13 de janeiro | 2019

Estaríamos vivendo uma “idiocracia”?

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“O resultado de uma educação medíocre é a “imbecilização” da massa. O ser humano, geneticamente, tem traços distintos, potencialidades mil, mas estas precisam não apenas dos sentidos, dos pulsões, necessitam também da imaginação e da reflexão para sua manifestação. Quanto mais pobre a linguagem, mais imbecil será o bicho homem. Quanto mais inculto o cidadão, mais idiota será a sociedade em que ele vive”.

Mestre Baba Zen Aranes

A PALAVRA …

… “idiocracia” vem de um filme de 2006, dirigido por Mike Judge, chamado “Idiocracy”. Uma comédia que trata sobre um futuro caótico em que a sociedade se transformou em razão de sua própria ignorância; um futuro onde a inteligência foi extinta e o que prevalece é a política da “bestialidade”.

O FILME, …

… de humor negro, retrata dois personagens que se inscrevem para um experimento militar de hibernação, que acaba dando tremendamente errado: eles despertam 500 anos no futuro e descobrem então, que o mundo se tornou uma sociedade humana uniformemente estúpida, totalmente ignorante. E, ambos, que eram os quase idiotas no seu tempo, passam a ser estranhos no ninho, quase intelectuais séculos depois. Vale a pena assistir e refletir.

MAS, TENTANDO …

… entrar no contexto ou entender o subtexto, poderíamos definir a palavra “idiocracia” como a massi­ficação da estupidez. A mistura de idiota com democracia. Será que não é isso que já estaríamos vivendo no momento, po­tencializado pela tecno­logia, que à época em que o filme foi escrito ainda não era tão preponderante como atualmente?

NOSSA SOCIEDADE …

… valoriza os fortões, bonitões e burros e as mulheres magérrimas, mas de traços sinuosos, enquanto despreza os (as) inteligentes. No Brasil, o modelo para nossas crianças não são pessoas que dedicaram sua vida para a humanidade, seres que pensam socialmente, cheios de virtudes ou que vivem em busca do conhecimento constante, mas sim jogadores de futebol, modelos, etc.

TUDO ISSO …

… é realçado por uma educação de berço cons­truída por uma moral preconceituosa e alienante, e uma escola que não privilegia a busca da capacidade de enxergar além, da reflexão crítica, mas a criação de meros robôs de carne e osso para um mercado de trabalho em extinção, em razão da própria tecnologia. Ou, então, os malandros, os que preceituam a chamada “Lei de Gerson” que apregoa que é preciso levar vantagem em tudo.

E SE ANTES …

… éramos doutrinados por emissoras de TV que cultuavam a felicidade através do ter e não do buscar ser, e dogmatiza­vam o consumo, criando o maior Deus de todos os tempos, para quem tudo é endereçado: o Deus Mercado; agora trabalham diretamente pelas redes sociais e o aplicativo WhatsApp, propagando mentiras imbecis, próprias para impactar 80% de uma população que não sabe enxergar além do próprio nariz, embora tenha a maior enciclopédia que já existiu a um toque dos dedos: a própria internet.

MAS COMO NÃO …

… aprenderam a refletir na escola, não sabem utilizar o mecanismo para confrontar verdades, se instruir, adquirir conhecimento, ou mesmo para conseguir separar o joio do trigo, a mentira da realidade, acabam construindo e apenas sobrevivendo num mundo imaginário, onde terão que disputar espaço com os próprios computadores na esfera virtual.

AÍ, SURGEM …

… os sistemas de dominação baseados na repetição, na “viralização” da mentira. E os mecanismos aproveitam os próprios imbecis robotizados como propagadores da própria imbecilidade. Claro, sempre tem os mais sanguessugas que vivem da exploração da própria idiotice para propagar as inver­dades que vão construir verdadeiras estórias da carochinha que se transformarão em verdades absolutas nos inconscientes dos desnutridos intelectualmente.

E A MASSA …

… burra, como zumbi, segue cambaleando pelas ruas, destilando ódio contra aqueles que não conseguem viver ou entender estas estórias sem lógica, sem nexo, feitas de grunhidos de verdade, de fantasias criadas por mentes doentias.

MAS, NÃO …

… existe mentira que perdure, nem inverdade que não feneça. Mas quando a mentira chega ao fim, com certeza, não se acha ninguém que “viralizou a inverdade”. E, sempre vai haver desculpas para a própria imbecilidade, ou você acredita que nunca ajudou a “viralizar” idiotices, ou estórias sem fundamento lógico? Ou acredita que também não tem uma imagem própria da vida que é sua, construída por suas visões nem sempre calcadas na realidade, suas verdades concebidas pelos seus preconceitos e julgamentos com base no que puseram na sua cabeça e que você não foi ensinado a questionar? Você decide! Eu já decidi, vou me internar no Bezerra.

O QUE NINGUÉM …

… imaginava, no entanto, era que este sistema de propagação de mentiras pudesse chegar ao ponto que chegou. De fazer milhões acreditarem em fantasias construídas tecnicamente pelas mentes doentias a soldo de sugadores da nação, com o auxílio de poderosas máquinas e programas de inteligência artifical.

TAMBÉM …

… não se imaginava que os próprios imbecis pudessem propagar idiotices que poderiam levar gente a se matar, a empresas terem prejuízo, a cidades inteiras verem sua economia sendo prejudicada. Em Olímpia mesmo, tivemos professora cometendo suicídio, hotéis perdendo clientes, enfim, situações gritantes de propagação da burrice, da falta de checagem da veracidade dos fatos, da falta de reflexão lógica ou científica de pseudoformadores de opinião que trabalham com o “achismo”, sem nenhum compromisso com a realidade.

É TRISTE …

… mas a realidade está ai, escancarada, para qualquer um procurar enxergar a sua própria verdade, mas com os olhos voltados para a reflexão crítica, sem apegos nesta moral preconceituosa pela qual fomos educados e ensinados.

José Salamargo … sem saber o que refletir. Sem ter esperanças de que algo venha a surgir no horizonte que possa mudar este cenário. E, apenas revivendo as cenas do filme Idiocracia, com medo de que a situação estampada nas cenas já estejam ocorrendo, embora num contexto menos amplo, ou diferente em razão da atual tecnologia. Mas é preciso assistir ao filme para entender os fatos, enxergar a atual estória e torcer para que a realidade não seja a que está estampada na obra cinematográfica. Será que já somos todos “idiocratas”?

 

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