17 de novembro | 2019

As consequências de se achar acima de todos e acima de tudo

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“Quando se chega ao cume da onipotência, não importa o grau de conhecimento adquirido, não importa a beleza ou a feiura, não importa a lógica, não importa a ética, não importa o amor ou o ódio, a certeza de que só existe uma verdade, a própria, transforma o homem em um ser despótico, insensível, desprovido de qualquer amarra da razão. O absolutismo de ser dono de uma verdade inquestionável e imutável faz com que deixe de ser um simples imperador ou ditador e se transforme em um deus que a todos impõe suas vontades bestiais”.

Mestre Baba Zen Aranes.

QUANTO MAIS…

… conheço os homens, mais amo os animais. Este colunista leu esta frase pela última vez em um comentário em postagem recente no Facebook, onde a internauta dava o seu “pitaco” sobre a situação do verdadeiro presídio do cão construído sob a alegação de que se estaria fazendo algo de bom para a causa animal.

A FRASE, …

… claro, é uma crítica direta ou indireta ao atual mandatário que parece estar surdo, não enxergar o próximo e estar vivendo em uma dimensão que só ele pode atingir: o mais alto grau da onipotência (do latim Omni Potens – “Todo Poder”). O cume da soberbia, a capacidade de fazer e alcançar absolutamente tudo sem nenhum limite ou condição, incluindo o que é “conceitual­mente” impossível, como algo “maior que o infinito”. Um deus inatingível.

DIFERENTEMENTE, …

… é claro, do sentido religioso, onde o onipotente, que tudo pode, pode em nome do amor, da justiça, da promoção do bem para todos, que claro, nunca ocorreu e o que se vê é a desigualdade geral e cada vez mais destacada, talvez pela própria onipotência, o nosso coronel deus, faz tudo apenas para satisfazer as suas próprias vontades.

NÃO É ADMISSÍVEL …

… se preocupar com o que não existe. Pois se em todo o universo o que importa é apenas o onipotente, porque ter que ouvir qualquer grunhido, choro de morte por deficiência do sistema, ou mesmo latido de animal sofrendo? “Eu sou a verdade e a luz e o único capaz de iluminar as trevas”, deve pensar o supercomputador humano com a mais desenvolvida inteligência… artificial, o nosso Coronel deus.

MAS, DEIXANDO …

… de lado a própria onipotência, para refletir sobre a ótica daquele que pregava o amor incondicional, que prevê que sempre existe uma razão para explicar as piores atitudes humanas e uma vez entendidas, só resta o perdão e a ajuda, sobre o nosso coronel deus, a conclusão a que se chega é que tudo teve início na sua aptidão para a matemática.

FORAM ANOS …

… e anos sendo treinado para ser um discípulo de Pitágoras, mas no mundo moderno, acabou sendo tomado pelo vírus da computação e sua lógica de logarítmica passou a ser algorítmica, onde os procedimentos são sempre precisos, não ambíguos, mecânicos, eficientes, corretos e absolutos.

MAS O PROGRAMA …

… perfeito da ciência da computação, que tem a capacidade de ele próprio fazer novos softwares e refazer e atualizar automaticamente os já feitos, acabou sendo incrementado pela subjetividade da política.

EMBORA TENHA …

… sempre ficado patente a impressão de que a falta de lógica da política era incompatível com a razão pura da matemática algorítmica, assim como o grande medo do mundo científico de que a IA torne o ser humano obsoleto e que entenda que ele seja a causa de tantos problemas, tente aperfeiçoa-lo ou exterminá-lo, ao que parece, nosso Coronel “algoritmado”, parece ter chegado a conclusão que a única salvação é transformar todos à sua volta em robôs passíveis de cumprimento de suas ordens, sem pensar, sem questionar, sem reagir, apenas cumprindo a função para que foi designado.

E AÍ ESTARIA …

… uma possível reflexão que resultaria em uma explicação cristã para entender nosso deus Fernando.

E UMA VEZ …

… sabedores da origem de sua onisciência, só nos resta tentar ajudar, mesmo que pareça impossível acessar um supercom­putador com mecanismos de proteção (firewall) intransponíveis.

TALVEZ …

… a solução estaria na mitologia grega e sua derivação na especialidade das carreiras profissionais. Nosso deus, poderia se basear nos deuses do Olímpo, da mitologia grega, onde cada um deles cumpria uma função específica e um não entrava na atribuição do outro por risco de condenações bárbaras.

OU TAMBÉM …

… no princípio da especialidade em que a medicina evoluiu e até outras profissões, onde cada um aprofunda seus conhecimentos em certas subáreas para poder atender ou desenvolver melhor sua habilidades em especialidades específicas. E aí, cada um na sua. O especialista sempre sabe mais que o generalista, a não ser que tenha chegado ao conhecimento absoluto, à onipotência, ao status de deus absoluto como o nosso coronel.

José Salamargo – enquanto tentamos achar uma forma de vencer os bloqueios de acesso ao supercomputador Coronel deus para tentar ajudá-lo a voltar ao mundo dos simples humanos e para evitar a reação algorítmica que pode exterminar toda a humanidade olimpiense, para não instigá-lo a ter reações mais nefastas que as atuais, vamos desfraldar a sua bandeira até encontrar a solução mais eficaz: “deus Fernando acima de tudo, deus Fernando acima de todos.”

 

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