais elevado”.

O professor Paulinho Olmedo, como é conhecido na cidade, trabalha desde 1992, quando participou de um curso ministrado pela Unicamp. Até 2011 trabalhou como voluntário e tinha apenas uma pequena ajuda para o transporte.

Olmedo diz que os deficientes são muito eficientes. “Depois que eles conhecem o esporte e começam a interagir com a sociedade eles querem levar em frente porque começam a sorrir novamente”, acrescenta.

Falou também da Jéssica Aline Carvalho, que tem 5% de visão, também da Wilquem Neves, que começou a participar, mas desistiu por causa de sentir muitas dores. “O profissional dessa área tem uma função muito importante. Além de trazer o pessoal tem que cuidar deles (para não sentirem lesões) porque a responsabilidade é muito grande”.

 
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