12 de dezembro | 2021

Prodem: desfazer um engano e alguns esclarecimentos.

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Márcio José Ramos

Em artigo nesta Folha do dia 27/11/21, o advogado Alfredo Baiochi Netto, conhecido por seu amplo e de longo tempo conhecimento em administração pública, escreveu sobre o fechamento da Prodem. Ele cometeu um engano, até já esclarecido pessoalmente, quando me colocou como atual presidente da Prodem, cargo que fui exonerado no dia 1º de janeiro deste ano. Desfeito o engano, desde já agradeço esta Folha por publicar este artigo, em que tento esclarecer a situação da Prodem, já que fui presidente em 2001 a 2005 e 2019 a 2020, neste último período por 18 meses.

De fato, a Prodem foi criada pelo meu irmão Marcial Ramos Neto, pois ele já tinha experiência na Prefeitura de São Bernardo do Campo, onde prestou assessoria pela Faculdade de Engenharia de São Carlos. Como disse o Baiochi, a Prodem foi criada para dar mais agilidade ao serviço público, pois na época quase não havia terceirização de mão de obra, e a Prefeitura local tinha dificuldades em realizar obras. Assumiu o transporte público, pois os conjuntos habitacionais da Cohab I e II, cuja a Prodem participou das obras de implantação, ficou longe da cidade, havendo necessidade de implantar o transporte coletivo.

Quando assumi em 2001 a Prodem já tinha uma dívida enorme, pois não havia sido recolhido os impostos durante os quatro anos da gestão anterior. Quando foi criada, a diretoria da Prodem era constituída por funcionários da Prefeitura, por exemplo, o Marcial era engenheiro do Daemo e o Jorge de Souza, diretor administrativo financeiro, era contador também daquela autarquia.

Por sugestão de um secretário, que assumiria na gestão do prefeito Carneiro, a Prodem passou a assumir uma espécie de secretaria do desenvolvimento, com a implantação do turismo, incubadora de empresas, casa do artesão, além da municipalização do trânsito e reestruturação do transporte público.

Quando encerrou o mandato do prefeito Carneiro, a Prodem se encontrava bastante enxuta, amortizando seu passivo tributário e bem organizada.

Em oito anos de mandato, a partir de 2009, apesar de um bom trabalho no setor de trânsito, foi quando a Prodem acumulou diversos problemas administrativos financeiros, questões trabalhistas, e deu início a diversos questionamentos do Tribunal de Contas.

A partir de 2017 iniciou se um trabalho de reorganização e reestruturação, porém muito agravado pelo alto endividamento da empresa. Nos anos de 2018 e 2019 a empresa estava equilibrada, porém devido à queda abrupta da receita, causada pela pandemia, em 2020 a empresa sofreu um abalo. Porém estava sendo muito bem reestruturada.

Não entrarei no mérito do fechamento da Prodem. Acho que isto é uma decisão estratégica do Prefeito, que tem as suas razões para tomar tal atitude.

Não concordo que a Prodem seja um cabide de emprego, e com todo respeito ao Baiochi, acho uma falta de respeito com os trabalhadores daquela empresa classifica-los desta maneira. Não que não haja indicação política. Há alguns servidores sem a competência devida na parte administrativa, mas são uma ínfima minoria. Quando assumi em 2019, não adicionei qualquer funcionário, fui readequando cada um em seu trabalho, todos produzindo bem e dando resultado. Quando assumi havia 220 funcionários ativos e quando saí havia 211.

Costumava dizer que a Prodem era a prima pobre da Prefeitura, com uma fama de improdutiva e cara. Mas a realidade mostrava que era uma empresa que prestava um serviço de qualidade de tapa buraco, roçada e manutenção dos prédios da Prefeitura. Quantas vezes não éramos chamados às pressas para resolver instalações natalinas, reformar muito serviço mal feito de terceirizadas, finalização de obras e colocar para funcionar os prédios. Tenho certeza que muitos secretários sentirão saudade da Prodem. São dezenas de vigias, pessoal de limpeza que cumprem muito bem o seu trabalho, com honrosas exceções de má produtividade.

São colocações minhas no intuito de esclarecer melhor o que é a Prodem.

Márcio José Ramos é geólogo, foi presidente da Prodem por duas vezes, atualmente é consultor em gestão de empresas.

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