03 de março | 2019

Uma menina-moça que envelheceu e que não consegue ser a estância que se quer propagar

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“Olímpia, terra de coronéis, gerou seu filhos com resquícios ditatoriais e com síndrome de soberbia, quase complexo de Deus. Uma sociedade falida moralmente, que não conseguiu compreender que o mundo carece de conceitos humanitários e de atitudes baseadas no amor. Os descendentes ditadores aguardam que as coisas aconteçam em seu benefício apenas por serem ungidos, ou bonitos, ou componentes de uma raça pura dominante. É chegada a hora de despir as fantasias do passado, esta falsa moral, e entender que é mais que necessário calçar as sandálias da humildade e reconhecer que, mais uma vez pode se estar deixando o trem da história passar por não conseguir compreender que o próximo é muito mais próximo que se imagina e que o termo sociedade tem que ser levado a sério”.

Mestre Baba Zen Aranes.

OLÍMPIA …

… chega hoje aos seus 116 anos, muito mais que centenária, vivendo, talvez, um de seus momentos mais cruciais, consequência de uma educação conservadora e precon­ceituosa, onde se destacam, principalmente o racismo e o complexo do coronelismo, ou síndrome da soberbia.

ESSA CARACTERÍSTICA, …

… principalmente, leva grande parte dos seres que aqui foram educados a acharem que são ungidos, que tudo podem, sempre o próximo é passível de ser subjugado a realizar seus desejos, simplesmente por ser o que é, o coronel, o ditador, aquele que tem que ser respeitado e seguido sempre.

NO ENTANTO, …

… há séculos o mundo tomou caminhos diferentes. Surgiram fatores de integração e preocupações com o chamado Bem Estar Social, mas “nosotros”, descendentes da casta migrante que aqui aportou e construiu seus pequenos feudos, continuamos a viver o mundo surreal em que somos todos poderosos e que o resto da humanidade é composto por escravos e lacaios servis.

TRATAMOS …

… mal nossos semelhantes. Não sabemos nem receber com cortesia nossos milhões de visitantes. Vivemos sempre querendo levar vantagem e tirar o que for possível do nosso próximo. Aliás, mesmo sendo vizinho, o próximo nunca está próximo. É outro. Que se dane.

FALTA TRATAMENTO …

… humanitário em todos os setores, do comércio aos atendentes da área da Saúde. Mas, principalmente falta capacidade de reflexão que ajuda na tomada das melhores decisões. Somos maus gesto­res. Somos péssimos administradores da nossa própria vida.

MAS, A FALTA …

… de capacidade de enxergar a realidade está chegando a tal ponto que podemos estar entrando na pior das fases de nossa Olímpia que já foi cidade menina-moça, depois capital do folclore e hoje estância turística.

TALVEZ …

… tenhamos conseguido conservar a essência do folclore em nossas veias, pois as meninas-moças envelheceram e o turismo é um sonho que ainda não conseguimos acreditar que se tornou realidade.

DO FOLCLORE …

… continuamos achando que nossas vidas são semelhantes às lendas e contos registrados por Sant’anna em suas dezenas de revistas sobre nossas raízes.

OS SACIS …

… Curupiras, Botos e outros mitos, pululam por nossas ruas, por onde transitam os espertos que vivem de enganar, enganar, enganar e enganar, assim como os laranjas que emprestam o nome em troca da sobrevivência vil, além da grande massa de enganados que sobrevive das migalhas que pisoteamos com nossas botas de coronéis.

OCORRE, …

… assim como no passado quando nossos pais não souberam conservar as conquistas de nossos avós que, mesmo com seus métodos ultrapassados e imorais, tentavam construir um futuro melhor para nós, hoje, dentro desta passividade e incompetência reflexiva, esta­mos perdendo a oportunidade de construir uma cidade digna, aproveitando as chances que mais uma vez passam à nossa frente e não estamos sabendo nem avaliar e nem enca­minhá-las para o patamar salutar da chamada igualdade de oportunidades.

MAS, O QUE …

… choca é que justamente o atraso moral e de conhecimento,  a incapacidade de lidar com o próximo esteja sendo o principal problema a ser enfrentado. Temos a oportunidade de construir uma cidade do futuro agora e não estamos conseguindo, pois ainda vivemos e pensamos como se estivéssemos vivendo nos tempos das cavernas.

José Salamargo … com a sensação de impotência diante de situações passíveis de se resolver, diante de um quadro possível de se reverter e com medo de ter que viver em uma cidade fantasma, pois mesmo sendo o último não a sair, mas a ficar, mesmo sem luz, é aqui que continuarei a morar. Beijos, minha Olímpia querida.

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