14 de abril | 2013

A carriolinha do Geninho tombou?

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Willian Zanolli

“Iracema, eu sempre dizia
Cuidado ao travessar essas ruas
Eu falava, mas você não

me  escutava não
Iracema você

travessou contra mão”.                

Adoniran Barbosa

 

 Como alguns sabem, meu pai, embora tivesse, como eu, por sobrenome, o Zanolli, era conhecido como Zanola pedreiro, exatamente por ser construtor de prédios trabalhando em sociedade com o “Lindeza”, Arlindo Dias Magalhães, de saudosa memória, ambos.

Pois bem, por serem pedreiros tinham por hábito quando acontecia algo desagradável, trágico, problemático, insolúvel, falar que a carriola tinha tombado.

Quem já dirigiu uma carriola cheia de reboque ou areia em cima de uma prancha sabe exatamente do que a sabedoria popular é capaz de decifrar com simplicidade, nas suas engenhosas metáforas.

Dada a introdução, para que não paire dúvida sobre nenhuma dúvida, o título pergunta se a carriolinha do Geninho tombou, pergunta, não afirma nada, e mais carriola não é corriola.

Que tem cara que lê tudo errado e sai pela cidade depois falando que o Zanolli, filho do Zanola, falou que a corriolinha tombou.

Explicada estas questões menores introdutórias, vamos à visita de rotina da Polícia Federal na Prefeitura, como bem explicitado pelo Procurador do Município em entrevista.

Fiquei inclusive emocionado com as mudanças que aconteceram neste país, o Ministério Público Federal e a Polícia Federal fecham a sede do Poder Executivo por quatro horas para uma visi­tinha cordial de rotina, coisa mais edu­cada, mais primeiro mundo, mais Suíço.

Tomaram cafezinho, com certeza, papearam sobre o tempo, a inclusão de Olímpia no calendário turístico federal, ouviram uma explanação sobre a transparência das licitações, possivelmente acom­­­panhada com mais ca­fe­zinho, e talvez uns biscoitos São Luiz pra salgar a boca.

Acompanhados, os biscoitos talvez, com o pedido de desculpas por não ter nada para servir por terem sido pegos de surpresa na visita de rotina.

Pularam a pretensa futura instalação do pedágio que nos liga à cidade de Catanduva, talvez por ter ou ter tido um, se não me engano perto de Tabapuã, explorado, outra vez, se não me engano, pela “famiglia”, que suscitou a visita de rotina, motivo pelo qual talvez fosse tema indigesto para reunião tão cordial.

Isto é lixo em conversa civilizada, e não se falou de lixo naquela reunião, até porque pode haver interesses da famiglia também neste segmento, então pularam esta pauta.

Imagino que até aqui tudo é fruto de imaginação, que se tenha argumentado que nada tinha de irregular por ali, que o Tribunal de Contas aprovou as contas, que houve consultas ao Ministério Público local e que estava tudo na mais perfeita lisura.

Após, foi facilitada a entrega dos documentos, oferecidos outros documentos e ajuda para levar os documentos e os computadores que seriam conduzidos para decorar a sala do Gaeco em São José do Rio Preto e depois deste passeio voltar para Olímpia como prova de que tudo está bem no reino Eugênico.

Os jornais, tendenciosos e suspeitos anunciaram pelo país afora que a operação fechou portas da Prefeitura, que há desvio de bilhões, que a operação investigava quadrilha, que alguns foram presos.

E isto, esta fala, endossada pelos visitantes de rotina.

O povo, que não gosta de um fuxico, já sentiu cheiro de fumaça e documento queimado pela cidade inteira, já viu cinco, seis carros zero, zerinho, cheirando a tinta e ausência de bunda no banco do passageiro, sair em desabalada carreira de prédios por ai, a suspensão de obras em piscinas e a retirada de mármore de carara de piso de escritórios.

As lanchas, só a título de esclarecimento, foram mantidas no píer, ao contrário do que andaram esparramando, a visita de rotina foi feita pela Federal e não pela Florestal, seus bocós.

E avião de pequeno e grande porte também foram poupados, seus linguarudos.

Sem contar que alguém postou no twiter que na adversidade se conhece os amigos, parece que tem gente que buscou toca e dis­tância.

É assim mesmo, navio começou a afundar ou pegar fogo, a ra­taiada trata de pular no mar, só comparecem na hora da gandaia, do fervo, de beber whisky, andar de carro novo, ouvir sertanejão.

Rato gosta de festa e não de trabalho, por isto esta metáfora atinge o humano na falta de solidariedade, por que nos navios, por ter grande população, como no poder público, tem enorme depósito de provisão, e ai os ratos querem se fartar, lambuzar a vontade, ficar gordinho, na hora do incêndio, ou do afundamento, salve-se quem puder.

E um destes que receberam a visita de rotina pelo país afora se queixou no twiter do abandono, como se não conhecesse os tipos que o rodeavam, vá ser vazio assim lá na…

Aqui em Olímpia, ao que tudo indica, pelo que falam por ai a visita de rotina demorou, agora o povo vai saber se era imaginação o que se comentava por ai ou se é verdade a lenda dos terrenos do Morada Verde, por exemplo, o enriquecimento de alguns, rapidamente, agora o povo vai saber;

E tomara, torçamos para que a tran­qui­lidade que os “poderosos” ou “ex-poderosos” tentam transmitir seja verdadeira e que a investigação, a princípio tida como para desmantelar uma quadrilha, se transforme em crédito para o governo municipal.

Mesmo que eu e muitos não tenhamos motivos para crer nesta possibilidade, seria muito importante que nada disto que se ouve por ai fosse verdade, pois denigre a imagem da cidade, da mesma forma que seria importante que se fosse verdade houvesse punição a altura do prejuízo social que foi dado pela ação nefasta, se houve.

Coçando a cabeça como muitos por ai, aqui no final do texto, me pergunto: Será que a carriolinha do Geninho tombou?.  

  Iracema, fartavam vinte dias pra o nosso casamento
Que nóis ia se casar
Você atravessou a São João
Veio um carro,

te pega e te pincha no chão
Você foi para Assistência, Iracema
O chofer não teve curpa, Iracema
Paciência, Iracema, paciência

 

Willian A. Zanolli é artista plástico e jornalista leiam www. wi llianzanoli.blogspot.com e ouçam eu e o Arantão a partir de segunda no noticiário da Rádio Cidade FM 98.7das 11.30 as 13.00 hs.

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