15 de setembro | 2019

MCs de Olímpia cantam e encantam no programa “Cidade em Destaque”

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O programa “Cidade em Destaque” que vai ao ar de segunda a sexta-feira, das 11 às 12 horas, pelo Facebook, Youtube e pela Rádio Cidade, que foi apresentado pelos jornalistas Willian Zanolli e José Antônio Arantes, abriu espaço para ouvir aqueles que estão produzindo música em Olímpia, na sexta-feira, 6. Abrindo o programa, neste dia, foram entrevistados Kaíque MC, Blue MC e Minas de Front (Bruna Dahmer e Noemi Nunes), que falaram sobre o Rap, seus projetos e mostraram um pouco do seu trabalho.

Bruna Dahmer, das Minas de Front contou que são poucas mulheres MCs, que cantam. “E a ideia é a gente estar na linha de frente mesmo, mostrando que o lugar da mulher é onde ela quiser e que a gente pode fazer rap também, rap bom”, afirmou.

Já Noemi Nunes destacou que as letras nas Minas de Front, geralmente falam da mulher mesmo. “De se impor, da gente estar onde a gente quiser, da gente estar fazendo rap, da gente estar fazendo rap bom e vão ter que engolir a gente fazendo rap bom”, destacou.

Sobre o que é o rap Bruna explicou que o significado da sigla em inglês é “rhythm and poety”, ritmo e poesia, e faz parte do hip hop, que faz parte dos quatro elementos: o DJ, a dança, o MC e o grafite.

Os quatro, embora atuem separados, têm músicas que cantam juntos e estão sempre um acompanhando o trabalho do outro e participando um da música do outro também.

Kaíque MC, sobre a música destaca que: “não só o rap, mas a música em geral, ela tem a missão de dialogar com a juventude e tentar expor e propor algumas soluções para os problemas que a gente tem na sociedade. Têm dois tipos de música que eu escrevo, de cunho pessoal e de cunho político, mas são vivências minhas e pensamentos meus acerca desses problemas”.

E foi Kaíque MC, acompanhado de Naomi que cantou a primeira música no programa, que chama Os mesmos erros de sempre:
“Fortaleço o meu eu através dos anos; Versando sobre o medo do que pode acontecer; Mesmo assim não me escondo e refaço planos; Decepções diárias que antecedem o prazer; Até no meu lazer me sinto preocupado; Me sinto inquieto, no canto calado
(…)
E hoje eu tô bolado, porra. Cansado disso tudo e agora quem socorre; Uma voz na minha cabeça me diz corra; Esquartejando os meus demônios ; E ainda assim eles não morrem; (…)
Será que hoje eu sou livre? E o que a gente vive; A gente vive de verdade; Insistir no mesmo erro de sempre; Assistindo os mesmos erros de sempre; Cometendo os mesmo erros de sempre; Vivendo os mesmos erros de sempre;

MENINAS DE FRONT

A segunda música, com as Minas de Front, acompanhadas por Kaíque MC, foi Queima de Arquivo:
(…)
Sou mulher que o marido matou; Filha que o pai abandonou; Vítima do desnível social; A barriga que nunca jantou;
(…)
A mãe assiste e chora morte do filho que vinha da escola; Corte de verba que fere com faca na maca da UPA; Onde a fé fica fraca e de quem é a culpa; Engraçado que não mostra a cara; Manipulando o povo e mídia; Vencendo eleições de cartas marcadas; Nossa democracia sendo defendida; Enquanto escorre sangue pelas vias; Vejo a história sendo repetida; Primeiro mentira, agora tragédia; Eu morro aos poucos; Protestamos feito loucos; Mas se fala demais corre o risco; Em nome do dinheiro, queima de arquivo;

BLUE MC

A última a cantar foi Blue MC, que mostrou um verdadeiro grito de mulher, com Ninguém nos cala:

Tentaram me calar mas eles não vão conseguir; Cês vão ter que me aturar e os machistas me engolir; Tô aqui para quebrar essa porra desse sistema; Minhas irmã chega junto para representar na cena sem; Sem algemas estamos presas nessa merda de sistema; Os mano aqui da área tão querendo nos tirarem; Nos ensinaram a fazer rima e a nossa voz calar; A sociedade impõe que não devemos nos expressar.

(…)

Fanáticos religiosos querem nos pregar; Que mulher dentro de casa é só para macho cozinhar; Tão votando em nosso nome que não vamos abortar; E um fruto de um estupro obrigadas a gerar; Bem-vindo a nova era do meu corpo, minhas regras; Minha liberdade eu domino e vou contra essa merda; Eu vou tirar qualquer macho que tenta me esculachar; Cala boca aí otários, você vai ter que me escutar; Blue MC aqui na área chegou para te ensinar; Que lugar de mulher é onde ela quiser ficar; Seja em casa, no trabalho ou no palco;

(…)

Com Mic na mão, seja de tênis ou de salto alto; Minha revolta é cantada e minha rima ilimitada; Minha mente é minha arma e minha caneta minha bala; Vou em frente, afronto esses caras; Que acham que só porque sou mulher eu não devo ser respeitada; Entre becos e vielas somos todas violentadas, em casa maltratada; Hoje a Lei Maria da Penha já não serve mais nada; A mulher sempre lutou contra a violência em casa; Mas a sociedade age como se não houvesse nada; O meu short, a minha saia não tem culpa de nada; Você se diz ser homem mas tem a conduta falha; Você se diz ser homem mas não passa de canalha.

 

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