16 de maio | 2010

Missa ‘Conga’ encerra 9.º Encontro e Festa do Congado

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A celebração de uma missa Conga encerrará o 9.º Encontro e Festa do Congado São Benedito, Nossa Senhora do Rosário e Santa Ifigênia, neste domingo, dia 16, na Capela de São Benedito. O ato religioso está previsto para as 17 horas, respeitando a tradição, ou seja, do lado externo da igreja, na Praça São Benedito, região centro sul da cidade.

A informação é do capitão do Terno de Congada Chapéu de Fitas, do Jardim Santa Ifigênia, e presidente da Associação Protetora do Congado, de Olímpia, marceneiro José Francisco Ferreira.
Será o ponto alto do evento religioso, que começou no dia 18 de abril, com o levantamento do mastro de Bandeira de Aviso, na praça São Benedito, na região centro sul da cidade. Começa no dia 13 de maio, com o levantamento dos mastros de São Benedito, Nossa Senhora do Rosário e Santa Ifigênia e homenagens à princesa Izabel e Lei Áurea.

Neste sábado, dia 15, acontece a visita aos festeiros e coroas. No domingo, pela manhã, acontece o “Café de São Benedito”, para recepcionar os grupos participantes e propiciar a “comensalidade” em frente à capela de Santa Ifigênia, conhecida por Santa Azul, a partir das 8 horas, na Avenida do Folclore.

Às 14 horas do domingo, os congos se encontram e realizam o cortejo de rua do reinado a partir das 16 horas, em direção à Capela de São Benedito, no Jardim São Benedito, onde se realizam os rituais Missa Conga e o encerramento da festa.

De acordo com o jornalista Antônio José Scarpinetti, do Núcleo de Ação Cultural Vale do Rio Grande, o 9º Encontro de Congadas tem apoio do Núcleo de Ação Cultural Vale do Rio Grande e da Comissão Paulista de Folclore. A festa tem objetivo, segundo o capitão José Francisco Ferreira, o “Capitão Ferreira”, de preservar a tradição do congado de Olímpia, que em muitas regiões não mais existe.

Ferreira explica que Minas Gerais é o estado que mais conserva essas tradições e o mais representativo. E que são muitas as dificuldades para manter essas tradições, quando muitos fecham as portas por não aceitarem esse evento. “É uma oportunidade que nós criamos e enfrentamos muitas barreiras, desde o início”, reclama.

O evento acontece na semana em que se comemoram 122 anos da assinatura da lei que conferiu a liberdade aos escravos no Brasil. Trata-se de uma grande festa de coroação e louvor aos santos de devoção dos negros cristãos. São Benedito, Nossa Senhora do Rosário e Santa Ifigênia, ligados aos rituais míticos religiosos e a resistência cultural dos povos de matriz africana, cuja tradição tem origem no período do Brasil.

MISSA CONGA

A missa Conga traduz toda a dimensão e a estratégia de sobrevivência representada neste auto popular de fé. Foi dessa forma, aceitando e participando das irmandades católicas, impostas pela coroa portuguesa e pelo clero e se deixando manipular, que os escravos encontravam a mobilidade necessária para cantar, dançar, tocar seus tambores, girar, adorar os santos, venerar seus deuses, rainhas, e fugir em busca da liberdade.

Desse contexto surgiram as manifestações de caráter religioso em homenagem aos reis e aos santos padroeiros que unem os elementos simbólicos e míticos dos povos cristãos e africanos.

Na missa conga os cantos devocionais substituem os cantos litúrgicos, com a participação de todos os grupos de congada e moçambique. A liturgia é a da missa sobre a assunção de Maria aos céus, toda voltada à Maria, à Virgem Nossa Senhora do Rosário, a grande mãe e rainha que a todos acolhe e protege.

João Batista Ferreira, da Associação Protetora do Congado e do Terno de Congada Chapéu de Fitas, de Olímpia (SP), explica que um capitão que conhece a tradição nunca dá as costas para a imagem de Nossa Senhora do Rosário: “Foi desta forma que os negros moçambiques de Angola conduziram e resgataram a imagem da santa que tinha nas mãos um rosário de ouro. É assim que fazemos e, é assim que acredito que deva ser. Assim a devoção do rosário se espalhou”, completou.

Segundo o capitão a coroação de reis e rainhas acontece há mais de três séculos entre as populações oriundas do Congo e moçambique de Angola, espelhados nos rituais dos povos bantos que coroavam seus reis em terras africanas. O congado significa a reunião desses folguedos, representados pelos ternos de moçambique, congada, catupé e vilão.

Essa tradição é mantida há décadas pela família do capitão José Francisco Ferreira, dona Edna, sua esposa, seus filhos, netos e a comunidade da capela de Santa Ifigênia, no bairro do mesmo nome.
Foi por meio do incentivo do professor José Sant’anna, criador do Festival de Folclore de Olímpia, e pelo o desejo de manter uma tradição de seus familiares que o capitão Ferreira mantém a congada e os encontros que permitem manter vivo esse espírito comunitário.
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