05 de julho | 2015

A vergonhosa truculência de policiais militares despreparados

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Willian Zanolli

Crianças violentas, inadmissível. Crianças rebeldes, injustificável. Crianças insolentes e mal educadas, insuportável. Crianças, sempre crianças.

Policial violento, inadmissível. Policial rebelde, injustificável. Policial insolente e mal educado, insuportável.

Policial, nem sempre policial.

A última frase, do policial sempre policial é que deveria justa, feita em torno para caber certinho, ajustada à máquina estatal para colaborar no ataque aos malfeitos e as ilicitudes praticadas contra cidadãos que se desviam dos caminhos da ética e da moral.

Nem sempre é assim, e nos últimos tempos temos visto comportamentos principalmente na Policia Militar, que deixa a sensação de que há algo de muito podre na instituição pelo país afora.

Estamos cansados de tanta coisa, tão cheios de descréditos e de desesperanças e a elas se somam o crescente medo que infelizmente o cidadão comum tem tido de parte de membros da policia militar que demonstram um crescente de violência em nada condizente com a democracia.

Há que se separar o joio do trigo, por que há exemplos e não são poucos, merecedores de elogios, pela bravura, honestidade e conduta republicana.

Há outros, porém, que envergonham a instituição e, em que pese o tradicional discurso que membros da direção da garbosa PM insistem em evidenciar, de que há punição exemplar nos casos em que os policiais se envolvem em situações constrangedoras para a corporação, não há como tapar o sol com a peneira e não se admitir o aparente crescendo de violência atribuída a membros da corporação.

Mais que isto é inegável o espírito de corpo visando através da coerção, do amedrontamento, da violência, a tentativa de inibição a testemunhas, familiares, vitimas, para se evitar possíveis investigações para se apurar o envolvimento de policiais em ações ilegais ou mesmo de abuso de poder.

Histórias que lemos todos os dias nos jornais e revistas de grande circulação, outras que chegam até a gente através de relatos de pessoas que vivenciaram absurdos dão conta de um estado até anterior a ditadura militar, o do Estado Novo, onde a Captura, policia de Getulio Vargas, chamava a si o direito de julgar e prejulgar possíveis ações que consideravam crime, muitas vezes eliminando o acusado sem que o mesmo tivesse direito a defesa.

Organismos internacionais de defesa dos direitos humanos tem colocado nossa polícia, e eu coloco com ênfase a militar, como uma das mais violentas do mundo, pensando que se resolve conflitos na base da bala e da morte e da tortura.

Inclusive, não são poucos os representantes das policias nos parlamentos nacionais que defendem a máxima de que bandido bom é bandido morto, como atestado de um estado falido e incompetente para combater o crime, onde a figura do policial deveria, na ótica que estes  parlamentares exibem, ser substituída pelos justiceiros, pés de pato.

Sim, se aboliria o estado de direito e se implantaria os tribunais de exceção, onde policiais à moda do que muitos fazem hoje, julgariam e sentenciariam à vontade deles, pobres, pretos e putas, já que nunca foi do histórico das nossas policias encontrar bandidos (onde há muitos), na classe dominante.

E diga-se de passagem, é alarmante o número de policiais e ex -policiais envolvidos em assaltos a bancos, saidinhas, assaltos a cargas, envolvimento com o tráfico, máquinas caça níqueis, jogo do bicho e todo tipo de delito que envolva capital, além de mortes por encomenda.

Chegou-se a um ponto em que a sociedade associa a polícia como algo retaliador.

É algo assim como, se você falar de policial, você vai ser perseguido.

Em teste anterior a este artigo, muitas pessoas aconselharam a não escrever em função do risco que poderia correr, e tenho certeza que muitos leitores farão esta observação lendo este artigo, o que significa que a policia que deveria me dar segurança impõe medo, o que seguramente não é bom pra mim e nem pra sociedade.

A polícia que eu desejo, e que muita gente obviamente quer é aquela em quem se pode confiar, como há nos países civilizados, Inglaterra é um exemplo disto.

Uma polícia próxima da comunidade, que prestigie e valorize bons policiais, que há muitos, e que puna aqueles que joga na lata de lixo sua reputação, seu bom nome e junto a credibilidade que a instituição deveria gozar junto a sociedade.

Uma polícia de alto gabarito, que não saia por aí substituindo a mula sem cabeça, a loira do banheiro, mitos que exercem domínio pela força monstruosa que demonstram de amedrontar as pessoas.

Nas redes sociais vejo com tristeza pessoas louvando como heróis, policiais por cujas ações a farda deveria ser deles retirada, e sendo esquecidos outros que heroicamente atuam em conformidade com a lei.

Heroísmo é isto, atuar de acordo com a lei, de forma séria, afora isto é se igualar a bandidos.

Não há e nem pode haver heroísmo nas covardias, se alguém, ou se uma sociedade louva ações em desacordo com os institutos legais ou a civilidade, este alguém ou esta sociedade estão muito doentes.

Willian A. Za­no­lli é ar­­tista plástico, jornalista, estudante de Direito, pode ser lido no w­ww.­willianzanol­li.­blo­gs­pot.com e ouvido de segunda, quar­ta e quin­ta-feira, das 11h30 às 13h­00 no jornal Cidade em Des­taque na Rádio Cidade FM 98.7 Mhz. E, aos do­min­­gos, das 10h00 às 12h­00 no programa Sarau da Ci­dade.

 

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