15 de fevereiro | 2017

Morador de Altair procura INSS por benefício e descobre que é dono de 10% do capital de uma empresa

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O lavador de carros José Edison Porto,(foto de Mara Sousa) de 56 anos de idade, que está residindo na casa de um filho em Altair, procurou o INSS para requerer o benefício de Amparo Assistencial ao Idoso e ao Deficiente (LOAS) – que garante um salário mínimo mensal ao idoso com 65 anos ou mais e ao portador de deficiência incapacitado para o trabalho – e descobriu que tem uma empresa de importação e exportação em seu nome. José foi diagnosticado com câncer de laringe e vive da ajuda dos dois filhos. Por nove anos, José morou nas ruas de São Paulo entregue ao vício do alcoolismo.

Porto veio morar com os filhos após passar por tratamento. “Eu nunca tive bem nenhum, como que eu poderia ter uma empresa”, questionou. Ele conta que em quatro ocasiões perdeu os documentos, entre eles CPF, RG e carteira de trabalho.

Por isso, acredita que seus documentos foram usados para a abertura da empresa. Ele descobriu, no último dia 27, que é sócio da empresa e que tem 10% do capital social, quando foi dar entrada no benefício no INSS.

Em pesquisa, na Receita Federal, José descobriu que a empresa foi aberta em 1995 e os dados cadastrais do órgão apontam que ela é sediada na Vila Formosa, na Capital paulista.

Diagnosticado com câncer de laringe em agosto do ano passado, o lavador de carros afirma que teve seu último registro em carteira em 1992, como gráfico. De lá para cá fez bicos como lavador de carros até descobrir a doença. Sem condições de se sustentar, atualmente passa alguns dias em Talhado, distrito de Rio Preto, na casa de um dos filhos e em Altair, na casa de outro filho.

“Eu contribui durante anos e só quero poder me sustentar, ter meu canto para seguir minha vida”, afirmou. O filho dele, Ramon Sanches Porto, 30 anos, conta que o diagnóstico de câncer foi uma surpresa desagradável que trouxe a aproximação. “Agora, ele está aqui com a gente. Essa doença o trouxe para viver aqui com a gente. Acabei de ganhar minha filha e ele está podendo curtir esse momento com a gente”.

Durante o tratamento, José precisou fazer uma traqueostomia, o que prejudicou sua comunicação. Ramon acompanha o pai para resolver o impasse.

Na última segunda-feira, dia 13, José foi até a Central de Flagrantes, em São José do Rio Preto, onde registrou um boletim de ocorrência e procurou a Defensoria Pública. “Nos disseram no INSS que entrar com o pedido será perdido enquanto não resolvermos o problema dessa empresa no nome dele. Na Defensoria fomos orientados a procurar um advogado em uma faculdade. Vou fazer isso nos próximos dias”.

Registrado como estelionato, o caso será investigado pelo 3° Distrito Policial. A assessoria de imprensa do INSS informou que o caso será apurado nesta quarta-feira.

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