Do Conselho Editorial

Até no futebol, que é um esporte, e que não deveria expressar mais que alegria e felicidade, a alma brasileira, em sua maioria, consegue ser hipócrita até onde não dá mais.

O time brasileiro, escalado para esta copa, é composto de ilustres desconhecidos cuja maioria joga na Europa e poucos sabem de quem se trata.

A Copa do Mundo, no Brasil, desta vez não empolgou tanto quanto nas outras copas em que a população se jogava de cabeça na disputa e esquecia de que a vida existia e continuava.

Uma das provas vem exatamente da aldeia onde se vive, apesar do resultado favorável não houve grande queima de fogos para comemorar a vitória.

Pode se alegar que a legislação, ou a pretensão legal de não mais soltar fogos para não incomodar animais possa ter interferido, no entanto é sabido que grande parte do povo brasileiro não respeita nem lei que apena o transgressor com multas altíssimas e o Código Nacional de Trânsito está ai para sustentar a tese.

Desta maneira, sem, Pe­lés, Garrinchas, Tostões, Jairzinhos, Zicos, Riveli­nos, o time brasileiro de hoje parece contar apenas com Neymar na condição de grande ídolo da torcida.

Os outros, maioria, embora grandes atletas, jogadores renomados, profissionais experientes, contam contra si o fato de estarem fora do país e não contarem internamente com a narrativa de seus feitos futebolísticos como Neymar, que o faz até em razão da venda de publicidade, interesses midiáticos, empresariais.

Neymar Jr é uma fábrica de dinheiro e já deu provas claras que seus objetivos econômicos transcendem a relação com o futebol, razão mais que óbvia para investir pesado na imagem e na superva­lorização de sua marca.

Contundido, e tendo sido obrigado a um tratamento que levou meses, as vésperas da Copa do Mundo, é evidente que não deve e não está no seu melhor momento físico.

Foi para a Copa cumprir dever, ser o notável que a seleção tem para apresentar.

No primeiro jogo não conseguiu destaque, em razão da marcação homem a homem muito bem praticada pelo adversário, as dificuldades de ordem físicas e ao final foi alvo de uma contusão leve.

A mídia brasileira, os torcedores brasileiros, imediatistas, utilitaristas, destroçaram Neymar pelas eternas caidinhas, pelo desempenho fraco.

A Rede Globo, ao que parece, motivada por interesses econômicos foi econômica nas críticas.

De resto, o atleta foi alvo de memes e piadas como se o baixo rendimento da seleção devesse tão somente a si e não ao conjunto dos atletas convocados e do corpo técnico que com­põe a seleção brasileira.

O bom senso indica que são as ações levadas em conjunto neste tipo de atividade esportiva que podem conduzir a resultados positivos.

Neste jogo, tendo como adversário a Costa Rica, e sendo criticado pelos exageros cometidos que permitiu que o juiz não validasse um pênalti, Neymar foi mais do mesmo que infelizmente tem sido.

Não se pode negar que é um grande atleta, está entre os melhores do mundo, porém, em razão das situações que tem vivido não está em condições de dar o melhor de si.

Bastou marcar um gol, no último instante, no crepúsculo de jogo, como diria Fiori Gigliotti, narrando o final da partida nos tempos dos grandes craques, dos grandes ídolos do futebol brasileiro, que não se resumia a um homem só, para voltar a ser herói.

Embora possa se discordar de Neymar, não há como negar, que diante destes jogadores convocados pelo técnico da seleção brasileira, que o grande ídolo deste time é ele, e o gol marcado, marca a ideia de que desencantou e com isto abre a perspectiva da maioria de que o Brasil poderá ser vencedor desta copa.

Que estes desejos se realizem, pois é triste demais torcer contra o país por razões políticas, ideológicas ou mesmo por não visualizar o time de seus desejos nas convocações levadas a efeito.

Reconhecer que o Brasil está apresentando um futebol menor do que já apresentou em outras copas é necessário, por estar evidente, como evidente está que outros times que já tiveram a expressão de grandeza futebolística do Brasil, estão demonstrando um futebol aquém do esperado.

Em suma, o Brasil está ruim, mas está bom.

O momento pede para que se deixe um pouco a hipocrisia e os excessos nas exigências, encare o futebol como disputa e se torça pelo Brasil, as chances depois deste jogo contra a Costa Rica começaram a aparecer.

Deu Brasillllllllll, Deu Neymarrrrr.