13 de novembro | 2006

Raio que matou turista pode ter sido atraído por pára-raios da Menina AM

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Aterramento de pára-raios tem que ter resistência zero.
"Descarga sempre vai cair num ponto mais alto", afirmou engenheiro.

A descarga elétrica, popularmente conhecida como raio, que no domingo (05) matou o diretor de informática da câmara de Uberaba, José Ronaldo Araújo Prata Júnior (35), que se encontrava na piscina de ondas do Parque Aquático Thermas dos Laranjais, pode ter caído no pára-raios da torre de radio Menina AM, de onde uma descarga secundária teria se propagado para onde está a piscina de ondas.

 Segundo o conselheiro do CREA (Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura) de São Paulo e coordenador da Câmara Especializada em engenharia elétrica do conselho, engenheiro eletricista Luiz Antônio Moreira Salata (foto), pelas circunstâncias conhecidas até aqui e, principalmente em razão do estado em que teria ficado o corpo do banhista acidentado, procede a tese de que o raio teria caído na torre da emissora de rádio e um surto elétrico de alta intensidade ter se projetado até o Thermas pela rede elétrica e de um transformador que fica próximo a piscina e que uma centelha tenha atingido diretamente o banhista de Uberaba. "Não tem condição do raio cair e cair num ponto baixo que tem um pára-raio num ponto mais alto", asseverou.

A suspeita se dá em razão da torre da emissora de rádio ficar próximo do local, em local mais alto e desde o momento em que o raio caiu, segundo afirmações feitas por seus locutores, ficou fora do ar até a terça-feira à noite, pois teriam sido danificados vários equipamentos.

Entrevistado na tarde da quinta-feira (09) desta semana, Salata, que também foi coordenador da comissão de engenheiros que apurou as causas do black-out que atingiu grande parte do Brasil em março de 99, que ficou conhecido como apagão, inicialmente explicou o que são as descargas elétricas popularmente conhecidas como raio.

Pode ter ocorrido, segundo avalia preliminarmente, sem descartar a necessidade de uma perícia mais detalhada, que o pára-raio instalado na torre de transmissão da Menina não teria conseguido segurar a intensidade do raio, porque além de destruir equipamentos da emissora teria se propagado para outros lados.

"É importante a gente imaginar a questão da propagação dos campos eletromagnéticos, que são aquelas linhas radiais, com linhas equipotenciais. Numa região com várias centenas de metros, até quilômetros, o pessoal fica sujeito a influência da descarga, ainda mais um empreendimento onde exista água", comentou.

Salata lembra que não só os próprios bombeiros, bem como todos da defesa civil e também das concessionárias de energia elétrica, sempre orientam para quem trabalha no campo, por exemplo, com trator, não permanecer nos veículos durante uma tempestade de raio.

"O pessoal deve tomar cuidado com cercas, varais de metal, não trabalhar com telefones, encanamento metálicos, e tomar cuidado porque cai num lugar e o cara sofre a descarga, é o condutor que leva a corrente altíssima", acrescentou.

Por outro lado, o engenheiro descarta qualquer possibilidade de que o raio tenha caído diretamente no clube, "porque a Rádio Menina fica num ponto maior (mais alto). Fisicamente e quando cai a descarga ela sempre vai cair num ponto mais alto. Um ponto mais próximo, mas mais alto. Eu acho meio improvável, fisicamente".

Fazer perícia

No entendimento do conselheiro do CREA seria interessante fazer uma perícia no sistema da emissora para saber se o aterramento é compatível. "Porque o aterramento tem que ser próximo da resistência zero e têm aparelhos que medem essa resistência", alertou.

Salata explica que o aterramento não pode ter uma relutância, "porque a corrente tem que entrar num ponto mais fácil. Teria que ver lá na Rádio Menina, porque se queimou equipamento, o correto seria ter caído e não ter acontecido nada, precisaria medir o sistema".

O engenheiro, no entanto, fez questão de frisar que o fato levantado de que a vítima poderia ter pinos metálicos oriundos de cirurgia óssea após acidente, não teve nenhuma influência no fato de ter sido o único a ser atingido pela centelha de descarga elétrica atmosférica.

"Chega supostamente em tese que esta descarga poderá ter caído em sentido do pára-raio da torre da Radio Menina, que é um ponto mais alto na região. Primeiro que o Thermas fica numa cota menor, mas, evidentemente, que essas sobretensões, são esses campos eletromagnéticos que se formam em linhas radiais, do ponto de onde hoje há incidência da descarga e essa descarga tem milhões de volts e, portanto, milhares de ampères e a capacidade de corrente fortíssima", reforçou.

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