24 de maio | 2020

O Turismo e a possível realidade econômica futura do município

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“Será necessária muita criatividade, muito empenho, muita disposição para reverter o quadro que se avizinha e que trará dificuldades a todos”.

Willian Antonio Zanolli

No início do último artigo publicado neste jornal cometi uma pequena falha de escrita que gostaria que corrigissem. No texto: “Ao sair de casa para o essencial, perguntaram se acredito na possibilidade de se adiar as eleições marcadas para o dia 4 de outubro deste ano. A resposta é: não acredito”.

Na verdade eu ACREDITO que as eleições não ocorrerão em outubro e talvez no final de novembro e segundo turno em dezembro, ao contrário do que pode parecer e está escrito. Embora o texto afirme isto, evidencio para que não haja dúvida que creio que seria impróprio diante da crise que as eleições ocorressem em outubro.

Explicitada a escorregada do colaborador, vamos falar deste momento econômico e tentar analisar o que poderá vir a ser o futuro da economia local.

Em nossa opinião parece evidente que a crise ainda não se fez presente da maneira como será sentida em breve.

São várias as razões e tentaremos evidenciar as que o lugar comum e o nosso pouco conhecimento e domínio de economia está preparado para discorrer sobre.

Neste momento é de supor que as empresas, principalmente as pequenas, ainda têm caixa que permita sua sobrevivência, suporte para três ou quatro meses.

Como a discussão pretendida se travará levando em conta a vocação turística da cidade, alavanca da economia local, necessário lembrar que no vigor da crise geralmente os serviços não essenciais são os mais atingidos.

Quando retornar o pretenso estado de normalidade haverá a necessidade de adaptação a novas fórmulas, novos conceitos.

Neste aspecto, utilizamos como exemplo a utilização do serviço Home Office que se mostrou bastante viável em algumas atividades.

Estas e outras atividades que surgiram no bojo da crise como alternativa econômica passarão por adequações jurídicas.

Por outro lado, há interpretações no sentido de que a legislação tributária está desatualizada e terá que ser reformada sem desonerar o sistema tributário.

Volta a tona a discussão sobre o discurso da tributação das grandes fortunas e a tributação da pessoa jurídica em relação a pessoa física, mentira que não dá mais para sustentar.

Outra frente a ser debatida será a crise dos Estados e da Federação, tendo a União que compensar Estados e Municípios na queda de arrecadação, com redistribuição do bolo tributário através da tão adiada reforma tributária.

As estruturas serão abaladas, haverá obrigatoriamente mudanças de hábitos de consumo no mundo inteiro e isto obrigará inevitavelmente mudanças nas esferas econômicas e tributárias e muitos questionamentos serão levantados.

O aumento de carga tributária onera o setor produtivo?

Se tributar grandes fortunas, o grande capital corre o risco de deixar o país?

Esta fase de transição modificaria o cenário econômico mundial?

Não há mais um modelo de economia estagnado, temos um modelo de estado que passa por uma crise severa, se as empresas não estão tendo arrecadação o Estado com certeza também não terá arrecadação.

No caso local, o Thermas deixará de arrecadar no volume que arrecadava.

Segundo números apresentados pelo prefeito Fernando Cunha, Olímpia poderá deixar de arrecadar R$ 1,5 bilhão em razão da pandemia e em razão do turismo, nota-se que 55% da economia do município é baseada neste setor.

A prefeitura de acordo com o mandatário local pode perder R$ 30 milhões por ano.

O momento é de muita cautela, pois o futuro reserva surpresas para o mercado que terão que ser superadas com criatividade e planejamento.

Neste momento, parte das empresas estão sem arrecadar. Contribuintes estão sem arrecadar. Se não tem como arrecadar não tem como pagar.

Tudo tende a virar uma bola de neve.

Tributo é uma das primeiras responsabilidades financeiras que geralmente não são cumpridas pelas empresas com a queda de arrecadação.

Por outro lado, turismo não é atividade essencial à continuidade da vida.

Está havendo uma dispensa em massa de trabalhadores no município que não é tão perceptível em razão do isolamento e que virá a tona no retorno a normalidade.

Estruturas de serviços paralelos prestados a infraestrutura turística estão sendo desmontadas em razão do momento.

Embora outros setores da economia venham a enfrentar enormes dificuldades quando da volta da normalidade ao mercado de consumo, tudo está a indicar um futuro sombrio para setores da economia local baseada exclusivamente no turismo.

Será necessária muita criatividade, muito empenho, muita disposição para reverter o quadro que se avizinha e que trará dificuldades a todos.

Dificuldades que só serão superadas por aqueles que já tomaram consciência disto e programam com realismo e inteligência os passos que darão para se manterem no mercado.

Willian Antonio Za­nolli é artista plástico, jornalista e advogado.

 

 

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