HOJE …
… o dia amanheceu meio nebuloso, energias de todas espécies transitavam por este espaço vetorial que já foi sertão e hoje vive seu momento de desenvolvimento em virtude do trabalho de um empresário dos velhos tempos, um bairrista.  

MAS O CÉU ESTAVA …
… revolto. Nuvens passavam rápidas e uma névoa prejudicava o espalhar desta energia escaldante de luz intensa que pode queimar, mas que não só gera, mas proporciona energia para centenas de seres.

TUDO, ENFIM, …
… era prenúncio de que mais um dos nossos homens de fé e de luta estava prestes a partir para a outra dimensão, para vagar pelo infinito com uma leveza tal que faz o sopro do vento impulsionar e proporcionar o voo do justos, daqueles que tentaram acertar durante uma vida inteira e que participaram de movimentos e se preocuparam com o desenvolvimento da cidade ao ponto de serem classificados de bairristas.

UMA VIDA INTEIRA …
… traçada pela honestidade, pelo amor a esta cidade e pela busca do desvendar dos mistérios desta vida tão curta que não deu para abarcar todo o conhecimento que queria alcançar.

UMA VIDA INTEIRA …
… foi escrita em parcos 92 anos que passaram de forma tão rápida que parece que foi ontem o início da jornada a ser relembrada.

MORREU …
… na tarde desta sexta-feira, um dos últimos que acreditavam na honestidade e no desenvolvimento como forma de se construir uma sociedade justa; um dos últimos que foram forjados e viveram sob o estigma do fio de barba, sob a bandeira da invencibilidade da honra, sob o beleza da moral e sob a busca constante do conhecimento como forma de aperfeiçoamento do próprio ser.

MORREU …
… um grande amigo, um incentivador da carreira deste jornalista desde sua adolescência.

MORREU …
… na tarde de sexta-feira, 12 de julho de 2013, o empresário Homero Rayel Constantino, que começou bem mais cedo mas ficou marcado como capitão, junto com o amigo e saudoso Ramirez, da Casa Atlas na década de 70, até atingir seu auge com uma das maiores lojas de materiais de construção do interior, a Predilar, nas décadas de 80 e 90.

A CIDADE …
… neste sábado, antes de chegar o meio do dia, deverá enterrar um de seus últimos grandes homens, um de seus últimos exemplos de que é possível viver fora do domínio da Lei de Gerson.

DESCANSE EM PAZ …
… nobre guerreiro, ou continue sua luta em busca da realização de seus sonhos onde quer que vá se firmar nesta imensidão de luzes, espectros, energias e dimensões. Descanse em paz grande amigo. Aqui, sua missão foi cumprida.

SAINDO DESTES …
… momentos de angústia, pois ninguém está preparado para a partida. E, todos, indistintamente, acabam tocados, principalmente os que, de uma forma ou de outra, através de qualquer que seja a ligação, experimentam o sentimento da perda e com ela a sua mais extrema infusão: a solidão.

QUANDO …
… alguém que amamos se vai, uma parte de nós se esvai também. Algo se quebra, alguma coisa é suprida e experimentamos mais medo, mais insegurança, mais incerteza, por nos sentirmos menos poderosos, já que somos pedaços de um todo que gera a força que sonhamos ter.

EM HOMENAGEM …
… a este pacato cidadão que ousou ser chamado de humano e tentou conquistar um espaço para poder buscar aprimorar o ser, vamos encerrando com uma constatação: um grande homem de nossa história foi para bem longe formar nova constelação. Quem sabe senão para preparar um novo espaço onde todos nós um dia vamos nos encontrar.

VOA …
… Sinta a leveza do ar tocando o rosto e o observar em um tempo que não tem horas, tudo é presente, mesmo se tornando passado ou sendo pretérito, um pretérito muito mais que perfeito.

José Salamargo … diminuído, vivendo o ônus da sucumbência de uma matéria que se esfacela e é dilacerada pelo tempo…