08 de fevereiro | 2015

Campeando Álvaro

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Willian Zanolli

Queria ser como toda esta gente, que admiro, que vai toureando as palavras, dominando-as.

Como toda esta gente maravilhosa, poetas, literatos, compositores que reunindo palavra a palavra, com a perícia de quem aguarda chegar ao ponto.

Colando suas almas e corações ao desejo de transmitir suas emoções, vão eles contando e cantando seus sabores e dissabores, alegrias, dores, amores, de tal forma e em conjunto belamente irrepa­rável, que quando leio ou lemos, sinto, sentimos como sentados a varanda da alma do poeta, compositor, escritor, se balançando na rede imensa dos confeitos meigamente açucarados pela doce maes­tria da sensibilidade destes seres.

Gostaria muito de assim ser, de tal forma que, quando escrevesse ou detalhasse o sorriso de uma criança lambuzada pelo escorrido do sorvete de chocolate, manga,pistache, coco queimado cada um que detivesse o olhar sobre o texto tivesse no intimo a imagem dos dentes e dos olhos infantis narrados.

Ou senão, se por acaso, colocasse na moldura fina do papel virgem a minha frente um andarilho entristecido a beira de alguma sarjeta a roer entre as mãos sujas pedaços de pão que oferece a cães sarnentos que o rodeassem, olhassem todos quanto acompanhassem a desventura narrada deste viver entristecido, além da tristeza em si, a metáfora contida na riqueza da divisão da miserabilidade.
 

Indo além das últimas pedras de um terço enrolado em uma mão envelhecida e toda a se unir em rugas e desespero pranteando o último instante a passar ao lado de um filho único que jaz no ataúde, silente, amarelado, sem prantos, pronto para adentrar na eternidade.

Textos que observassem como é ou pode ser para cada um o tratamento destas trágicas ou cômicas situações que gostaria de retratar.

Falta algo para descrever pássaros que cantam, gente que se encanta, que ama aos pés de um flamboyant, ou, na última carteira do cinema.

Tudo isto e disto, e de outras coisas gostaria de falar/escrever, falta, no entanto o principal, a tal de criatividade que tantos outros chamam de talento, por enquanto nos resta correr campos como Álvaro que não via graça em uma vida sem desafios e no entanto estava atento a tudo.

Willian A. Zanolli é artista plástico, jornalista, estudante de Direito, pode ser lido no www.willianza nolli blogspot.com e ouvido de segunda, quarta e quinta-feira na Rádio Cidade.

 

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