25 de abril | 2011

Mulher de 29 anos teria morrido por falta de atendimento na Santa Casa

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Um possível descaso e também falta de médicos com
conhecimentos mais amplos, pode ter matado a dona de casa Fernanda Silva
Santos, de 29 anos de idade, que residia na rua Coronel Antônio Pereira, número
184, Jardim Santa Ifigênia, zona norte de Olímpia. Ela teria morrido na noite
do domingo, dia 24, por falta de atendimento médico mais adequado, chegando a
ficar estirada no chão da entrada do pronto-socorro na tarde do sábado, 23, na
Santa Casa local.

Segundo informações obtidas com familiares, na manhã da
segunda-feira, dia 25, horas antes do sepultamento, desde a quarta-feira, dia
20, portanto, antes de iniciar o período dos feriados, a família buscou ajuda
no hospital e não encontrou.

Foram vários dias e a moça era mandada de volta. “Ela morreu
sem recurso nenhum. Pelo menos sem atendimento, pelo que vi lá na Santa Casa,
ontem (sábado, 18 horas). Nem soro sequer foi aplicado nela”, disse um dos
familiares.

De acordo com uma das irmãs da paciente, Márcia da Silva
Santos (foto), ao chegar na Santa Casa no final da tarde do sábado, apenas a colocaram
em uma cadeira de rodas. “Mas ela não estava mais suportando ficar sentada e
queria deitar. Ai, ela caiu no chão e comecei a gritar para que viessem
pegá-la. O porteiro disse que não cabia porque já estava lotado. Mas uma pessoa
chegou e disse que ela não podia ficar deitada onde estava e falou para que a
colocassem para dentro”.

Mas não deixaram a Márcia Santos entrasse para falar para o
médico o que Fernanda sentia. “Depois, uma enfermeira falou que não tinha mais
vaga para uma internação, e que a levássemos de volta para casa. Ela ficou em
observação e o segurança chamou a ambulância e a levamos de volta para casa.
Depois disso ela começou a piorar”, acrescentou

OMISSÃO DE SOCORRO
Márcia diz que achou atendimento da Santa Casa muito
demorado. “Acho que deveria ter mais médicos para atender os pacientes em
estado mais grave. A minha irmã estava piorando. Eles estavam atendendo umas
criancinhas e minha irmã estava jogada no chão. Eles a mandaram de volta e não
quiseram interná-la de jeito nenhum. Eu acho que houve omissão de socorro. Se
tivessem socorrido minha irmã aquela hora que ela estava deitada no chão e eu
gritando por socorro para colocá-la para dentro, acho que ela não estaria desse
jeito (morta) agora, porque demoraram muito para ver minha irmã e achei isso
muito errado deles”.

De acordo com a família, apenas aplicavam glicose na mulher
e a mandavam de volta para casa. “A irmã dela comentou e eu disse que iria
vê-la hoje, mas fui ontem. A hora que vi a menina falei essa menina vai morrer
à míngua. Alguém tem que fazer alguma coisa. Mas diz que a Santa Casa não quis
atender”, disseram.

A partir da quarta-feira, Fernanda foi levada ao hospital
todos os dias. A última vez foi no início da noite do sábado, dia 23, por volta
das 18 horas.

DEIXAR MORRER EM CASA
“Falaram para minha
prima para levar ela embora e deixar morrer em casa, porque ela não estava boa
e não tinha mais jeito. Que eles não colocariam mais a mão nela. Foram os
médicos que falaram”, contou chorando uma mulher que se apresentou apenas como
parente da paciente, chorando.

“Ficamos lá fora e queríamos saber como ela estava. Eles não
dão informação para a gente. Depois falaram que era cirrose e falei que ela não
estava boa e que tinha que deixar que ela ficasse internada. Eles falaram que
não podia e que não teria mais jeito”, disse Rosangela Aparecida Silva, uma
amiga que acompanhou o caso.

OUTRO LADO
Procurado na tarde da segunda-feira, o provedor da Santa
Casa, Marcelo Elias Najem Galette, disse que os plantões estavam normais, tanto
o de portaria, principalmente por ser terceirizado, quanto o de distância, que
informa também que não havia problemas.

No entanto, alegando respeito à ética médica, inclusive com
respeito à família da paciente, disse que não poderia divulgar o nome dos
profissionais.

Sobre o fato de Fernanda Santos ter sido liberada para ir
para casa várias vezes, sem permanecer internada, Galette afirmou que é preciso
conferir no prontuário de atendimento, que garante receberá informações sobre o
mesmo. “Se a família entrar com solicitação ou pedido para ver, será
autorizado”, afirmou.

Sobre o fato da última afirmação do médico para que não retornasse mais ao hospital com a mulher e que deixasse morrer em casa, explicou: “Se eles (família) acham que foram lesados, tem que ir atrás de um advogado e entrar com uma ação, mas estou impossibilitado de pegar um prontuário, sem autorização da família. Só a família que pode pegar o prontuário. Não posso passar isso para vocês (reportagem)”.

Outra saída, também segundo Galette, é fazer um comunicado
ao conselho de ética médica do hospital “solicitando providências para saber se
houve falta de ética do médico. Mas tem que dar entrada com um pedido formal”.

Na comissão de ética médica, segundo ele, o tramite é mais
rápido do que na polícia. Mas há também o caminho do CRM (Conselho Regional de
Medicina), em Barretos.

O provedor entende que a família deve realmente acionar o
conselho de ética médica que, no caso de Olímpia, é dirigido pelo médico Tássio
José Domingues de Carvalho Silva.

“O maior patrimônio de um médico é o CRM dele. É
tudo para o médico e se tiver como provar isso que eles falam, tem que entrar
mesmo porque se o cara for condenado a pagar um milhão (de reais) ele paga.
Ganha dinheiro e paga”, finalizou.

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