21 de novembro | 2021

Uma família há oito meses esperando por justiça

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Ou um filme de terror que parece não ter dia e nem hora para acabar.

 

José Antônio Arantes
Já se vai oito meses desde que um bombeiro incendiário despejou gasolina nas portas de um prédio em pleno centro da cidade e onde funcionam o jornal Folha da Região, a Rádio Cidade e onde este jornalista reside com sua esposa e a netinha/filha de 9 anos de idade. E até agora nada.

Foram meses de agonia, de desânimo, de depressão, de sensação de impotência, de desesperança e de um sufoco que dói no peito por saber que os verdadeiros culpados estão se ancorando no sistema para ficarem impunes.

São vários meses, onde muita coisa deixou de ser feita (por exemplo, o não confirmar por falta de investigação que o bombeiro esteve num determinado edifício da cidade na noite anterior ao verdadeiro atentado terrorista que cometeu) e não existir nenhuma pista concreta para elucidar totalmente o caso.

NÃO DÁ PARA ACREDITAR QUE
O BOMBEIRO TENHA AGIDO SOZINHO

Não dá para acreditar, dentro do contexto que antecedeu o fato, que o bombeiro incendiário teria feito e planejado tudo sozinho. Com certeza, o fez a mando ou contratado por alguém, ou por algum grupo de pessoas para quem a morte do outro é coisa natural.

Mas o que resta é a angústia, a incerteza e a sensação de que nada mudou desde o fatídico instante de quase morte, sem que nada, nenhum fato, nenhuma situação tenha sido elucidada, a não ser o óbvio, que um tentáculo humano, que desonrou toda a classe daqueles que são treinados para salvar vidas, tenha tentado tirar a vida de dois anciões e de uma criança.

E pior, que, pelo que se depreende, em razão de o jornalista, nos veículos e programa que edita defender a ciência, o controle do inimigo que deveria ser comum, o novo coronavírus, após ter sofrido verdadeiro espancamento moral pelas redes sociais, pelos defensores e soldados humanos lutando ao lado deste inimigo invisível nesta verdadeira guerra que ficou provada, provoca o caos, passa por verdadeiro assédio judicial por parte de um advogado negacionista que patrocinou simplesmente 11 ações contra o jornalista e os veículos que edita (cinco criminais e seis civis por dano), praticamente pelos mesmos fatos, com os mesmos argumentos, em seu nome próprio e de outros de seus companheiros negacionistas.

A FOLCLÓRICA OLÍMPIA AGORA
CONHECIDA POR TER UM BOMBEIRO
QUE PÕE FOGO EM CASA DE IDOSOS E CRIANÇA

Aliás, o advogado, ao que tudo indica, é amigo pessoal do bombeiro e foi flagrado ao seu lado em manifestação negacionista defronte a prefeitura meses após ter sido exonerado do serviço público municipal (a pedido ou não) e seu amigo ter tido pedido de aposentadoria negado, eis que era bombeiro civil municipal concursado (aliás, o bombeiro disse na delegacia que queria matar o prefeito).

Não se sabe, até agora, quem mandou, participou, ou influenciou o atentado terrorista que fortaleceu Olímpia como folclórica em todo o mundo, pois o caso ganhou manchete internacional por um bombeiro ter colocado fogo em sede de veículos de comunicação e tentado matar um jornalista e seus familiares.

A sensação que se tem é a de que aqueles que têm a incumbência de elucidar os fatos, ou não querem agir por N razões, ou também estão perdidos diante da situação.

QUEM USOU AS MÃOS SUJAS DE GASOLINA
E QUE POR POUCO NÃO FICARAM ENSANGUENTADAS?

Tudo isso em meio a um momento de crise institucional e política, com pelo menos parte da população brasileira, inclusive a local, apoiando uma pessoa desequilibrada e que estaria justamente promovendo o caos, o ódio entre os próprios cidadãos, como maneira de se perpetuar no poder.

Diante disso, não se sabe e pelo ao que se informa, nem se tem pistas de quem “usou” as mãos sujas de gasolina e que por pouco não ficaram ensanguentadas, do sujeito que praticou este ato que atentou contra a vida de um jornalista, sua esposa e uma criança de apenas nove anos que sofre há oito meses, pois sentiu de perto, em tão tenra idade, quanto a vida é finita e pode ser tirada, encerrada, extirpada, até pela atitude bestial de outros seres.

Percebeu o que é não ter como respirar por estar em meio à fumaça de um fogo provocado e, o que é pior, diante de sua expertise infantil, ver a todo instante as discussões sobre o que poderia ter ocorrido se sua avó, com um “baldinho” de apenas dois litros despejados incessantemente, não tivesse arriscado sua própria vida para apagar o fogo rapidamente e evitado sua morte e a até a dos vizinhos, pois praticamente o quarteirão inteiro é composto de imóveis antigos (com muita madeira) e conjugados (parede meia).

ESTRANGULAMENTO FINANCEIRO
PELA PANDEMIA E POR CAMPANHA DE NEGACIONISTAS

O atual momento é degradante, em meio a incerteza e a impotência de se tomar medidas de proteção, em razão da crise econômica que exauriu os recursos que normalmente eram gerados, tudo isso, agravado pelas campanhas de “negacionistas” para que se destruam os veículos editados pelo jornalista pelo estrangulamento financeiro, através do cancelamento e da não contratação de publicidade, além das ameaças que grassaram por vários meses pelas redes sociais, levadas a efeito por pessoas que poderiam ser tidas como suspeitas, pois fazem isso desde antes do incidente, sem que nenhuma autoridade as repreenda, ou as interrogue, mesmo já tendo recebido os “prints” caluniosos, difamatórios e ameaçadores.

Ora, se não se elucida o crime, como a família deste jornalista ficará mais tranquila sabendo que quem engendrou ou incentivou este atentado terrorista não vá voltar a mandar outrem praticar outro ato que realmente produza o efeito morte e cale a boca de um ser que fala pra todos o que eles não querem ouvir? Como poder explicar para a netinha de 9 anos que ela não passará por isso novamente e agora, de maneira mais severa?

O pior de tudo é se sentir de mãos atadas. É a sensação de impotência de não poder fazer nada. De ver o choro contido e às vezes expresso em cantos da própria casa, da esposa e da filha. Mas, acima de tudo, o medo, a sensação de quase morte estampada nos olhos de uma criança que não consegue processar tanta informação complexa e enxergar como um adulto e se espanta, se assombra, fica trêmula, toda vez que a campainha da casa toca e pergunta: “será que não é o bandido que veio por fogo na nossa casa de novo, vovô?

PERDOEM O DESABAFO DE ALGUÉM
QUE SE SENTE IMPOTENTE,
DE MÃOS ALGEMADAS PELO SISTEMA

Me perdoem aqueles que leram este texto até aqui. Mas é o desabafo de um jornalista, advogado, professor de filosofia e sociologia, que mesmo com todo o conhecimento adquirido ao longo de seus 62 anos, se prostra inerte, se sente incompetente, impotente, descrente, sem condições mínimas de garantir os mais precários conceitos de dignidade para sua própria família, que vive ameaçada, assombrada e tendo vilipendiada a todo instante a sua própria condição de ser humano, sem ter apoio de um Estado que não se sabe pra onde caminha e nem onde chegará.

José Antônio Arantes, Olímpia, 17 de novembro de 2021.

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