30 de dezembro | 2018

Filha do prefeito que é vereadora na Suécia diz estar preocupada com eventual perda de direitos no Brasil

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Naiara Cunha (foto), advo­gada, formada em São Paulo, filha do prefeito Fer­nan­do Au­gusto Cunha, casada com um sueco, diz que na Suécia onde reside há seis anos e é ve­rea­dora, estudou de no­vo e se sente realizada por trabalhar e exer­cer a política por vocação naquele país. Lá os políticos não ganham co­mo aqui. Lá a pessoa em que gostar de política mesmo.

Entre as coisas que destacou de positivo naquele país estão a saúde e a educação que são de graça, mas que lá também existe muito forte o preconceito racial.

Sobre seu pai, durante entrevista que concedeu ao jornalista José Antônio Arantes, âncora do programa Cidade em Destaque, que é levado ao ar diariamente pela rádio Cidade FM, Naiara Cunha disse que quem tem que avaliar são os moradores, mas que acredita que o pai é um grande gestor.

“Eu não vivo em Olímpia, quem tem que avaliar é quem sofre as con­sequências das decisões, quem mora aqui. Eu venho de fora, o que eu vejo é diferente do que quem vive aqui. Mas vejo que a cidade está bem mais limpa, mais bem es­tru­tu­rada, tem mais eventos culturais do que no pas­sado. Ele é gestor, é minha inspiração. Ele é um gestor fenomenal”, contou.

Atualmente, ela trabalha em uma empresa global que combate a pirataria, controlando na inter­net o que está sendo vendido e tira o que é falsificado, o foco é global. Trabalhou na maior ONG da Suécia, com pessoas que moram debaixo da ponte, pessoas que precisam comer, sobreviver, enfim, com imigrantes. Afirma que hoje a taxa de imigrantes pseudoin­digen­tes, é de menos de um por cento, porque você tem um sistema que funciona. A Suécia é um dos países mais ricos da Europa”.

“Racismo lá existe também e eu sofro preconceito lá. Se você não trabalhar a questão do preconceito você não consegue se enquadrar em serviços”, avisa. 

Sobre o Brasil ela disse: “Eu fico preocupada, sou pragmática e tento ser realista, mas tenho uma visão social com foco em todos e tenho muito medo dos direitos que vamos perder. Agora no ponto de vista econômico o nosso futuro presidente se rodeou de pessoas que tem pensamentos conservadores e liberalistas, a hora que você começa a privatizar a economia cresce, o que vai dar uma sensação errada de que nós es­ta­mos conseguindo direitos, porque quando você está empregada você pode fazer escolhas, por este lado eu acho que esse é meu maior me­do, porque as pessoas vão acreditar que as coisas estão melhorando, mas para o lado social e de direitos vai ser um desastre, você vai trabalhar muito mais e sem direitos, você vai se aposentar com uma aposentadoria muito mais bai­xa e pessoas que não se enquadram no padrão­zi­nho deles estarão em risco de ser perseguidos”.

De acordo com ela, hoje no Brasil “acontece uma coisa que me preocupa muito, este negócio de que se pode matar todo mun­do, bater em todo mundo, isso é tortura, é crime. E tem a questão ambiental também, eu venho de um partido que tem um foco ambiental.

O Brasil em questão de diversidade biológica é muito importante e está perdendo uma grande chance, não temos até ho­je as plantas catalogadas da Amazônia, é muito grave”.

Sobre a Amazônia, na Europa eles acham que é um crime ambiental o desmatamento que fazem: “há uma preocupação enorme, estão fazendo uma campanha depois que este presidente foi eleito para que se deixe de comprar produtos brasileiros. Porque enquanto eles estão comprando e sabendo que o brasileiro está protegendo é uma coisa, agora a partir do momento que não vão fazer nada, o sueco não quer comprar mais nada, porque o impacto será neles também”.

CORRUPÇÃO

Sobre a corrupção conta que na Suécia ela também existe, mas em setores financeiros. Além disso, diz que os suecos são muito solitários e que lá tem um índice muito alto de suicídio.

Todas decisões das secretarias de lá são resolvidas em conselhos, compostos por representantes de todos os partidos e que o presidente das secretarias não decide nada. “Lá você só ganha no dia que você está tomando decisão, se não tem nada para decidir você não ganha nada. As reuniões até nas empresas são abertas. O salário quando eu digo que é baixo, é porque é baixo perto de tudo que você faz, lá tudo é muito mais caro. Quem está lá não está pelo dinheiro, porque tem que ser por vocação”.

Sobre a reciclagem de lixo na Suécia, diz que “estou há uma semana e três dias como presidente da empresa que é responsável pelo lixo em minha cidade. 92% do lixo é reciclado ou reutilizado, o lixo rea­pro­vei­tado vira lucro para empresa”.

Na Suécia quem manda é o povo, então começa desde a estrutura trabalhista, depois de seis meses você não pode ser demitido, é como se fosse um funcionário público, quer dizer, é muito difícil ser demitido. Lá o trabalhador tem vários direitos”.

Já os políticos de lá participam como representantes do povo: “eu tenho o emprego normal na firma global de pirataria; nas horas vagas sou presidente do conselho da empresa de lixo e como vereadora a gente se reúne uma vez por mês para tomar as decisões.

Como vereadora você só ganha quando se reúne. Como político apenas não dá para se manter na Suécia, por isso que poucos são”.

 

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