12 de abril | 2015

Secretária crê em demissões após implantar cartão de ponto

Compartilhe:

Da redação e assessoria

Embora não acreditando em uma debandada em massa, a secretária municipal da Saúde, Silvia Elisabeth Forti Storti (foto), está acreditando que haverá demissões principalmente de profissionais médicos, após a implantação do cartão de ponto. Entretanto, ao falar da possibilidade sempre reforça que se trata de uma recomendação do Ministério Público Federal de São José do Rio Preto, que atinge também outros municípios.

No entanto, ela afirma não estar encontrando problemas de resistência dos profissionais. “Todo mundo entende que não é uma situação específica do município. Todo mundo acompanha a mídia regional, e vê que não é só uma questão daqui do município de Olímpia. Eles estão entendendo a situação”, garante.

Quanto ao risco dos profissionais deixarem a rede em função disso, a secretária diz que “não há o temor de uma deserção em massa. Vamos implantar e aguardar”, ela diz, embora reconheça que “com certeza, sempre acontecem demissões. Mas aí nós vamos abrindo concursos, e vamos trabalhando. O que não podemos é correr o risco com o Ministério Público”, justifica. “Nós temos uma demanda para que façamos a adequação ao ponto eletrônico e vamos acatar”, acrescenta.

Mas trata-se de uma situação complicada e difícil de ser contornada, como o próprio prefeito Eugênio José Zuliani reconheceu no início de outubro de 2013. Na ocasião, diferentemente do que afirmava durante a primeira campanha eleitoral e chegou a anunciar no início de seu primeiro mandato, ele afirmou que não tinha como e nem mesmo poder para controlar os horários dos médicos que atendem pela Secretária Municipal de Saúde.

Ao mesmo tempo, além de reconhecer o baixo salário da categoria, o prefeito confirmou que os médicos estavam realizando apenas 16 consultas por dia, muitas vezes em tempos recordes.

“Nós temos alguns entendimentos de que o médico tem que fazer 16 consultas por dia. Sem dúvida alguma, com os salários que se paga no setor público a gente não consegue médico para trabalhar o dia todo. Então, a gente tem que lutar pra melhorar os salários e o médico ter boas condições de ser funcionário do setor público”, disse.

A afirmação foi feita durante uma entrevista que concedeu após o final de uma reunião com os moradores do Jardim Santa Ifigênia, zona norte da cidade, justamente por causa da reclamação da falta de médicos para atender na Unidade Básica de Saúde do bairro.

Durante a reunião com os moradores ele foi mais enfático afirmando que sabia qual era o problema desde quando era vereador: “eu sei e estou careca de saber desde que era vereador, que é o horário dos médicos. Tem médico con­cursado para quatro horas, tem médico concursado para duas horas. Existe o entendimento que é a jornada ou 16 consultas”.

Zuliani informava que havia implantado o sistema de cartão de ponto na Prefeitura de Olímpia, mas a situação não estava valendo ainda para os médicos. No entanto, achava que nem sempre marcar o ponto seria o caminho certo.

25 médicos pediram demissão em 2010 para não picar cartão

Cobrar o cumprimento de horários dos médicos da rede municipal de saúde é uma questão que vem desde a campanha eleitoral do primeiro mandato do prefeito Eugênio José Zuliani. A promessa do candidato se transformou em ameaça e resultou na saída de 25 médicos que não aceitaram picar cartão e pediram demissão em 2010.

“Em 2010 tivemos uma denúncia que os médicos não estavam cumprindo os horários. Demos uma ordem para todos cumprirem, mas 25 pediram demissão no outro dia”, afirmou o prefeito em outubro de 2013 para moradores do Jardim Santa Ifigênia, na zona norte, que reclamavam da falta de médicos no bairro.

Pelo menos aparentemente o problema sempre esteve ligado ao fato de serem cobrados para que cumprissem quatro horas de jornada de trabalho e pediam exoneração de seus cargos.

Na oportunidade, ao falar do assunto, o prefeito citou o trabalho da secretária Silvia Elizabeth Forti Storti e que estão fazendo esforço para segurar os médicos que atuam na rede pública de saúde, inclusive praticamente dobrando o salário da categoria, mas mesmo assim “nós perdemos mais de vinte médicos, mesmo nós dobrando o salário, porque não queriam cumprir horário”.

Como se recorda, a questão da implantação do cartão de ponto vem desde fevereiro de 2011, pelo menos, quando o prefeito Eugênio José Zuliani estabeleceu que os médicos que prestavam serviço à Secretaria Municipal de Saúde teriam que “picar cartão” (sic). Zuliani queria dizer que, assim como os demais funcionários das Unidades Básicas de Saúde (UBS), os médicos teriam que cumprir suas jornadas de trabalho e marcar o ponto em relógios digitais.

De acordo com o que ele informou na época, através do pregão presencial número cinco de 2011, seriam adquiridos 70 relógios de ponto digitais que seriam instalados em todos os setores da administração, inclusive nas unidades básicas.

Além de ser um sistema computadorizado, quer dizer, marcar a presença do funcionário em tempo real, a pessoa terá que colocar o dedo polegar para registrar os horários de chegada e saída do trabalho.

Naquela oportunidade, o prefeito avisava que a medida teria que atingir também aos médicos: “Automaticamente, não posso chegar em uma UBS e falar que a enfermeira e o atendente vão picar o cartão e o médico não. É para todo mundo”.

Compartilhe:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do iFolha; a responsabilidade é do autor da mensagem.

Você deve se logar no site para enviar um comentário. Clique aqui e faça o login!

Ainda não tem nenhum comentário para esse post. Seja o primeiro a comentar!

Mais lidas