08 de março | 2015

O princípio da corrupção

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Do Conselho Editorial

Depois de meses, quase um ano de suspense, o procurador Rodrigo Janot encaminhou as denúncias relacionadas aos envolvidos no caso conhecido como Lava Jato, que envolve o escândalo da Petrobrás.

Nada fora do script tradicional destas denúncias que invariavelmente no imaginário popular vai dar em nada, a não ser o momento de super aquecimento na relação entre o poder e parte da população.

A crise mundial que já foi marolinha, bate as portas da nação e dá indicativos de que pode se transformar em um Tsunami se não for dada nova direção à economia que já vê vazar água nas contas públicas.

A desaceleração do emprego e o crescente valor das mercadorias, tidas como gêneros de primeira necessidade no mercado, aliados a alta dos combustíveis e energia elétrica, tem levado ao descrédito o governo Dilma e ampliado sua rejeição.

A somatória de tudo isto são movimentos inflados pelos partidos de oposição, e mesmo os movimentos sociais atrelados a base de sustentação do governo, nas ruas, demonstrando sua insatisfação com o início do segundo mandato da presidenta.

A questão da Petrobrás relacionada a denúncia era esperada em clima de quase desespero nas hostes governistas e com ansiedade pelos oposicionistas que acreditavam que os nomes envolvidos seriam o combustível necessário para a incendiar a nação e encaminhar a proposta do impeachment da atual ocupante do Palácio do Planalto.

Se frustraram todos, um por temer tanto e perceber que a denúncia é administrável em um país onde a corrupção está entranhada em todos os poros por onde respira o poder e o outro porque os nomes esperados que poderiam provocar grande desgaste no Planalto não se fez presente na lista.

Pode ser que no horizonte futuro alguma onda gigantesca possa fazer naufragar a nau insensata dos que discursam pela moralidade mas desejam a impunidade, o que é apenas esforço positivista de futurologia de quem deseja crer no que parece não ter solução.

Não há interesse algum em nenhum partido, de situação ou de oposição, que o bisturi da moralidade da coisa pública corte profundamente na veia da corrupção e caminhe na direção da metástase que destrói as entranhas morais desta nação.

Há um comprometimento de todos com as grandes empreiteiras que financiam campanhas milionárias desde sempre e, se for a fundo nas investigações, sobrará um ou outro partido nanico que participa há pouco deste circo de horrores.

O desprovido de informação, o inocente, o incauto, o massa de manobra, pode ir à rua pedir impeachment e bradar por corrupção a vontade, democracia é exatamente isto, porém, é necessário colocar vez ou outra os pés bem firmes no chão e concluir que este momento pede tudo menos a deposição de um presidente.

Primeiro, por que não há indícios que comprovem sua participação em falcatruas por mais que tenham tentado comprovar a tese.

Segundo, que foi eleita democraticamente para o exercício de um mandato pela maioria.

Terceiro, que a instabilidade econômica mundial pede prudência, e não guerra civil, como parece é o que pretendem os movimentos oposicionistas que pedem inconsequentemente o impeachment.

É preciso avaliar que este açodamento não produzirá o necessário crescimento, que não só o operariado, mas também o grande empresariado será prejudicado pela insegurança gerada que causará a falta de investimentos estrangeiros além de reflexos negativos oriundos desta movimentação social descontrolada nas relações internacionais.

Discutir corrupção e formas de acabar com ela é necessário sempre, partidarizar uma discussão entre rotos e rasgados que estão moralmente impossibilitados de conduzir as investigações até o ponto máximo, até o doa a quem doer, é temeroso demais.

 

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