10 de agosto | 2009

Sant’anna ouvia músicas caipiras na casa de aposentado

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O folclorólogo responsável pela idealização e criação do Festival do Folclore, professor José San­t’an­­na, procurava a companhia de uma pessoa amiga para descansar ouvindo músicas caipiras. Quem contou estes fatos, na quinta-feira, dia 6, foi o colecionador de dis­cos de músicas sertanejas, o aposentado Valdemar Bal­bo (fo­to), que durante 31 anos ajudou nos trabalhos das comissões dos festivais.

Em razão da qualidade da coletânea musical que já possuía, Val­de­mar relata inclusive, que o professor sempre, em conversa com outras pessoas, o considerava um professor de músicas, chegando a compará-lo com a grandeza do trabalho que ele, Sant’anna, realizava em torno das pesquisas culturais que produzia.

“Ele (Sant’anna) falava para to­­do mundo que ele era o professor de folclore e eu era o professor de música. Ele sempre vinha a minha casa e chegava deitar na minha cama para ouvir as músicas. Eu tinha vitrola (toca-discos portáteis) naquele tempo e colocava a música aqui para ele ouvir e ele chegava até a sonhar. Ele gostava das músicas e escolhia as que ele queria e tocava. Para ele era um prazer”, contou o aposentado.

De acordo com Valdemar Bal­bo, o professor José Sant’anna gos­tava muito de ouvir um disco da dupla Flor da Serra e Pinheira, que tinha a gravação da música Rincões da Nossa Terra. Outra que, segundo o aposentado, ele ado­rava, era a música Biquinha de Água Limpa, uma das músicas gravadas pela dupla Tião Carreiro e Pardinho, músicas con­sideradas especificamente sertanejas. “Ele gostava desse ti­po de música”, reforça.

Entretanto, o aposentado contou também detalhes do trabalho do professor José Sant’nna, que envolviam o gosto que o folclo­ró­lo­go tinha pelas pesquisas culturais que realizava no dia-a-dia. E era justamente essa forma de ser que agradava tanto aos integrantes dos grupos que vinham a Olímpia e que ajudava na preservação das manifestações.

“Todos os grupos o tratavam bem. Era muito estimado e todo mundo tinha muita amizade por ele. Aqui, numa cidade vizinha a Olímpia existia um grupo que ele praticamente sustentava e deixaram morrer, que era a Dança do Guarda do Vilão de Barretos. Ele ajudava muito esse grupo, como ajudava todos daqui de Olímpia e esses grupos sumiram. Tinha um outro grupo que ele gostava muito que era o Batuque de Piracicaba. Ele gostava também do Samba de Lenço de Mauá e muito outros. Só espero que o pessoal da comissão faça uma festa para alegrar o povo. Apesar desse problema dessa gripe que está atormentando meio mundo, espero que seja uma festa bem organizada”.

DIFÍCIL FAZER IGUAL

Um apreciador em especial do trabalho de José Sant’anna, Valde­mar, embora até acreditando que seja possível, não se anima a afirmar que alguém conseguirá realizar um trabalho idêntico ou mesmo organizar um festival. “Vai ser meio difícil, mas se quiser faz porque nada é impossível de se fazer. Só espero que eles não deixem morrer a tradição que o Sant´an­na tinha para colocar só os grupos parafolclóricos”, clama o aposentado, que gosta de acompanhar os festivais, principalmente os grupos folclóricos.

Por isso torce para que tudo dê certo com as propostas apresentadas até agora pela comissão organizadora do 45.º Festival Nacional do Folclore (Fefol). “Ouvi di­zer que eles estão procurando melhorar porque tinha partido muito só para os lados dos grupos parafolclóricos e que grupos folclóricos tinham poucos espaços. Espero que melhore mesmo”, afirma.

Valdemar alertou que a preferência do professor pelos folclóricos era muito grande, a ponto dele ter sempre afirmado que, se não tivesse ninguém assistindo a apresentação, os grupos dançariam somente para ele que já o satisfazia. “Ele queria muito os grupos folclóricos dele”, acrescentou.

Mas não é fácil lidar com os grupos folclóricos. Valdemar conta também que esses grupos são os que dão mais trabalho para a organização. “Você tem que deixar fazer do jeito que eles querem, se não eles ficam magoados. Os outros são pessoa mais estudadas e mais fáceis de lidar”, finaliza

 

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