“Descreva a sua própria realidade, tente
enxergar quem você é; depois, tente
reescrevê-la em sua mente; se conseguir
vislumbrar que se aproxima do real, você
se libertará. Mas, cuidado, poderá se
desprender de quem foi até agora e descobrir
que você simplesmente não existe, é apenas
fruto de uma formatação que lhe foi imposta.
Mas, não tenha medo, persista, só assim
terá início a sua reconstrução”.
Mestre Baba Zen Aranes

JÁ QUE ESTAMOS …

… começando mais uma temporada eleitoral, quando a maioria esmagadora, ou a quase totalidade, vai tentar construir uma imagem totalmente divorciada daquilo que realmente é, e até infinitamente distante daquilo que aparenta ser, a reflexão de hoje passa por analisarmos o que é a tão propagada verdade, citada inúmeras vezes não só na literatura, na ciência, mas também na bíblia.

ALIÁS, ESTA …

… foi a grande discussão que se travou esta semana no meu seio familiar, inclusive travando alguns cérebros ainda não despertos totalmente para a incessante atividade reflexiva de se buscar informações, processá-las, compará-las, dissecá-las até se chegar àquele momento em que a gente enxerga a resposta para o questionamento, dá aquele estalo no cérebro e as coisas acabam ficando mais claras em nossa mente.

A PALAVRA …

… certamente pode ser motivo de discussões em todas as áreas, e também em todos os tempos e em inúmeros sentidos.

PARA SIMPLIFICAR …

… um pouco o debate vamos ao pai dos burros, o Houaiss.

EM SUA PRIMEIRA FORMA …

… talvez a mais expressiva diz: “propriedade de estar conforme com os fatos ou a realidade”.

ESTA DESCRIÇÃO …

… da palavra pode ser interpretada como a capacidade que o ser humano tem de transformar as cenas que capta através dos sentidos e transformá-las em símbolos (letras, palavras, frases, conceitos, julgamentos) e também o inverso, ou seja, de ouvir ou ler e transformar os símbolos em imaginação.

INDO ALÉM …

… a verdade seria a descrição do próprio fato de maneira pormenorizada e baseada na reflexão, ou seja, na comparação, na experimentação, no conhecimento de cada um.

NO ENTANTO, …

… elementar que não existe nada, uma palavra, uma letra sequer, que não tenha sido captada pelos sentidos (visão, audição, tato, olfato e paladar). Tudo que entra em sua cabeça passa pelo sentir e os sentidos são falhos. Todos já ouvimos algo que não foi, ou vimos coisas que não é, enfim, sentimos alguma coisa que não era aquilo que imaginamos. Portanto, não dá para dizer que tudo o que captamos é fiel à realidade.

BOM, ESTARIA ENTÃO…

… a imaginar o meu caro leitor, que se tudo o que existe de informação produzida pelo homem, foi um dia captada pelos sentidos, imaginada, questionada, pesquisada, experimentada, para se tornar as famosas teorias, como garantir que tudo foi descrito fielmente de acordo com os fatos ou na realidade?

ELEMENTAR, MEU …

… caro Arantisom, isso pode significar que o velho ditado que afirma que nem tudo que reluz é ouro, po­de exemplificar a tese de que em razão disso não existe verdade absoluta, apenas descrições próximas da realidade. Ou que tudo é fruto da nossa imaginação.

NESTE PONTO …

… se você conseguiu chegar até aqui, podemos então passar para a descrição do Houaiss no sentido filosófico. “Correspondência, adequação ou harmonia passível de ser estabele­ci­da, por meio de um discurso ou pensamento, entre a subjetividade cognitiva do intelecto humano e os fatos, eventos e seres da realidade objetiva”.

ENTENDEU? …

… Não? Não se apoquente, a filosofia (filo = busca + Sofia = sabedoria) como busca da sabedoria, tem que esmiuçar, amplificar e simplificar, pesquisar e comparar, procurar enxergar com minúcias para poder chegar a um conceito mais próximo do real. No fim, quer dizer o mesmo que descrever a realidade da maneira mais fiel possível.

BOM …

… seguindo em frente. Se a base de tudo são os sentidos e a transformação das imagens em letras e palavras (símbolos), subentende-se que, quanto mais se conhecer a linguagem, mais fácil será a descrição do real, mais próximo se chegará à verdade.

COM CERTEZA, …

… mas, para além disso, incontestável também que além de um sentido aguçado e uma linguagem rica de palavras, também é preciso não ter preguiça de exercitar o que se chama de reflexão para procurar sempre estar próximo da verdade. Concorda?

ORA, SE OS SENTIDOS …

… são falhos e a linguagem é complexa, se não procedermos o processo de buscar o maior número de informações possíveis, confrontá-las, compará-las, checá-las, enxergar se realmente representam o fato ou a realidade descrita, corremos o risco de apenas viver num mundo totalmente distante da realidade, num mundo apenas imaginário.

CAROS LEITORES, …

… então, será que quanto mais nos distanciamos da realidade mais vivemos narrativas, vidas, verdade ilusórias, muito mais imaginadas do que baseadas em fatos ou realidade?

E ONDE FICARIA …

… a mentira dentro deste contexto? Em sua significação que poderia ser classificada como a mais condizente estaria a de que esta seria a tentativa precária e simplória de descrever um fato ou a realidade, totalmente divorciado do que realmente aconteceu.

MAS O CONCEITO …

… de mentira que mais se aproxima do atual momento é o que se confunde com a tal da pós-verdade, do chamado “Fake News”, é o de que é a afirmação contrária à verdade que tem por finalidade induzir a erro.

ENTÃO, …

… fica claro que para podermos viver a verdade, ou chegar mais próximo dela, temos que ter a capacidade de questionar tudo o que nos é apresentado e tentar refletir, fazer um trabalho científico de busca de informações sobre o tema, para podermos chegar o mais próximo da realidade?

QUANTAS VEZES …

… você fez isso durante toda a sua vida? Quantas vezes questionou a si mesmo, para saber se você concorda com tudo o que você enxerga como verdade? Ou simplesmente quantas vezes você foi conferir se aquela notícia que você recebeu no Whats é verdadeira ou falsa. Ou se é uma tentativa de induzir você ao erro, a viver um mundo que não existe.

NÃO PRECISA …

… ficar preocupado. Mas tenha certeza, esta é uma das razões para a maioria absoluta dos brasileiros viver como autômatos, co­mo robôs, como zum­bis, in­duzidos por verdades que lhes são passadas co­mo absolutas e inques­tio­náveis, que têm que ser seguidas sempre sob pena de algum castigo. E o que é pi­or, ninguém lhes ensina como refletir para poder buscar a sua própria verdade.

VERDADES PRONTAS, …

… são mais fáceis de ser aceitas, pois não exigem que se saiba, não exigem o conhecimento, apenas que se creia nelas.

O EXERCÍCIO DO RACIOCÍNIO, …

… na maioria das vezes, cansa. Dá fadiga cerebral em quem nunca teve alimento cultural, treinamento, ensinamento, costume, hábito de questionar e buscar respostas para estes questionamentos.

ENTÃO, O TERRENO …

… sempre foi fértil para a mentira e agora, mais do que nunca, a situação está totalmente propicia para a tal pós-verdade que está fazendo a população viver cada vez mais distante da realidade.

E NÃO TEM SAÍDA …

… pelo menos a curto prazo, já que não dá para reeducar quase 200 milhões de seres que foram despreparados para a vida.

NÃO DÁ NEM …

… para querer apregoar para que todos busquem a verdade, pois ela é a única que pode libertar. Se pelo menos parte começar a questionar tudo e a tentar enxergar e entender a própria realidade, pode chegar à conclusão que é uma pessoa amarga, sem sal nem açúcar, e não gostar do que vai encontrar. Já imaginou você querendo se libertar de você mesmo?

ENTÃO, …

… a única saída é rezar e pedir para que não esparrame o dom de conhecer a verdade nesta terra brasílis, pois senão grande parte vai passar a não querer nem mais conviver consigo mesmo. Aí o bicho pega.

José Salamargo … torcendo para tudo continuar como está. Vamos continuar vivendo dia após dia, sem questionar muito, para não descobrir verdades sobre nós mesmos que não queremos descobrir. Vamos continuar trabalhando e vivendo como escravos e nos em­bebedando todo final de semana para esquecer que somos animais de estimação de um pequeno grupo que também não sabe que é nosso senhor, nosso do­no. Também acredita e foi formado para acreditar que tudo é como tem que ser. E vamos votar no nosso amigo, ou naquele que nos pagar a conta de luz atrasada, ou pagar a festinha do final de semana … Assim caminha o olim­pien­se … Não conheça a verdade, pois ela poderá te libertar … até de você mesmo …