04 de outubro | 2020

Qualquer trabalho que provê o pão de cada dia é essencial.

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“O setor econômico que paga as despesas de
Estado através de impostos e não me ocorre
que este mesmo Estado não possa investir
neste momento nestes setores para pelo
menos mantê-los atuantes até passar
o período de maior dificuldade”.

Willian A. Zanolli

Rola na rede social uma frase de efeito “Qualquer trabalho que provê o pão é essencial”.

Nada a fazer senão o rolar da luta, resolvi contestar levemente a frase que parece que se coloca a favor da vida, quando a pretensão é afirmar indiretamente que pouco importa que as pessoas morram adoentadas, o essencial é o trabalho que provê o pão e por isto é essencial.

Lógico que quem interpretou a frase como revela­dora não se atentou que a mesma transforma o ser humano em algo que trans­­cende sua condição e expectativa de construção de história e o coloca como uma máquina que tenha uma utilidade.

E, que esta utilidade reside na produção de bens que enriquece alguém e dá ao simples cidadão o suficiente para a sua subsistência, o pão nosso de cada dia.

Pouco importa os riscos que se tenha, o valor máximo se encontra no trabalho e no pão, a existência que vá a puta que o pariu, que seja enfiada no cú, como diz um educado cida­dão que mora no Planalto.

Coloquei estes palavrões para que os falsos moralistas de plantão digam o tradicional – Onde já se viu um jornalista colocar um palavrão destes no jornal.

O estúpido pode, mesmo que quebre liturgia do cargo ou desrespeite a ética e a decência que deveria ter um governante de uma nação que já foi reconhecia como civilizada um dia.

Diante da frase compartilhada “Qualquer trabalho que provê o pão é essencial”, coloquei o comentário:

– Inclusive os dos agentes funerários, dos fabricantes de caixões e dos coveiros. Pense nisto.

Um rapaz, por sinal educado em relação à maioria dos bosominions decidiu contestar (não revelo seu nome e nem coloco suas ponderações por não se tratar do necessário e fundamental neste artigo).

Diante de suas ponderações afirmei que havia entendido e que achava que ele que não entendia que estas outras profissões existem e sobrevivem hoje da desgraça causada pela falta de cuidados das pessoas.

Que ninguém é contra a que as pessoas trabalhem e perguntei se ele entendia que eu vivia de brisa.

Acrescentei que a discussão no momento deveria ser de orientar as pessoas em relação ao cuidado que elas devem ter porque este discurso do trabalho e da preservação da economia levou ao caos a economia e trouxe muita morte.

O discurso de salvação da economia se enriqueceu alguém deve ter sido quem tem muito dinheiro como sempre e os proprietários de funerárias, e, acrescento, os detentores de direito de exploração de cemitérios. Insistir nele é ir pro fechamento total.

Demonstrei que o Estado de Israel, com discurso contrário a este, já está revertendo a situação com a diminuição de 60% dos casos e que os EUA, com a saída do maluco do Trump, deve reverter também e pedi para a figura pensar nisto.

Só que, incompreensão é incompreensão e o in­conformado disposto a impor sua posição distor­ceu minha fala, o que é comum, e insinuou que eu culpava o comércio pelo crescimento de casos de Covid.

Perguntei se por acaso eu teria colocado a culpa no comércio pelo que está ocorrendo e expliquei que a sociedade é composta por todos os segmentos e se um deles não colaborar, se não houver adesão às orientações e recomendações de técnicos e cientistas o país não vai sair desta situação.

Exemplifiquei: O caos de Manaus vai se estender para todos os estados e você goste ou odeie vai haver paralisação obrigatória de todos os serviços.

Fui além informando que: Olímpia, por exemplo, já está com a capacidade hospitalar quase toda ocupada e com uma porcentagem de mortes equivalente a uma cidade com o dobro de habitantes que tem.

Que na segunda-feira seriam fechados os parques aquáticos e que comércio será penalizado por isto ou não.

Recomendei que se a economia funciona como um todo e se não utilizarem máscaras, evitar aglomerações, todos pagarão pelo preço da irresponsa­bili­dade e mandei um abraço para tentar interromper a discussão.

A insistência deste pessoal é algo abissal, cavalar, diria, em contexto mais amplo que remete ao equino pensar.

Ele retrucou com a insistência leonina de quem quer porque quer e entende que minha humilde posição pode mudar a humanidade.

 Com tolerância e paciência reexpliquei que se todos não colaborarem a economia não vai voltar a crescer e todos irão pagar o preço por isto, comércio, indústria, agronegócio e aconselhei que o movimento não deveria ser pa­ra abrir o comércio e sim para que todos, indistintamente, respeitassem as normas sanitárias.

Ai ele não suportou segurar a ondinha e demonstrou muito mais sua par­tidarização, politi­za­ção do tema que a preocupação com trabalho, sobrevivência, conquista do pão, economia ou o que quer que os princípios de humanidade possa abrigar.

Atribuiu a destruição da economia no Estado ao governador, como se o fenômeno estivesse concentrado no Estado de São Paulo, como se a maioria dos países não tivessem enfrentando queda de orçamento e PIB por causa da pandemia.

Ai fui obrigado a lembrar que devemos viver em cidades ou países diferentes.

Tive de informar minha condição de jornalista e advogado para dizer que ele estava afirmando que o “Dória fechou tudo” quando deveria afirmar que o Dória decretou que tudo fosse fechado, em alguns casos, com algumas exceções.

No entanto, não houve obrigatoriedade do fechamento e muito menos fiscalização e a coisa descambou.

Houve comerciantes e industriários que seguiram a risca as recomendações e outros (muitos) que descumpriram e a situação chegou onde chegou.

E também tive de lembrar que o mesmo brasileiro que trabalha no comércio, indústria e na agricultura é o mesmo que frequenta bares, festas e praias.

Acreditar que no comércio ele (cidadão) tem um comportamento diferente, distinto que tem na praia, no boteco, na balada, é no mínimo surreal.

O mesmo que grita pra manter seu emprego é o mesmo que contribui para que a situação não caminhe para uma solução definitiva (não usando máscaras, não mantendo distância, não fazendo higieni­zação correta).

Não existem dois povos no mesmo país, um no comércio respeitador de regras e outro fora do comércio desrespeitador de regras.

E adverti: O que vi foi isto e independente da sua vontade ou da minha o que o Estado determina deveria ser cumprido e neste aspecto, fiz questão de frisar, o governador e a Presidência da República, e incluo a maioria dos prefeitos, inclusive o de Olímpia, foram totalmente irresponsáveis no trato com a pandemia.

O preço a ser pago é a falência de muitos, infelizmente.

Nada termina assim com quem quer te convencer de que o errado pode estar certo.

Voltou sua espingarda para abertura do comércio, a salvação da economia e a culpa do governador.

Ai sugeri que ele discute tudo de trás pra frente.

Teria que ser fechado tudo no início da pande­mia e mantido com rigor o fechamento, aberto linha de crédito e subsídios para o comércio, indústria e agricultura e outros setores, como o turismo, para salvar a economia e não ocorrer tantas mortes.

O setor econômico que paga as despesas de Estado através de impostos e não me ocorre que este mesmo Estado não possa investir neste momento nestes setores para pelo menos mantê-los atuantes até passar o período de maior dificuldade.

Agora, o comércio, ao invés de pressionar pra ser socorrido, pede para continuar aberto como se isto fosse salvá-los de uma situação de insolvência em um país em que o poder de consumo da população está derretendo.

Poupem-me. Isto é afogado grudando no cabelo do outro pra tentar se salvar. Só vai ter afogados nesta história.

Abraços e pra mim deu. Inté.

Willian A. Zanolli é advogado, jornalista e artista plástico.

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