21 de outubro | 2012

A população foi enganada?

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Willian Zanolli
Após as eleições de sete de outubro, em quase todas as cidades onde o poder público é comandado pela irresponsabilidade e pelo fisiologismo foram tomadas medidas tidas pelos políticos como impopulares.

Sim, os demagogos, os que têm o povo no mais baixo nível de consideração, os que manipulam informações, os que não atuam com a verdade, que não são poucos, depois de eleitos, por circunstâncias outras, que fogem ao seu desejo, são obrigados a demonstrar publicamente até onde chega sua incapacidade administrativa.

Ai se escudam na lei de responsabilidade fiscal para justificarem o final de ações que ao longo do tempo foram acumulando e que traziam prejuízos aos cofres públicos.

São obrigados, para poder “fechar o caixa”, a cortar gorduras, e nunca admitirão que a culpa única e exclusiva disto é exatamente o descontrole administrativo, o inchaço da máquina e a maneira inconseqüente como administram o bem público.

Como a corda sempre rompe pelo lado mais fraco, quem vai pagar o rombo das contas públicas será exatamente os que mais precisam, adicionados a eles aqueles que são colocados em cargos bem remunerados, cuja falta ao serviço público é zero, por se tratarem exatamente de zeros à esquerda, os que nunca vão além da “babação” de ovos, os puxa-sacos.

Sim, os puxa-sacos, os “aspones”, os assessores de porra nenhuma, ganham nestas circunstâncias um belo pé no traseiro, para não escrever a chocante palavra bunda, e vão para casa fazer o contrário do que faziam.

Se antes passavam parte do tempo louvando os valores mágicos e sensoriais do chefe, agora passarão a expor suas fragilidades, que por se tratar de político, não serão poucas as ponderações bondosas dos já tradicionais anônimos que não fazem nada a não ser movido pelo dinheirinho que o sistema da corrupção lhes proporciona.

Ou, impulsionado pelo ódio de ter sido preterido pela máquina pública que sustenta parasitas e os dispensa quando não mais os entende enquanto “útil” ao sistema falido da compra de inúteis e imorais que possibilitam a eleição de milhares de corruptos país afora.

Em meio a suadores de camisa, aqueles que a máquina pública engole de forma escravista para burlar concurso, os que ganham quase nada e se matam, os verdadeiros trabalhadores que não têm reconhecido seus direitos trabalhistas, o lumpesinato, estarão os parasitas, os encostados, que via bajulação ofertam sua imoralidade e indecência a um custo social muito alto sempre exibido no ensino público sem qualidade e na falta de serviços de saúde sem qualidade alguma e outros mais.

Estes que, com a pouca decência e vergonha na cara que têm, que posam de formadores de opinião, que não vão além de cabos eleitorais, que sabe onde e de quem comprar votos, os compradores de votos, costumam nestas horas, em que pese suas inutilidades, ter comportamento de gralha, e gritam do mais alto galho a pretensa injustiça cometida na demissão, sem se atentar a ausente produção de bens e serviços, ou a necessidade de suas duvidáveis presenças no serviço público.

Estes ordinários que estão sendo devolvidos as sarjetas de onde nunca deveriam ter saído, farão falta alguma em lugar nenhum deste país, onde o político incompetente e corrupto se elegeu as custas da destruição das finanças públicas e agora tem que enxugar a máquina.

Farão falta as sarjetas, guias e ruas exatamente os que injustiçados foram demitidos e que sol a sol recolhiam o que os transeuntes por falta de educação ou noção de cidadania deixavam na condição de lixo a ser recolhido das ruas, avenidas, praças e jardins das cidades brasileiras.

Assim como fará falta ao devido atendimento de primeira aqueles estagiários, que, ciente de suas funções públicas enquanto cidadãos em formação, cumpriam com zelo as funções para que foram contratados para suprir uma necessidade temporária e ao mesmo tempo adquirir experiência para se jogar no futuro mercado de trabalho.

Contra estes, verdadeiros operários, misturados a alguns pulhas, que sempre há, a injustiça eleitoreira permitida pela nojeira que se transformou a reeleição, implantada e comprada pelo FHC, o ditador de fancaria, foi cometida uma maldade através da fraude e da falta de comprometimento dos falsos homens públicos, que enriquecem as custas do erário e empobrecem a noção de democracia participativa, transformando-a, aparentemente, em um regime de vantagens traiçoeiras e passageiras em que se mantém o ditador que mais minta e mais prometa vantagens pessoais aos eleitores.

Está se vendo em muitas cidades do país o desmonte do discurso mentiroso do administrador capaz e competente; estão sendo expostas as vísceras de um país, que por conta de um político vaidoso que se elegeu quase falindo o país, equiparando o preço do real ao dólar e implantando um casuísmo ditatorial e draconiano que se chama reeleição que se transformou nesta paródia que divide de um lado políticos corruptos que compram votos e de outro eleitores corrompidos que vendem votos.

Esta a contribuição nefasta que Fernando Henrique Cardoso deixou para o país, que não poderia dar certo, pois iniciou exatamente com a compra de votos de parlamentares para ser implantada.

Contribuição ditatorial imposta visando evitar a eleição do metalúrgico Lula, cujo partido se opunha com unhas e dentes a esta indecência e no poder assimilou como normal, fingindo não observar o crescendo de corrupção que esta situação nefasta acrescentou aos pleitos eleitorais.

Situação perceptível nas muitas cidades onde se observa a preocupação com o enxugamento da máquina e o respeito a lei de responsabilidade fiscal, que não é outra coisa senão o mau uso e o abuso da máquina pública em favor da reeleição de alguém, que agora tem de se ajustar a realidade para não sofrer punições na esfera judicial.

Como bem falou Orestes Quércia quando elegeu o governador Fleury e teve de vender o Banespa, que falia o Estado mas elegia seu sucessor, a frase fica bem atual nestes tempos de prefeituras com dificuldades econômicas impostas pelo evento da reeleição, com uma nova roupagem e outra releitura:

“Quebrei a prefeitura, mas, me reelegi”.

Willian Zanolli é artista plástico e jornalista e está horrorizado com o que tem lido na internet e ouvido falar por ai acerca do nível de corrupção da última eleição. Sem contar os inúmeros casos que sobraram para a justiça eleitoral decidir. Pelo número de ações cabeludas rolando na Justiça Eleitoral, em função de desmandos cometidos durante o mandato, ou no período eleitoral, dá para se perguntar: que país é este?
 

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