22 de abril | 2012

Uma criança morreu para provar caos na Saúde

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“GENTEM”, …
… são milhares de sensações, mas a mais presente é a que faz com que a gente sinta que o mundo parou.

É UMA VIDA …
… que pode durar décadas, ou até passar um século, que está em jogo, está em nossas mãos. Tudo gira em torno do serzinho que chega e monopoliza todas as atenções. Até dos animaizinhos de estimação.

TUDO PARA. …
… A vida passa a ser assegurar a existência daquele pedacinho de carne e cartilagens, que não sabe falar, mas mostra sentir-se seguro mamando; não se comunica como todo mundo, mas chora quando está com a fralda suja, ou mesmo quando quer mamar.

É UMA TÁBUA …
… rasa que terá que ser preenchida, que terá que aprender a controlar suas emoções e sentimentos para poder viver em sociedade. E o que é pior, aprenderá sendo corrompida por regras que não terá condições de julgar se são certas ou erradas antes de assimilá-las. É uma interrogação.

OS NOBRES …
… leitores devem estar a imaginar: lá vem esse avô babão a despejar suas “babonices” pra cima da gente, pra falar do que está sentindo com a convivência com seu novo pinguinho de gente chamado Nicole.

REALMENTE, …
… a sensação é única. A relação é de dependência total. É uma vida que se inicia e que lutará a todo instante para sobreviver ao caos que se transformou o mundo, dependendo do que e como tudo lhe for ensinado. Mas o sentimento de amor é avassalador. Enche, estufa o peito, parece que vai explodir.

IMAGINEM …
… então, o que devem estar sentindo mãe, pai, e familiares do bebê de seis meses que praticamente morreu à míngua, em razão do caos que atravessa a saúde pública local, que se esqueceu do principal que é cuidar da população.

FOI MANCHETE …
… regional e motivo para protesto de moradores defronte a Unidade Básica de Saúde do Santa Ifigênia, bairro onde o casal e as filhas moram. Pois a população, aos poucos, vai percebendo que não adianta mostrar obras faraônicas que levam anos para ser construídas, a custos superelevados, fazer festas e queimar fogos de artifício a todo instante, se o bem mais precioso da população que é a vida está em risco constante.

O CAOS …
… na Saúde acabou sendo a marca registrada do governo GGG – Grande General Genioso e não adianta jogar a culpa na secretária, na Santa Casa, ou seja lá em quem for. O general foi avisado, reavisado e triavisado e preferiu ficar em sua redoma de vidro acreditando em números manipulados e numa realidade virtual que só existe no seu mundo e de seus apaniguados.

E O CAOS …
… agora parece que fica claro para toda a população, começa com a falta de médicos, remédios e atendimento digno para a população nos postinhos (UBS – Unidade Básica de Saúde) e termina no caos do pronto socorro da Santa Casa que também é incumbência do município.

ALIÁS, …
… o próprio hospital viveu momentos de crise extrema pela ingerência direta de Eugênio que tirou quem tinha praticamente resgatado a Santa Casa de situação de insolvência e, por motivos meramente políticos, colocou seus apaniguados para gerir a entidade e, o que é pior, ao que parece, escudado em parecer do Ministério Público para dar ares de legalidade para a sua intervenção expropriatória e ditatorial.

JUSTAMENTE …
… após esta brincadeira de mau gosto do Governo Genioso ocorreram muitas mortes suspeitas num pronto socorro acéfalo e sem estrutura suficiente para atender quem precisa, com médicos sem experiência na área de emergência e urgência e tendo que pagar para poder internar e não morrer.

MAS A PONTA, …
… do iceberg sempre foi a rede de atendimento via Unidades Básicas de Saúde que agora, sabe-se, ao contrário do que anunciaram em outdoors inclusive em caminhão de lixo, que continua com poucos médicos trabalhando por pouco tempo, através de cumprimento de número de consultas (ao que parece 15 por dia), quando os contratados por concurso público o foram para atender durante certo número de horas por semana (este colunista não sabe se 20 ou 40).

ENQUANTO …
… estavam morrendo adultos e até feto na barriga da mãe por possível falha no atendimento do Pronto Socorro da Santa Casa, ou por falta de plantão a distância, ainda era possível deixar que o hospital arcasse com a culpa e a sociedade se mantinha passiva, não acreditando no que estava acontecendo, ou mesmo vivendo a inércia de quem acredita que enquanto esteja acontecendo com o vizinho não significa que poderá acontecer com a gente.

MAS, AGORA, …
… foi um bebê de seis meses, bem nutrido e o próprio fato desnudou o sistema capenga e que tudo está acontecendo ou por ingerência ou por má gerência do prefeito Eugênio José Zuliani.

A MÃE, …
… sem condições de pagar para ser atendida, peregrinou, primeiro pelas UBS, pronto socorro, da madrugada de quarta até a manhã de quinta-feira em busca de atendimento e quando encontrou já não havia mais tempo de salvar seu bebê.

A JOVEM MÃE, …
… na quarta-feira, 18, com a filhinha no colo foi até o pronto socorro que funciona no prédio da Santa Casa e disseram que tinha que ir até a rede pública em busca de um médico pediatra.

GOZADO, …
… não é, ou o popular, né? Não era para ter pediatra de plantão também no pronto socorro? Bom isso é outra discussão.

NA UBS …
… do bairro onde mora, Santa Ifigênia, no mesmo dia, a agenda já estava lotada e não poderia ser atendida.

COMO A CRIANÇA …
… após receber tratamento no pronto socorro da Santa Casa chegou a melhorar, a mãe então voltou à UBS do Santa Ifigênia já na quinta-feira e a resposta foi a mesma. Não tinha vagas. Mas depois de muito insistir, mandaram ir para outra UBS onde seria atendida pelo médico de lá.

O MÉDICO …
… então, internou o bebê na Santa Casa mas não teve jeito e este acabou morrendo.

A NOTÍCIA, …
… caiu como uma bomba no bairro que é um dos mais populosos da cidade e rapidamente foi formando uma aglomeração em frente da UBS do Santa Ifigênia onde foi negado atendimento ao bebê falecido, de pessoas chorando e sentindo que a situação não pode continuar, pois suas próprias crianças e eles mesmos acabam tendo a vida em risco.

NA VERDADE …
… é chocante demais saber que o que aconteceu com o vizinho pode acontecer com a gente. É preciso exigir os direitos, pois estão na lei.

NO VELÓRIO …
… mais cenas chocantes, mas a principal foi a do pai chorando sobre o caixão da filha pedindo perdão para a criança por não ter tido dinheiro suficiente para salvar sua vida.

O CLIMA …
… entre os familiares mais calmos, no final, acabava sendo um misto de revolta e temor. Revolta pela situação escabrosa por que passa a Saúde local, e de temor por não saberem quais serão as consequências que poderão advir da atitude corajosa da mãe que expôs a situação de forma clara e culpando sem medo a estrutura capenga que o prefeito teima em não enxergar.

PARA O PESSOAL …
… que acompanha o dia a dia dos bastidores políticos do atual governo e pelas ações e reações já verificadas em outras ocasiões, não seria nenhuma surpresa se tentarem jogar a culpa na mãe, alegando que ela deixou a criança ficar subnutrida provocando sua morte por desidratação aguda (segundo o pediatra).

ALIÁS …
… a própria família já prenunciava esta possibilidade na noite dos fatos, com base em insinuações que já haviam sido feitas por alguns bate-paus. No velório do bebê, uma das avós disse que para perceber que a criança não estava subnutrida e nem poderia ser vítima de qualquer descuido ou atitude negativa da mãe, era só ver a foto recente dela que tinha sido distribuída para a imprensa e a fisionomia da criança mesmo morta dentro do caixão (na verdade uma caixinha) para perceber que não existia aparência nenhuma de criança subnutrida ou maltratada (no sentido de abandono).

STA POLÊMICA …
… ainda deve ir longe. Mas, espera-se que o Grande General Genioso tenha aprendido a lição e que não deixe que a morte deste anjinho tenha acontecido em vão e entenda de vez que a Saúde pública local precisa de socorro, para que outras mortes não venham a acontecer, pois atualmente este serviço público em Olímpia está na UTI, não salvando, mas matando …

SÓ PRA NÃO …
… passar em branco. Tudo o que está acontecendo e o que poderá acontecer mais, está registrado nas páginas deste jornal, seja através das previsões de Aurélio Barros, seja através das muitas reportagens com a população reclamando a falta de médicos, seja nos editoriais, seja pelos articulistas, ou seja nos próprios comentários nesta coluna.

José Sal Amargo, inconformado com a morte de uma criança inocente por absoluta falta de estrutura e humanização de um serviço público que é obrigação constitucional do Estado.  Mas consciente de que existe uma contrapartida para a venal e falha justiça dos homens: a divina, ou a própria lei de ação e reação.

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