10 de setembro | 2017

Provedora confirma dívida de R$ 8 mi e pede ajuda para salvar a Santa Casa

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A provedora da Santa Casa de Olímpia, Luzia Cristina Contim, confirmou nesta semana que assumiu a direção do hospital com uma dívida de R$ 8 milhões, aproximadamente. Embora numa situação difícil de ser solucionada, mas em busca da confiança da população demonstrando que a instituição não deixará que o hospital seja manipulado pela ingerência de políticos, como ocorreu nos últimos quase 30 anos, ela pede à população que ajude a salvar a entidade.

Durante uma entrevista que concedeu ao jornalista, advogado e filósofo José Antônio Arantes, na rádio Cidade FM, Luzia deixou transparecer que quer conquistar a confiança da população através de ações e da boa aplicação do dinheiro arrecadado pela entidade. Para tanto, a provedora quer tornar o hospital superavitário através do próprio serviço prestado pelo hospital. Ou seja, através do aumento da atividade do próprio hospital, o que geraria um aumento de categoria em relação ao SUS, que aumentaria o valor do que é pago para o hospital.

Junto ao total da dívida, há um empréstimo contraído com a Caixa Econômica Federal (CEF), no segundo semestre de 2016, quando o hospital ainda era dirigido pelo advogado Mário Francisco Montini, no valor de R$ 4 milhões, valor que é considerado impagável por uma instituição filantrópica, pelo menos. “Eu já estou trabalhando com isso”. afirmou.

De acordo com Luzia, esse empréstimo é consignado, ou seja, todo mês o valor relativo a 30% do repasse do SUS (Sistema Unificado de Saúde), é retido para pagar as parcelas do financiamento contratado com o banco.

Esse valor representa cerca de R$ 98 mil que é retido dos R$ 311 mil¸ aproximadamente, que o governo federal repassa a título de verba por conta da contratualização do hospital com o SUS. “Estamos tentando com a caixa econômica, fizemos várias reuniões tentando modificar essas cláusulas contratuais, mas não estou vendo muito sucesso. Está complicado”, explica.

De acordo com a provedora, há cerca de seis meses que vem tentando convencer o banco de que o empréstimo é longo e que dificulta à instituição o pagamento da forma como vem sendo realizado.

Um dos problemas é que a dívida vai acumulando mês a mês e somente neste ano o déficit já é de quase um milhão de reais. “Eu tenho mais ou menos em torno de R$ 200 mil por mês que eu gasto a mais do que ganho”.

Por outro lado, ao explicar os recebimentos, aponta que pode contar com os R$ 200 mil do SUS, R$ 105 mil da Prefeitura de Olímpia, cerca de em média R$ 100 mil da Unimed, quase R$ 50 mil do HB Saúde, além das internações particulares que gira em torno de R$ 50 mil. Enquanto isso, a despesa chega a R$ 800 mil por mês.

Outro problema é que das demais prefeituras da microrregião não recebe nenhum valor. A parcela de ajuda desses municípios está embutida no repasse do SUS que é feito mensalmente para Olímpia, que é o gestor do sistema na comarca.

Por isso pede ajuda à população não só de Olímpia, mas também dos outros cinco municípios da comarca. “O governo federal não dá conta e eu preciso fazer alguma coisa como era antigamente. Antigamente, o governo não existia. Geralmente eram só as pessoas que faziam a filantropia. Depois isso mudou com o tempo e ficou só na mão do governo que não dá conta”.

Dentre as principais despesas estão as aquisições de material e medicamentos que custam aproximadamente R$ 200 mil por mês.

Somente de energia elétrica, a última conta totaliza R$ 18 mil e ainda não foi paga. Aliás, de acordo com a provedora, pagamentos à CPFL não são realizados há um ano.

UPA melhora só com mais funcionários na farmácia

Com uma das poucas medidas já tomadas pela provedora da Santa Casa de Olímpia, Luzia Cristina Contim, que assumiu o atendimento no lugar da OSCIP – Organização da Sociedade Civil Público, denominada GEPRON (Gestão de Projetos da Noroeste Paulista), a UPA – Unidade de Pronto Atendimento de Olímpia já estaria mostrando melhoras em relação ao que ocorria anteriormente. Atualmente, no tempo que antes durava para um paciente ser atendido, já estariam sendo atendidos pelo menos três, que saem mais rápido no local.

Segundo conta Luzia Contim, até agora ainda não registrou reclamação. Ela diz que fez melhoria principalmente na farmácia que tinha apenas um profissional. Isso, segundo Luzia, deixava grande parte do tempo sem um farmacêutico par atender as necessidades e causava demora no atendimento.

Por isso, ela contratou mais quatro profissionais da área e, segundo já está apurado, o atendimento melhorou bastante. Uma enfermeira relatou que no mesmo espaço de tempo que atendia um paciente, agora está atendendo a três. “Acho que hoje está funcionando melhor porque as pessoas permanecem menos tempo para serem atendidas na UPA”.

Mas, segundo ela, ainda vai melhorar mais depois que entrar em funcionamento a central de diagnósticos da Secretaria Municipal de Saúde, o que também vai reduzir a movimentação de pessoas no local. Além da reforma do prédio que está projetada pela prefeitura.

Por outro lado, faltam recursos também para a UPA que tem despesas altas como se fosse um hospital, embora não seja. De acordo com Luzia Cristina Contim, o governo federal repassa apenas R$ 300 mil por mês.

Reformar maternidade para iniciar recuperação financeira

Uma reforma nos quartos da maternidade, principalmente com o apoio da comunidade, está sendo considerado pela provedora Luzia Cristina Contim, como o início da recuperação financeira da Santa Casa de Olímpia. A projeção é que dessa forma vai reter na cidade as mães que têm planos de saúde ou mesmo que buscam as internações particulares em São José do Rio Preto, principalmente, para ter os seus filhos.

Para tanto, Luzia Contim diz que está montando um projeto para melhorar a hotelaria da maternidade, como forma de evitar que a maioria dos partos de convênios e particulares continuem sendo feitos em Rio Preto por opção das famílias dessas pacientes.

“Nós não temos um espaço acolhedor. Está horrível. Sem condições de dar um atendimento melhor. A parte de hotelaria está precária. Vamos reformar essa área”, lamenta.

Nessa reforma é necessário, é preciso, melhorar a parte climática, sistema de televisão, enfim, dar mais conforto às mães que forem dar a luz na Santa Casa. O projeto que já está sendo estudado aponta para um custo de R$ 30 mil cada quarto.

Segundo a provedora, atualmente o hospital realiza 80 partos por mês, mas dá para atender até 200. “Precisamos ocupar 100% dos quartos para aumentar nosso faturamento”.

Inicialmente a ideia é realizar a reforma de seis apartamentos, sendo três com duas camas cada um e outros três com uma.

Para tanto pretende utilizar inclusive o sistema de arrecadação junto com a Superintendência de Água, Esgoto e Meio Ambiente – Daemo Am­biental, como era antes. Luzia conta que já verificou que antes chegava a R$ 10 mil por mês e que agora caiu para R$ 2,3 mil por causa da quebra da confiança da população em relação à administração da Santa Casa.

Agora, pretende alterar um pouco o sistema para que as pessoas possam doar, por exemplo, R$ 0,50 por dia. Depois disso, através da retomada da confiança, há possibilidades de que essa arrecadação chegue a gerar R$ 150 mil ao mês. Isso ajudaria a fechar as contas, já que atualmente o déficit seria de R$ 300 mil a R$ 400 mil por mês.

 

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