12 de agosto | 2018

Grupo foi formado há 200 anos e participa pela 49.ª vez do Fefol

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O Batalhão de Bacamar­teiros, de Carmópolis, Estado do Sergipe, é um grupo folclórico que existe há aproximadamente 200 a­nos e está participando do Festival Nacional do Folclore (Fefol), pela 49.ª vez. O grupo que chama bastante a atenção por ca­usa dos tiros de baca­marte que dispara, fez sua estreia no evento que está sendo realizado no Recinto de Exposições e Praça das A­tividades Folclóricas e Turísticas Professor José Sant’­anna, na noite de quinta-feira desta semana, dia 9, a sexta noite do festival.

Uma das integrantes do grupo, Maria Antônia Ramos (foto à esquerda), contou à reportagem da rádio Cidade FM, durante entrevista mostrada no programa Cidade em Destaque, que é apresentado pelo jornalista José Antônio A­ran­tes, que o batalhão, formado a partir dos escravos, passa de geração pa­ra geração, ou seja, de pai para filho, já há aproximadamente 200 anos.

Segundo ela, as armas e os instrumentos são produzidos por eles artesa­nal­mente. “É tudo arte­sa­nal. É tudo a gente que fabrica. A pólvora e os ba­ca­martes somos nós que fabricamos. É um grupo que festeja os santos juninos: Santo Antônio, São João e São Pedro. Na nossa cidade a gente sai de casa em casa festejando os santos juninos”.

Maria Antônia Ramos destaca que o batalhão de Carmópolis é o único do Brasil que atira, canta e dan­ça, nasceu a partir das atividades dos escravos. Ela conta também que há outro batalhão no Brasil, mas que apenas pratica os disparos de tiros.

A tradição foi criada em meio ao sofrimento que os escravos sofriam nas plantações de cana-de-açúcar. Como forma de agradar um pouco, os “patrões” permitiam alguns momentos de festa para seus escravos brincarem.

“O senhor do engenho deixava uma vez por mês fazer um samba de roda. Como não tinha fogos de artifícios montou o baca­marte e foram montados os instrumentos”, explicou.

Maria Antônia conta que é da quarta geração do grupo e que todos têm parentescos uns com os outros. “Aqui não tem ninguém que não seja sangue de bacamarteiro”.

Diz Maria Antônia que o festival de Olímpia é bastante aconchegante. “O calor humano de Olímpia é único. A gente já brincou em Gramados, Santa Cruz do Sul, mas Olímpia é a nossa segunda casa. Aqui o pessoal acolhe a gente muito bem, mas muito bem mesmo”.

Outra integrante do batalhão que também concedeu entrevista foi Valdiene Vieira (foto à direita), que é filha de um fa­bricante de bacamarte. No entanto, diz que é seu pai quem conhece melhor a técnica da fabricação. Porém, destaca que os principais materiais utilizados são a madeira, o ferro (ca­no da arma) e o gatilho.

Valdiene também destaca a importância do festival de Olímpia. “É muito gratificante chegar e fazer o que a gente fez hoje a­qui. É emocionante. É cultura. Eu vou brigar para vir a Olímpia todo ano”.

Além disso, Valdiene conta que o tiro é uma tradição do homem, mas que algumas mulheres também atiram. “Mas tem sempre uma mulher ousada que mete a cara e atira. Os homens não ficam bravos por isso. Eles até a­cham bonito e é bom para eles também porque as pessoas ficam na curiosidade para ver as mulheres atirando”.

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